segunda-feira, 20 de outubro de 2014

O papel das "redes sociais" numa nova fase da Revolução


O papel das “redes sociais” numa nova fase da Revolução (*)

O “modelo” da Revolução da Sorbonne (Paris, maio de 1968) foi facilmente disseminado pelo mundo. Com base naquela matriz ideológica, diversos grupos realizaram ações revolucionárias em várias partes do planeta.
No Brasil, como alhures, a técnica de conduzir a opinião pública é sempre a mesma. O sucesso obtido na Sorbonne de 68 tem inspirado muita gente a repetir a façanha.
Hoje, no entanto, tudo indica que as diversas revoluções similares que explodem em várias partes do globo conduzem a uma tentativa de universalizá-la mais ainda. Sendo universal, é necessário que haja unidade, pelo menos entre os agentes revolucionários. Por enquanto, a universalidade está nos meios e nos métodos de ação, mas tende a sê-lo também no campo ideológico, dos propósitos. Somente a unidade fará com que se obtenha mais êxito universal.
Quanto aos métodos, tivemos, por exemplo, as diversas manifestações de descontentamentos eclodidas entre os árabes e na Europa, depois transplantadas para os Estados Unidos da América e os países sul-americanos. Para atrair a simpatia do público revestiram-nas com o título de “indignados” e “primavera árabe”. Como o ato de indignar-se não identifica em si disposição para a revolução e o caos, mas uma atitude de revolta contra as injustiças, logo os revolucionários atraíram a simpatia de certo público e conseguiram, inclusive, derrubar alguns governos ditatoriais. Com uso das armas, inclusive. Na Europa, é claro, tinha que ser diferente. E nos Estados Unidos mais ainda, com outra roupagem, outro nomes, mas com propósitos meio indefinidos, próprios desse tipo de revolução. Dentro do grupo “Ocupem Wall Street”, como não poderia deixar de ser, o tema principal é a guerra contra os bancos e o capitalismo dito “selvagem”, uma velha e surrada tese marxista de luta de classes.
E agora a coordenação desse movimento está muito mais ao alcance de todos, pois, diferentemente de maio de 68, temos a internet com as redes sociais que divulgam celeremente as ordens, os contatos, as decisões e os programas predeterminados.


O "milagre" da “Revolução Espontânea”

