domingo, 29 de março de 2009

Belezas do Canyon Guartelá


Canyon Guartelá é um canyon brasileiro situado no planalto dos Campos Gerais, entre os municípios de Castro e Tibagi, no Paraná. É considerado um dos maiores canyons do mundo, com 32 Km de comprimento e altitudes que variam de 700 a 1.200 m. A paisagem vista do alto do Vale do Rio Iapó, principalmente ao amanhecer, é surpreendente. A bruma que cobre os t vai se escoando e, aos poucos, surgem copas de Araucárias ou "pinheiros-do-Paraná" centenárias e formações rochosas muito interessantes. Sinuosas, altíssimas, irregulares, recortadas em fendas, surgem duas cadeias de montanhas, separadas pelo leito do Rio Iapó. A região do Canyon Guartelá, formada por um ecossistema extremamente rico e inúmeras atrações naturais é protegida pelo Parque Estadual do Guartelá, criado em 1992. São várias quedas d'água, corredeiras, formações areníticas, vales profundos e inscrições rupestres, que podem ser conhecidas através de várias trilhas em meio à flora e fauna muito diversificada. Por lá são encontradas espécies de plantas que normalmente são vistas em lugares completamente distintos: samambaias e xaxins típicos da Mata Atlântica; cactos só encontrados na caatinga; imbuias e cambuís, que formam a vegetação de banhados. Há ainda uma grande quantidade de araucárias, copaíbas, ipês-amarelos, erva-mate, bromélias, orquídeas, palmeiras, barbas-de-bode, entre outras tantas espécies. Quanto à rica fauna da região, destacam-se mamíferos como tamanduás-mirins, bugios, tatus, capivaras e até o lobo-guará e a suçuarana, ameaçados de extinção. Entre as aves, os destaques são a curucaca, falcão quiri-quiri, pica-pau do campo, tiriva, codorna, perdiz e jacu. A beleza e a diversidade da região têm atraído cada vez mais visitantes para o local. Além das várias caminhadas, o rafting nos rios Tibagi e Iapó e o rappel de cachoeira são outras grandes atrações. Mais informações podem ser obtidas no sie http://www.tibagi.uepg.br/iiiepuepg/turismo/canyon.htm

Monumentos de Itu

quarta-feira, 25 de março de 2009

A Bondade sertaneja (XVI)

Um admirador da natureza enquanto Obra divina

Por: Juraci Josino Cavalcante

“Chassez le naturel, il revient au galop” – Expulsai a natureza, ela volta a galope. (Destouches).

Buscamos mais uma vez em seus papéis um depoimento, desta vez sobre o que ela pensava da natureza, na qual ele se embevecia tanto:
“Desde que eu resolvi escrever a história da minha vida, acho que dá para entender bem o que sou e o que penso. Mas, hoje quando se aproxima o fim da minha caminhada eu queria falar de um sentimento que guardei até hoje no íntimo do meu ser.
Talvez hoje devido à minha idade avançada alguém considera este assunto como uma espécie de arteriosclerose, mas isto não importa para mim, o importante é escrever o que penso e o que sinto, é o seguinte:
Desde o começo da minha vida eu sempre tive muito apego às coisas da natureza. Mas hoje, com a experiência que tenho, cada dia que passa eu descubro que as obras da natureza são criadas por Deus, portanto são também nossas irmãs, e comigo ultimamente vem acontecendo o seguinte: no meu quintal, como vocês sabem, tem vários pés de árvores, como goiabeiras, cajueiros, abacateiros, sapotizeiros, coqueiros e ateiras, e para mim hoje estas fruteiras são consideradas como uma outra família que construí no decorrer da minha caminhada, hoje eu sinto por esta outra família um apego, um amor, um carinho que não sei explicar, mas quando me sinto triste, magoado, sem saber a quem recorrer é a estas criaturas que recorro, fico alguns minutos abraçado ao meu cajueiro, na goiabeira, logo me sinto feliz, aquele perfume das flores, menear das folhas, é como se elas tivessem me acariciando, me dando muita paz, e dali saio forte, aliviado e desperto a seguir a caminhada como se aquilo para mim fosse um alimento para o corpo, mas principalmente para a alma, pois as coisas da natureza são criaturas criadas por Deus e são puras e sem máculas. Não sei se estou certo, mas quero continuar assim até meus últimos dias, eu acho que tudo que Deus fez é bem feito e nós devemos respeitar toda criação, seja a natureza humana, animal ou vegetal, mesmo com as diferenças que há entre todas as criaturas, devemos aceitar e até amar, pois foi tudo criado por Deus, principalmente os seres humanos que Deus criou à sua imagem e semelhança, todos estes pensamentos fazem bem à alma e ao coração. Alguém luta pela igualdade, mas às vezes estes pensamentos estão errados e não agradam a Deus.
Um poeta já escrevia sobre a igualdade e dizia assim:
Para crer que existe Deus
Não precisamos de mais
Do que olhar a nós próprios
E para os irracionais:
Tantos viventes que existem
E todos são desiguais”.

