sexta-feira, 29 de abril de 2011

O autismo seria "fabricado" somente nos EUA?

Recentemente, um psicólogo espanhol lançou uma frase como se fosse uma descoberta ao designar um novo comportamento humano: ele chamou de "autista consentido" àqueles que, frutos da educação pela imagem (cinema, TV e internet), passam a viver num mundo interior, inteiramente indiferentes ao mundo externo, numa vida completamente "virtual". E quando acordam desta "solonência" interior e virtual passam a agir segundo seu mundo de imaginação. Daí surgiu uma nova comunidade mundial denominada de "freaks". A propósito, vejam os vídeos que circulam no Youtube sobre o autismo, especialmente como moléstia que cresce nos EUA.

domingo, 17 de abril de 2011

O cajueiro botador

Nunca a mentira foi tão promovida e badalada quanto em nosso tempo. Não falo aqui dos demagosos e ilusionistas que enganam o povo com promessas, mas sim da mentira enquanto tal. E a coisa chega a tal ponto que no último dia primeiro de abril, as historietas de potocas voltaram a ser realimentadas por toda a mídia nacional. Em Fortaleza, a capital da hilaridade e da falta de seriedade, chegaram a ressuscitar uma imagem antiga da mentira: o chamado "Cajueiro Botador", que ficava na Praça do Ferreira. Era assim chamado porque diziam que botava caju o ano inteiro, mas ficou famoso porque tornou-se o ponto de encontro dos contadores de mentira nos anos 1904 a 1920. Ano passado, o festival voltou à praça, debaixo de um novo cajueiro, com inscrições feitas na hora. Bastava pegar o microfone e soltar uma mentira bem cabeluda, agradando prazeirosamente à galhofa presente. É assim que a mentira se populariza, a falta de seriedade vai sempre crescendo em nosso povo, como se isso fosse o fruto de uma certa felicidade.

HISTÓRIA DO CAJUEIRO DA MENTIRA OU CAJUEIRO BOTADOR


"O Cajueiro Da Mentira ou Cajueiro Botador ficava na Praça do Ferreira do lado da Rua Floriano Peixoto, aproximadamente entre a delegacia de Polícia (hoje o Palacete Ceará) e a telefônica (hoje Livraria Alaor), por trás da parte urbanizada em 1902 por Guilherme Rocha, onde ficava o Jardim Sete de Setembro. A foto mais antiga, que data aproximadamente de 1907, traz um dos momentos de reunião dos habitues da Praça do Ferreira que no Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador, contavam suas histórias, seus "causos", seus contos, enfim, dão vazão a seus espíritos criativos. Todos os dias 1º de abril à sombra do "Cajueiro Botador" havia uma sessão de mentiras e em seguida a eleição do melhor dos mentirosos, tudo feito festivamente, com urna pendurada no tronco da árvore, tudo enfeitado de bandeirinhas de papel colorido, fogos a valer, música tocada por parte de alguma banda da polícia ou de outra corporação. A bebida não faltava e o café mais próximo ao cajueiro era o Café Java, que no dia tinha cerveja à vontade. À noite o nome do vitorioso era colocado escrito em placa no tronco do cajueiro, sendo na hora homenageado com discursos, aplausos, risos, palmas, mas havia os que não gostavam da brincadeira e apupavam. A brincadeira, de acordo com Raimundo Girão, iniciou-se em 1904, sendo iniciada por Álvaro Weyne, Antônio Martins, Henrique Cals, José Raimundo Costa, Porfírio da Costa Ribeiro, todos comerciantes na Rua Floriano Peixoto em frente à Praça do Ferreira. Outros elementos engrossaram a fila dos "mentirosos", todos ilustres, como Amâncio Cavalcante, Leonardo Mota, Eurico Pinto, Gérson Faria, William Peter Bernard, Ramos Cotoco, Chamarion, Carlos Severo, Gilberto Câmara, Quintino Cunha, o Rochinha da farmácia e o Pilombeta, conforme nos diz Otacílio de Azevedo em seu "Fortaleza descalça". Em 1920 a praça foi reformada, na gestão do prefeito Godofredo Maciel e foram banidos os quiosques dos cafés e também o "cajueiro botador", assim chamado por dar frutos o ano inteiro. A segunda foto, batida por Nirez, é do mesmo local quando da existência da praça feita na gestão do prefeito José Valter Cavalcante. No local existe hoje, conforme pode ser visto na foto de Osmar Onofre, uma placa que diz: "Neste local existiu um frondoso cajueiro que por frutificar o ano todo era apelidado "Cajueiro Botador", ou por se realizarem, sob sua copa, cada 1º de abril as eleições para o maior "potoqueiro" do Ceará, era também chamado de "cajueiro da mentira". Abatido, em 1920, com a reforma do logradouro, então realizada, foi em sua memória plantado este novo cajueiro, quando da restauração da praça, na administração Juraci Magalhães". Só que o cajueiro ali plantado há muito morreu e não foi plantado outro, restando apenas a placa. Será mais uma mentira do cajueiro?"



Hoje, o "Cajueiro Botador" é objeto até de placa comemorativa, como se vê acima.