Um das características que os faz atraentes para o público é o cunho da espontaneidade. A espontaneidade está produzindo um dos maiores “milagres” da História.  Em primeiro lugar, produziu o "milagre" da geração espontânea do Universo, hoje um dogma evolucionista sempre presente não só entre pseudo-cientistas mas na cabeça de muitos leigos e da quase unanimidade da mídia. Ora, se o universo surgiu por “geração espontânea”, por que não também as revoluções?
E foi assim que o Protestantismo, a Revolução Francesa e o Comunismo brotaram “espontaneamente” do chão e produziram essa monstruosa Revolução que hoje campeia pelo mundo moderno. Foi dessa forma também que brotou a revolução da Sorbonne de 1968, uma das revoluções mais “espontâneas” de toda a História, aliás a que mais se caracterizou pela espontaneidade. É uma qualidade que pretende dá crédito e autenticidade ao movimento.
Veio agora a revolução dos “indignados” (ou dos indignos), produzida e gerada “espontaneamente” em vários países do mundo. “Esponaneamente” brotou ela em solo árabe (fruto das “redes sociais” da internet, segundo dizem) e de lá foi transplantada sua semente para a Europa, Estados Unidos e o resto do mundo.  Entre os árabes produziu quedas de governos, mas não tinha como objetivo visível colocar um sucessor à altura das aspirações populares. A palavra mágica era “democracia” , coisa que aqueles povos só poderão saber o que seja daqui a alguns séculos.
Uma das características dos povos muçulmanos é o grande atraso em que teimam permanecer, recusando qualquer evolução social. Isso ocorre por causa dos princípios religiosos, embora seja negado por alguns. Há séculos que são dominados por clãs e por regimes tribais. A tônica do noticiário é que as revoltas vão solucionar todos os problemas: basta que se coloque outro grupo político no poder e se façam eleições. Fácil, né? Quem garante que os políticos que vão suceder aos ditadores vão inaugurar um regime realmente democrático? Quem garante que não vai ser mais uma sucessão de ditaduras? Não se muda a cultura de um povo assim da noite para o dia.
A única novidade em toda essa onda é que a mídia está trombeteando aos quatro ventos que tudo está sendo feito via internet. O que é absurdo, pois muitas dessas revoltas estão sendo feitas por grupos armados, como ocorreu na Líbia e está ocorrendo agora na Síria. Outra novidade é que o movimento é apresentado ao Ocidente como exemplo de uma revolução toda virtual, nascida espontaneamente dentro das chamadas “redes sociais”. Um mito, uma mentira, como vimos acima ao comentar sobre a “espontaneidade” revolucionária.
No resto do mundo é diferente. Sempre com o caráter de  “espontaneidade”, marcam uma data para se iniciar uma marcha de protestos e, coincidentemente, a “espontaneidade” registra também hora, data, local do encontro, e até mesmo algumas características que as manifestações devem ter, como, por exemplo, ser composta de “jovens”, de estudantes, de operários, etc., etc.
É tão bela e admirativa essa “espontaneidade” que a revista “Veja” a elogia, numa de suas últimas edições em que propaga a manifestação dos “indignados” brasileiros contra a corrupção. A revista só não explica como é que, “espontaneamente”, a manifestação teve forum de debates na internet, local, data e hora para ser feita, além de se caracaterizar unicamente como um movimento apolítico (quer dizer, sem partido) e dirigido contra os corruptos. E, depois, teve a mídia que “espontaneamente” vai lhe colocando no foco dos acontecimentos. É muita “espontaneidade” para um movimento tão bem organizado e de caráter universal...
Alguns dos anarquistas, aqueles mesmos que vivem num mundo virtual a procura de algo para sair de seu “autismo consentido” para o mundo real, o qual eles odeiam porque não o suportam, se aproveitam para “espontaneamente” botar fogo em tudo, queimar veículos, depredar lojas, jogar pedras na polícia, e aí ameaçam estragar o movimento. Que deve ser espontâneo mas não deve assustar.
O processo se assemelha em tudo ao da Revolução da Sorbonne de 1968, um espécie de ensaio geral para essa revolução que agora pretende ser mais universal ainda. Lá também ninguém visava a derrubada do poder, pois é o próprio poder que eles odeiam; tudo era feito de forma a parecer que a revolução brotava espontaneamente dos estudantes e operários, inclusive até mesmo as frases e manifestações escritas eram as mais rústicas possíveis (apenas pixações e nada de manifestos escritos ou de pasquins) para se dar a idéia de que aquilo não provinha de uma preparação prévia feita por um grupo revolucionário.
Para quem analisa as coisas friamente, não parece que essa revolução dos “indignados” se assemelha em tudo à da Sorbonne, em Paris, de maio de 1968?
Os “excessos”, dizem, não fazem parte dessa impressionante “espontaneidade”, pois em geral são cometidos por grupos isolados e radicais. Mas o que vemos é que os excessos são tão comuns, que parecem até ser espontâneos, agora de verdade. Vejam o que vem ocorrendo nos Estados Unidos e na Europa, em particular na Itália. Lá também houve excessos, como este publicado pelo jornal Corriere de la Sera, em que um grupo de anarquistas quebra uma estádua da Madonna, Nossa Senhora de Lourdes. O jornal fala da “guerrilha de 15 de outubro”, porque na verdade houve uma espécie de guerrilha dos manifestantes contra a polícia. O responsável pela blasfêmia foi um grupo anarquista denominado “black bloc”, em tudo semelhante aos demais, até mesmo na “espontaneidade” com que se organizaram, saíram juntos para a rua e fizeram sua parte. E como é que tais grupos se organizaram em outros países, como o Brasil? Espontaneamente?
A imagem, de gesso, era venerada no salão paroquial de São Marcelino e São Pedro, cujo pároco, o padre Pino Ciucci, disse que a aquela ação foi pior do que a dos fascistas. Para atuar, o grupo “black bloc”, com o rosto coberto com gorros de lã preta, capacetes e paus negros, invadiu o salão paroquial em meio às manifestações dos “indignados” que ocorriam nas imediações, deixando “espontaneamente” o local para que se diga depois que o vandalismo também é uma ação “indignada” do povo contra a Religião. No final, via-se a imagem de Nossa Senhora de Lourdes totalmente despedaçada na calçada, objeto de fotógrafos, curiosos e passantes... Um crucifixo também foi profanado...
O arcebispo de Milão, Angelo Scola, logo se manifestou sobre o crime, considerando-o muito grave. O prelado previu coisas mais graves perante o fanatismo das turbas que se manifestam em Roma. Mal sabia aquele bispo que apenas se iniciava ali a formação deste grupo de caráter internacional.