Em um outro documento, o Sr. Batista relata uma espécie de êxtase que teve quando contemplou uma linda paisagem no sertão da Bahia. Estava ele visitando seus dois filhos que moravam em Jacobina, em 1987, quando se deu o que ele chamou de “êxtase”, maravilhamento, digamos nós, pela natureza que havia a seu redor:

“Jacobina, 24 de julho de 1987
Eu estava na casa do meu filho Francisco Antonio, em Jacobina, Bahia. Neste dia amanheci um pouco confuso, tomei o café da manhã mas fiquei inquieto, não sabia o que queria. Voltei para a cama, fazia frio. Em poucos minutos notei que não era aquilo que eu queria. Me levantei. Era mais ou menos 9 horas. Nestas horas eu gosto sempre de fazer uma leitura, mas desta vez não tinha vontade para nada, não queria ler nem ver televisão.
Daí resolvi fazer uma caminhada. Saí beirando um rio que corre entre duas serras[1] , até uns 100 metros havia algumas casas, depois o caminho ficou deserto, não se via mais casas nem pessoas, nem animais, era só o contato com a natureza. O caminho onde eu passava ficava a uns 10 metros de altura para a correnteza do rio. Daí eu fiquei como se estivesse em êxtase. Para todo lado que eu olhava tudo era obra da natureza, as águas, as árvores, os rochedos, as flores, e eu continuei caminhando, observando tudo que havia naquele caminho deserto e sem fim. Tive então o desejo de descer até a beira do rio, banhar minhas mãos naquelas águas claras com cheiro de pureza.
Encontrei um lugar íngreme mas dava para descer. Antes de enfrentar aquele perigo comecei a pensar: será que vai acontecer alguma coisa comigo? Aí me lembrei da proteção divina e comecei a cantar “Segura na mão de Deus e vai”. E foi o que fiz, enfrentei aquela barreira, ora de cócoras, ora de quatro pés, mas consegui chegar no lugar desejado. Sentei-me na beira do rio, lavei as mãos naquelas águas descidas das serras com cheiro de ervas, de lodo, mas tudo era obra da natureza. Subi novamente a barreira e continuei caminhando. Logo em seguida avistei um homem que quebrava pedras. Depois ouvi um tiro: era alguém que caçava passarinhos.
Já no fim da caminhada avistei uma cascata que vinha do alto da serra, corria água a uns 100 metros de altura. Depois de observar tudo resolvi voltar, mas durante toda esta caminhada eu conversava comigo mesmo como se estivesse num Paraíso terrestre, todo aquele trajeto eu não pensei em nada nem em ninguém. Aí pensei: se a gente pudesse viver assim, longe de tudo e de todos, sem dizer nem ouvir conversas, só com pureza das árvores, das flores, das águas, das pedras”.
Aqui termina seu relato, talvez fruto de agradáveis recordações dos tempos em que ele morava no sertão do Rio Grande do Norte, e onde a natureza deve ser menos exuberante mas sempre contendo aquele aspecto bucólico que tanto bem faz à alma humana.