Uma frustrada tentativa de repetição da Sorbonne-68

A “revolução dos indignados” está ainda em curso, embora tenha recuado muito no decorrer deste ano: tudo indica que essa Revolução não avança, mas murcha. Não queremos dizer com isso que a ação desses grupos estancou, mas sim que não encontra eco no restante da população. Trata-se, sempre, de uma minoria isolada, que não encontra apoio popular em geral. Veremos por quê.
Em São Paulo, tivemos um exemplo flagrante disso ocorrido no final de 2011. Dentro do Campus da USP houve um crime e a droga corria solta. O reitor resolveu chamar a polícia, como é óbvio, para policiar o recinto das faculdades. “Indignadas” com a ação da reitoria, várias organizações estudantis resolveram protestar: a polícia teria que vigiar a “cracolândia”, a USP não, segundo palavras excitadoras do movimento ditas pelo ministro da Educação.
No entanto, feita uma reunião, a maioria resolveu concordar com a ação da polícia. Primeira derrota dos “indignados” revolucionários, os quais, insatisfeitos, resolveram agir contra a maioria. Cerca de 100 alunos (uma minoria irrisória) invadem o prédio da Faculdade de Filosofia. Esperavam que os outros estudantes o apoiassem, mas em vão: a grande maioria, em reunião, decide a desocupação do prédio. Aí, então, cerca de 70 remanescentes daqueles 100, ao sair da Faculdade de Filosofia resolvem invadir o prédio da própria reitoria. Desta vez, porém, o reitor resolve acionar a justiça, a qual dá um ultimato aos invasores para desocupar o prédio. Como não o fizeram, foram expulsos pelos policiais. Esta última ação ocorreu no dia 8 de novembro de 2011.
No dia seguinte, os grupos revolucionários fazem nova tentativa de conquistar a adesão dos estudantes e proclamam uma greve em protesto contra a ação policial no recinto da USP. Nova derrota. Não há adesão ao movimento, o qual mingua por falta de participantes. Será que esperavam ocorrer o mesmo que na Sorbonne de maio de 68, quando uma minoria invadiu uma faculdade, depois a própria universidade, passando posteriormente para as ruas e as fábricas? Pode ser que não, pelo menos entre os indivíduos de base, mas em todos os outros movimenos semelhates havidos em outras partes do mundo, inicialmente há sempre uma causa pequena e de pouca repercussão, para, depois se partir para uma questão nacional e até internacional, que é o escopo dos líderes. Esta, da USP, foi um fiasco total.
Uma particularidade, que a mídia chamou a atenção desde o início desse movimento: os invasores da reitoria da USP são, na maioria, filhos de gente rica ou de classe média. Alguns dos pais foram até à polícia para protestar dizendo que estavam sendo vítimas de perseguição política. Eles pleiteavam o “direito” de seus filhos fumarem maconha no recinto da USP e acusam a justiça de “perseguição política”.

Um movimento de elite

O que reflete bem o tipo de ação promovida nos bastidores por gente desse tipo é retratado pelo jornal “Folha de São Paulo” ao relatar o seguinte episódio:   

“Quinze socialites se reuniram anteontem à tarde, nos Jardins (zona oeste), para debater o combate à corrupção e outros temas. Antes mesmo de começar, a pauta já era outra.
“Ei, menino, sabe que fim deu a confusão da USP?”, assuntou uma das integrantes do Grupo Ação em Cidanania à reportagem. PMs haviam retirado, horas antes, os invasores da reitoria.
Iniciada a reunião pela psicalanista Maria Cecília Parasmo – regada a refrigerante, bolacha e bolo -, o debate ficou em torno de como “mobilizar o povo” e “para quê”.
Para Ana Paula Junqueira, pré-candidata do PMDB a vereadora, o brasileiro deveria se inspirar na Primavera Árabe..
Quando o tópico voltou para os conflitos na USP, os ânimos se exaltaram. A historiadora Maria Cecília Naclério sugeriu que o grupo de invasores teria ligação com máfias (“tudo isso é orquestrado”).
Já a presidente da Associação de Mulheres de Negócios, Márcia Kitz, questionou se a PM não deveria ter sido mais incisiva, com uso de bombas de efeito moral e jatos d’água.
Após publicação de Vídeo pela TV Folha, ontem, o termo “socialites” ficou entre os mais comentados no Twitter em SP”.  (v. Folha de São Paulo, 10.11.2011, caderno Cotidiano, C3).