[1] Trata-se do "Rio do Ouro" que serpenteia entre as serras de Jacobina, na Bahia.

Obama, um inventor de si mesmo

Quase nada se disse, pelo menos na grande mídia brasileira, sobre a verdadeira face mistificadora do novo presidente americano. Eleito pelas forças ocultas e pela mídia como o "messias", o "redentor" do povo americano, na realidade estamos diante da monstruosa face de um inimigo da vida, um propugnador da imoralidade e do amor-livre, do aborto e de tantos outros desvios morais da modernidade. Deu início à sua investida contra a vida humana autorizando as experiências com embriões humanos, uma bomba que vai matar muito mais gente (antes mesmo de nascer) do que qualquer guerra no Oriente deflagrada por Bush.
Vejamos uma tímida levantada deste véu que encobre a verdadeira face de Obama ainda no ano passado, 8 de junho, pelo jornal "O Estado de São Paulo" ao publicar artigo do jornalista Pedro Doria. Precisamos saber mais sobre a face oculta deste homem:

"Seus pais e avós fugiram de qualquer identidade cultural. Então o candidato democrata teve de criar a sua própria
Em março, quando os primeiros sermões raivosos do homem que foi seu pastor por tantos anos começaram a aparecer na televisão, Barack Obama se pôs perante as câmeras para fazer aquele que é hoje considerado o discurso mais importante desta campanha. O discurso sobre raça foi proferido com veemência e elegância durante quase 40 minutos. Obama é o candidato dos discursos, das palavras bem colocadas, entonação perfeita e carisma ímpar. Conseguiu transformar um discurso político de 40 minutos no campeão de audiência do YouTube por uma semana.Para alguns analistas, aí está a marca do demagogo: palavras bonitas que conquistam o eleitorado pelo coração. Mas quem presta atenção nas palavras percebe que o estilo não é o de falar aquilo que o público quer ouvir. “Quando brancos sabem que um afro-americano conseguiu uma vaga na universidade por causa de uma injustiça cometida em gerações passadas, quando brancos são acusados de racismo por conta de seus medos concretos da criminalidade urbana, é natural que surja ressentimento”, disse a seus eleitores negros naquele discurso. Para falar das feridas criadas pela questão racial nos EUA, não desculpou ninguém. Esse tipo de desafio a quem o ouve é comum em Obama.Para um grupo de exilados cubanos em Miami, no último dia 23, Obama relatou que planejava reativar os canais de diplomacia com o governo de Raúl Castro, cogitando até o fim do embargo em troca da liberação de prisioneiros políticos. “Sei que não é o que vocês querem ouvir.” A um grupo de plantadores de milho no interior de seu Estado, disse que como senador poderia até lutar pelo subsídio que os protege, mas isso não adiantaria por muito tempo. “O problema é que o etanol brasileiro é muito mais barato que o nosso”, explicou. “Vocês terão que encontrar opções mais eficientes.”No mundo que Barack Obama vê e descreve há desafios para todos. Essa sua visão nasce de sua história pessoal - uma história que começa com fugas.Seu avô paterno foi criado no interior do Quênia durante o Império Britânico. Viveu entre a estrutura tribal de sua pequena comunidade e o desejo de ser ocidental, descreve Obama em seu primeiro livro, A Origem dos meus Sonhos. Abandonou as roupas coloridas da tradição e vestiu a dos europeus. Serviu como cozinheiro em um navio da Marinha britânica durante a 2ª Guerra. Seu filho Barack Hussein Obama Sr, pai do candidato, foi mais longe: descobriu-se ateu, abandonou o islamismo de seu clã e mudou-se para o Havaí, onde conheceu uma moça branca com quem casou. Formou-se em economia por Harvard. Divorciou-se. De volta a seu país, serviu na alta hierarquia do governo sem jamais conseguir modernizar a estrutura social do Quênia como queria. Alcoólatra, sofreu de problemas de circulação que lhe custaram uma das pernas antes de sua morte prematura, em 1982, aos 46 anos.Também o avô materno de Obama buscava algum tipo de transformação íntima. Natural do Kansas, seguiu o sonho americano de uma nova vida em direção ao Oeste. Veterano da 2ª Guerra, pingou de emprego em emprego com mulher e filha, primeiro no Texas, depois Califórnia, Estado de Washington e, finalmente, Havaí. Sua filha, Ann Dunham, manteve essa busca por uma reinvenção pessoal. O primeiro marido foi um queniano, pai de Obama, que a abandonou. O segundo era da Indonésia, para onde Ann se mudou com o filho Barack muito menino. Separada novamente, Ann morreu de câncer, aos 52 anos.Criança, Obama viveu com a mãe na Indonésia, estudando numa escola internacional católica, depois numa islâmica. Ann não ligava para religião. Mas aí, com 13 anos, Obama quis estabilidade: adolescente, foi morar com os avós no Havaí. Para os colegas americanos, era, como se descreveria anos depois, “um menino magrelo com o nome engraçado”. Em seu livro, descreveu um envolvimento autodestrutivo com drogas - maconha, depois cocaína. À imprensa, os amigos do tempo disseram que Obama fumou, cheirou, mas não foi nada sério. Bom aluno, ganhou uma bolsa para a Universidade Colúmbia, em Nova York, onde estudou ciência política e relações internacionais. E, quando foi procurar emprego, escolheu um de assistente social em Chicago, no lado sul da cidade, conhecido pela influente comunidade negra.Aos 22 anos, Barack Hussein Obama sentia-se um fruto de famílias em fuga que rejeitavam o passado. A seus olhos, nem os pais nem os avós foram felizes. E lá estava ele, um rapaz negro criado por brancos, chegando a um lugar novo. De volta ao Meio Oeste que seu avô abandonara, ele buscaria uma raiz, uma tradição. E duas pessoas o apresentaram a ela.O primeiro foi Jeremiah Wright, pastor da Trinity United Church of Christ. Wright o ensinou sobre ser negro nos EUA, ofereceu uma base religiosa, apresentou Obama à comunidade e o influenciou na maneira de falar em público. A segunda pessoa foi sua mulher, Michelle. Com ela e os sogros, ele conheceu a vida de uma típica família estável da classe média negra. Já era este seu mundo quando se formou em direito, em 91, pela Universidade Harvard, considerada a melhor do mundo.Quando, anos mais tarde, condenou a Guerra do Iraque, ele argumentaria com base nas conclusões que tirou da vida. Seus pais tentaram se reinventar abandonando as tradições e, no processo, perderam a própria identidade. A tradição é o que dá liga à sociedade. Perante a mudança, a tradição sempre resiste. Mudança, na história, vem a passos lentos. Para ele, há ingenuidade no ideal do sonho americano de que idéias, por