A queda da disponibilidade revolucionária

Estar disponível é ter um espírito propenso e pronto para a ação. O chamado “mundo virtual” tira um pouco esta disponibilidade, pois enclausura as pessoas numa espécie de “autismo consentido” e numa acomodação egoística. No entanto, torna as pessoas mais manipuláveis.
O que deve ser manipulado pela Revolução? A mesma disponibilidade para a ação, a ação coordenada e universal, assim como a unidade da ação. As pessoas manipuláveis devem agir por impulso, sem raciocinar bem o que estão a fazer nem o seu conteúdo ideológico. Em geral as pessoas são manipuláveis por questões sentimentais, compulsivas, financeiras, etc.
Mesmo assim, tal manipulação tem encontrado muitas dificuldades. Uma delas é que o “mundo virtual” ainda é vivenciado por uma minoria da população, pelo menos em tempo integral. E parace que saturou, não indicando que há para onde crescer mais do que o que já crescreu. Assim, os próprios agentes da manipulação podem ser atingidos pelo parasitismo virtual. As redes sociais funcionam mais como necessidade que as pessoas têm hoje, num mundo tão isolacionista, de se comunicarem, mas parece que não tem surtido muito efeito quando se pretende por ele a ação das massas para promover uma revolução tendenciosa.


A Revolução e a auto-regência dos seus lideres

Um líder revolucionário, apesar de em geral ter que ser carismático, perde sua auto-regência ao se entregar inteiremente às paixões revolucionárias. Estas paixões, virulentas e irracionais, tendem a obscurecer o “lumen rationis”(a luz da razão), transforando-os em meros autômatos. Também os líderes podem ser influenciados pela tendência a agir por impulsos. É mais cômodo. Desta forma, as lideranças revolucionárias hoje são raras, pois falta-lhes o que denominamos acima de “disponibilidade revolucionária”, necessária para “tocar” a massa para a ação. Um líder perde sua capacidade de liderança quando perde também sua auto-regência, é sabendo governar-se que se governa os outros com eficiência.
Um dos recursos que a Revolução pode usar, nesse caso, é da ação integrada, liderada não por um individuo mas por um grupo, um “comitê”, um soviet. Recurso já usado na Sorbonne para se dá a idéia de que as decisões não são individuais, mas coletivas. Mas esse grupo precisa se utilizar de recursos com que possa mover a “massa” na direção revolucionária. Nesse caso, a técnica mais apropriada (já usada em várias ocasiões) é a “acupuntura social”, pela qual as massas vão agir impulsionadas por fatos ocorridos e provocados de propósito que as levem em direção diferente e até oposta daquilo que pensam e vivem. Um exemplo foi a eleição ganha pelo partido socialista espanhol em 2004, fruto de um atentado terrorista. O atentado foi feito pelos terroristas muçulmanos, mas levou a opinião pública a desviar seus votos contrários ao governo conservador, então no poder, dando vitória aos socialistas. Assim, sem um discurso, sem ação de nenhum líder, mas de um grupo, o povo foi levado a agir de forma diferente e até contrária ao que pensava.
Uma das características dos povos muçulmanos é o grande atraso em que teimam permanecer, recusando qualquer evolução social. Isso ocorre por causa dos princípios religiosos, embora seja negado por alguns. Há séculos que são dominados por clãs e por regimes tribais. A tônica do noticiário é que as revoltas vão solucionar todos os problemas: basta que se coloque outro grupo político no poder e se façam eleições. Fácil, né? Quem garante que os políticos que vão suceder aos ditadores vão inaugurar um regime realmente democrático? Quem garante que não vai ser mais uma sucessão de ditaduras? Não se muda a cultura de um povo assim da noite para o dia.
A única novidade em toda essa onda é que a mídia está trombeteando aos quatro ventos que tudo está sendo feito via internet. O que é absurdo, pois muitas dessas revoltas estão sendo feitas por grupos armados, como ocorreu na Líbia e está ocorrendo agora na Síria. Outra novidade é que o movimento é apresentado ao Ocidente como exemplo de uma revolução toda virtual, nascida espontaneamente dentro das chamadas “redes sociais”. Um mito, uma mentira, como vimos acima ao comentar sobre a “espontaneidade revolucionária”.