si, causam grandes mudanças. Idéias não bastam. Barack Obama, como o descreveu Larissa MacFarquhar num perfil para a revista The New Yorker, “é profundamente conservador”. Democracia não seria simplesmente imposta num país onde ela jamais existira.Obama é conservador na maneira de ver o mundo e a sociedade, mas um político que segue fielmente a tradição social da esquerda americana. Eleito em 1996 para o Senado Estadual de Illinois, propôs 233 leis sobre saúde pública (incluindo a tentativa de implantar um sistema universal, que foi rejeitado), 125 dedicando recursos para assistência social e 112 tratando de criminalidade, como programas de reintegração à sociedade, o alívio de penas para certos crimes e maior controle na venda de armas. Nas 823 leis que apresentou, mais da metade se inclui nesses três grupos.No Senado dos EUA, onde atua desde 2005, se mostrou protecionista - vem de um Estado agrícola - e favorável a facilitar a vida dos imigrantes, mesmo os ilegais. É a favor do aborto, mas não rejeita de todo a pena de morte, que considera justa para os casos mais brutais, que choquem a sociedade. Votou a favor de planos de educação sexual e distribuição de contraceptivos para adolescentes, quer um projeto agressivo para cortar a emissão de carbono e deseja retirar as forças americanas do Iraque para investir na luta contra a Al-Qaeda no Afeganistão e Paquistão.A campanha presidencial apenas começou. Não foi sem dor que ele renegou seu pastor, quase uma figura paterna, há um mês. Seu adversário republicano, John McCain, o atacará em sua disposição de negociar com ditadores, explorará sua pouca experiência em política exterior e tentará mostrar que, hábil com as palavras, Obama seduz sem substância. Também deve apresentá-lo como um radical da política negra. A proximidade com o pastor Wright torna a insinuação crível. A amizade com o casal Bernardine Dohrn e William Ayers, terroristas de esquerda nos anos 60, reforça a tese. Não bastasse, ainda há o fantasma de Tony Rezko, um de seus primeiros financiadores políticos, condenado em maio por corrupção.A campanha presidencial de Obama é conduzida por um ex-repórter da editoria de política do jornal The Chicago Tribune, David Axelrod. Ele pretende driblar a discussão contando e recontando a história pessoal do candidato. Ao New York Times, explicou que “a história de Barack é a personificação de sua mensagem para o país, a de que com tenacidade podemos vencer as barreiras que nos dividem”. A candidatura, segundo Axelrod, é essencialmente uma aposta de que, mesmo lentamente, a história caminha para a frente e os EUA são, sim, capazes de eleger um presidente negro.É só com sutileza que Obama trará a questão racial para a campanha. Tão logo ficou claro que seria o candidato, McCain o convidou para uma série de debates informais, ao vivo, perante grupos de eleitores em todo o país, como haviam combinado de fazer, em 1963, John Kennedy e Barry Goldwater. Obama disse que gostou da idéia, mas sugeriu que seguissem o modelo estabelecido, antes da Guerra Civil, por Abraham Lincoln e Stephen Douglas. Na verdade, são modelos iguais. Mas Lincoln foi o libertador dos escravos nos EUA. E um político de Illinois. Obama sublinha a idéia de ser sucessor natural do velho presidente.