(*) A análise da Revolução, como feita acima, é baseada nas teses da obra “Revolução e Contra-Revolução”, do Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, cujo texto pode ser obtido aqui:  http://www.pliniocorreadeoliveira.info/livros.asp



quarta-feira, 15 de outubro de 2014

A QUESTÃO FEMININA NAS ELEIÇÕES BRASILEIRAS





A nossa lei eleitoral prescreve que cada partido político é obrigado a inscrever, pelo menos, 30% de mulheres como candidatas a cargos legislativos. Quer dizer, há uma cota obrigatória para as mulheres nas candidaturas. E o partido que não cumprir a lei pode ser punido, razão pela qual muitos deles inscrevem grande quantidade de candidatas sem perspectiva nenhuma de serem eleitas.
Como é moda estipular cotas para tudo o que diz respeito à ascensão social (nos cursos universitários isso já está estabelecido a mais tempo com cotas para negros, índios, pobres, etc.) não demora que a lei obrigue a população a eleger aquele percentual de mulheres a fim de que as bancadas políticas sejam compostas com uma quantidade pré-estabelecida delas. Assim como existe o “quociente eleitoral” para garantir vagas proporcionais nos partidos, pleiteiam também um “quociente feminino”. É claro que não ficarão por aí, virão outros “quocientes” ou “cotas” de cargos políticos a serem pleiteados, como dos negros, dos índios, dos pobres, etc. O jargão desta mentalidade chama-se “inserção social” ou “inclusão social”.
Por enquanto, não é o que ocorre. Qual a razão? Enquanto a lei continua a prescrever um percentual de candidatas, a população continua indiferente ao fato. E a grande maioria daquelas que os partidos colocaram como candidatas estão ali apenas para preencher um requisito legal, mas realmente não têm nenhuma chance de serem eleitas. Muitas nem sequer têm vocação política. Foi o que ocorreu na última eleição (em 3.10.2014).
Segundo o jornal “A Tarde”, de 13.10.2014, dos 1.042 candidatos eleitos para a próxima legislatura, apenas 119 são mulheres, ou seja, 11,4% do total. O povo deixou de eleger quase 200 mulheres, para desencanto dos feministas. Na Bahia, por exemplo, o numero de mulheres eleitas foi reduzido de 10 para 7. No total do país as legislaturas passam a ter 26 mulheres a menos, o que indica uma tendência popular a não votar nelas. Em 17 casas legislativas foi menor o número de candidatas eleitas, e apenas em cinco o número aumentou e em outras quatro permaneceu como estava. Já em Mato Grosso e Amazonas foi eleita apenas uma candidata em cada um destes estados..
A explicação dada pelo fenômeno não é do desinteresse da população em eleger mulheres, mas de outros motivos. A deputada Fabíola Mansur, por exemplo, dá as seguintes razões: “O desinteresse das mulheres pela política é nítido na medida em que elas têm um compromisso com a família, os filhos, a educação. Somado a isso, se não há uma estrutura partidária que consiga colaborar com candidaturas femininas e sem financiamento público de campanha, como é possível as mulheres ficarem visíveis?” Uma outra deputada, Luíza Maia, aponta quase as mesmas razões, e acrescenta: “...para as mulheres, é mais difícil conseguir apoios financeiros” e diz que os partidos políticos são “machistas”. E a população que não votou nelas, é machista também? A fim de conseguir seus objetivos, as deputadas acima defendem que a lei deveria obrigar os partidos a apresentar número igual de candidatos (homens e mulheres), como se isso fosse o suficiente para fazê-las conseguir o voto popular.
É claro que a idéia não daria certo, pois nem mesmo assim o povo daria o voto nas mesmas proporções, mas de acordo com suas preferências pessoais. E o resultado das eleições nunca seria conforme as elucubrações destas idéias malucas, mas conforme o bom senso da população.  O maior erro destas idéias é imaginar que cargo político é ascensão social, quando, na realidade, a disputa por cargos políticos é luta pelo poder feita por uma parcela da sociedade que já desfruta do mesmo, de uma classe social que já ascendeu e não precisa de nenhum apoio legal para crescer mais. Quanto à representação popular, esta não precisa ser proporcional á população, pois o interesse aí não é do pleiteante ao cargo mas do povo.