Águia, símbolo da confiança em Deus

terça-feira, 24 de março de 2009

Belezas naturais de Cavalcante (GO) - 4

CACHOEIRA VEREDAS

Belezas naturais de Cavalcante (GO) - 3

CACHOEIRA CAPIVARA1/KALUNGA

Belezas naturais de Cavalcante (GO) - 2

CACHOEIRA AVE-MARIA

Belezas naturais de Cavalcante (GO) - 1

CACHOEIRA SANTA BÁRBARA

segunda-feira, 9 de março de 2009

A Bondade sertaneja (XV)


Por: Juraci Josino Cavalcante

A bondosa disposição para ajudar aos semelhantes

O relato abaixo foi feito pelo próprio Sr. Batista, consignado que está num dos muitos papéis que ele deixou escrito:
“A gente quando nasce parece que traz uma sina ou um dom, não sei bem a palavra certa. É que entre as minhas qualidades que eu tenho, inclusive muitas faltas, defeitos, tem uma coisa que sempre aconteceu comigo desde a minha mocidade. Parece que eu trago uma sina de cuidar de pessoas doentes. Isto desde a minha juventude como agora vou descrever. A primeira pessoa que eu convivi com o sofrimento e a morte foi minha mãe, mas como eu era criança eu apenas assisti, não colaborei em nada. A minha tarefa de cuidar de pessoas doentes começou com o meu pai, fazendo o papel de enfermeiro assistente, mesmo sem entender nada sobre enfermagem eu me dediquei de corpo e alma durante sete meses ao lado do meu pai enfermo, sem lhe abandonar um instante até a hora de sua morte. Depois eu me desloquei numa distância de mais de 20 quilômetros para cuidar de um irmão casado e que não tinha quem cuidasse dele, e ele estava com problemas reumáticos que paralisou todo corpo e só o deixei quando ele se recuperou. Depois ainda fui cuidar de tio, irmão de minha mãe, tio Vicente, que sempre foi meu grande amigo.
Quando cheguei em Fortaleza tive a oportunidade de receber o meu cunhado Zeca Laurindo, que veio do Rio Grande do Norte para minha casa e eu fiquei cuidando dele até o seu falecimento. Depois veio o meu irmão Doca, o mesmo que tinha cuidado dele lá no sertão. Desta vez veio com meningite, internado num hospital faleceu dias depois, isto sem contar com a família, minha esposa que teve internada talvez umas dez vezes. O Assis aos 5 anos com asma, o Jurandir aos primeiros anos com meningite aguda que muito nos preocupou mas Deus quis que ele continuasse conosco até hoje. Depois a Graça aos 7 anos teve um derrame cerebral que chegou a passar 40 dias internada, mas graças a Minha Mãe Santíssima ela recuperou a saúde e viveu até 33 anos de idade, quando faleceu também de derrame. E hoje na minha velhice me considero um chamado de Deus quando, como ministro da Sagrada Comunhão, participo da pastoral do enfermo visitando e levando a Sagrada Comunhão a 12 pessoas idosas e enfermas e isso me faz bem à alma e ao coração”.
Algumas observações devem ser feitas sobre o texto acima. O sr. Batista se engana na idade da Graça quando ela teve o primeiro derrame, não foi aos sete anos, como diz, mas sim aos 11 anos, isto é, em 1961. Talvez ele se engane também quanto à doença do Jurandir quando era criança, meningite, pois em outra oportunidade ele afirma que o Jurandir deu muito trabalho por causa de um crupe. Com relação ao cunhado, Zeca Laurindo, ele deve está se referindo ao esposo de Tia Antonia (uma de suas irmãs), que faleceu em nossa casa quando moramos por algum tempo numa casa que depois ele vendeu ao Nilton e situada na mesma Rua 15 de Novembro, bem próxima ao famoso “Portão da base”.
Ele deixa de mencionar também o quanto lutou para salvar a vida do filho Jair, por duas vezes. Na primeira vez, como relata o filho Jurandir adiante (pág. 128): "Em 1964, Jair, o seu penúltimo filho, foi baleado; encontrava-me em casa, ouvi o estampido e saí correndo. Na rua deparei-me com o papai já com o filho estendido nos braços. O seu rosto era de aflição, de confusão, de desespero. Não sabia o que fazer com o garoto banhado de sangue. O seu coração procurava em acelerado bombear o sangue para a cabeça, de onde deveria sair a solução para essa tragédia. Os músculos tesos, os vincos da face mais profundos, a voz embargada. Era ele a própria figura do pai que tirava o filho dos escombros de um terremoto, a vida se acabava ali se o filho não sobrevivesse".
Na segunda vez por ocasião da doença que foi fatal, durante à qual teve sempre o Sr. Batista ao seu lado, inclusive nos momentos mais sofridos quando chegou a falecer num leito de hospital em São Paulo, em 1979. Antes deste desenlace, entretanto, o Jair causou-lhe ingentes trabalhos e preocupações durante alguns anos com sua doença, sendo internado por diversas vezes e também operado talvez uma dezena de vezes em Fortaleza, sempre com seu bondoso pai, ou sua mãe, ao seu lado.