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sábado, 5 de outubro de 2013

A MAIOR FAMÍLIA DO BRASIL




Com o título de "Cavalcanti: a saga da maior família do Brasil", o site "Guia do Estudante" publicou o texto que reproduzimos abaixo: 


Como o casamento entre um nobre florentino e uma mameluca pernambucana deu origem ao poderoso clã dos Cavalcantis, a maior família do país
Rodrigo Cavalcante | 16/04/2012 16h50
Milhares de turistas brasileiros que visitam Florença para conhecer sua famosa catedral ou admirar as obras da Renascença na Galeria Uffizi não costumam prestar atenção na placa de rua da Via Porta Rossa, uma pequena travessa da Via dei Calzaiuoli – essa, sim, conhecida, por causa de suas lojas, como a mais animada da cidade. Logo abaixo da placa de mármore da Via Porta Rossa, há outra menor, indicando que a rua já foi chamada de Via Cavalcanti, nome de uma tradicional família florentina cujos antepassados enriqueceram com o comércio e, entre os séculos 11 e 16, ocuparam postos importantes na cidade. Dentre os Cavalcantis de Florença, o que ficou mais conhecido foi o poeta Guido Cavalcanti, amigo de Dante Alighieri, que não apenas lhe dedicou um soneto como também citou a família na Divina Comédia (ainda que tenha colocado os Cavalcantis no inferno, assim como a maioria das famílias ricas de Florença). Após o século 16, contudo, o sobrenome Cavalcanti entrou em declínio na Europa e hoje é difícil encontrá-lo na cidade italiana. Em compensação, quando o jovem florentino Filippo Cavalcanti decidiu atravessar o Atlântico em algum momento da década de 1560 para operar engenhos de açúcar em Pernambuco, ele fundou, sem saber, aquela que hoje é considerada a maior família brasileira.


Maior família brasileira? Mas esse posto não deveria pertencer aos brasileiríssimos “Silva”? “Na verdade, o sobrenome Silva é mais numeroso, mas os Silvas são oriundos de famílias diferentes, enquanto os Cavalcantis descendem todos do mesmo ancestral”, afirma Carlos Barata, autor do Dicionário das Famílias Brasileiras e presidente do Colégio Brasileiro de Genealogia.
Ele concluiu que a família Cavalcanti (ou Cavalcante, a variante aportuguesada) é a maior do país após pesquisar por mais de dez anos os descendentes das primeiras famílias a chegar ao Brasil. “Tomei como ponto de partida as famílias brasileiras no início da colonização e identifiquei o número de descendentes por volta do século 17”, diz o genealogista. “Nesse período, os descendentes de Filippo Cavalcanti já apareciam às centenas, numa expansão impressionante.” Mas, afinal, qual a origem de Filippo Cavalcanti e o que o teria feito trocar Florença, uma das cidades mais ricas do mundo, pela distante Pernambuco?
Se hoje os consumidores aguardam com ansiedade por um novo lançamento da Apple, no século 16 boa parte do mundo desejava os produtos importados por Florença. Centro artístico e financeiro do planeta, as casas de comércio da cidade tinham sucursais espalhadas pelas principais capitais europeias, de onde negociavam artigos de luxo, como tecidos caros, obras de arte de grandes artistas da Renascença.
E, especialmente, faziam empréstimos e outras transações financeiras que deram origem aos bancos modernos. Uma dessas casas florentinas que operam em Londres, a Bardi e Cavalcanti, era comandada pelo pai de Filippo, Giovanni Cavalcanti, e tinha como principal cliente o próprio rei da Inglaterra. Além de famoso pelos 6 casamentos, Henrique 8º era músico e poeta. Enfim, um monarca de gosto refinado e ávido por trazer à sua corte um pouco do esplendor artístico das cidades italianas. Para isso, contava com Giovanni, que mantinha correspondência com gente como Michelângelo e é citado pelo primeiro biógrafo dos artistas italianos, Giorgio Vasari, no livro As Vidas dos Artistas, pela encomenda de uma obra do pintor Rosso Fiorentino. Recentemente, o pesquisador Marcelo Bezerra Cavalcanti, coautor do livro Os Cavalcantis: na Itália, no Brasil, encontrou num arquivo de Florença uma carta de Henrique 8º endereçada a Giovanni em solidariedade a um confisco de bens de que sua casa comercial fora alvo em Florença.
Mas, se a vida de Giovanni Cavalcanti é relativamente bem conhecida, as razões que trouxeram seu filho Filippo ao Brasil permanecem vagas. Sabe-se que em 1558 ele se encontrava em Lisboa quando pediu uma Certidão de Nobreza ao duque Cosimo de Medici, que respondeu atestando que os Cavalcantis em Florença “resplandecem com singular nobreza e luzimento”. Enfim, uma carta de recomendação importante em um tempo em que a linhagem familiar valia bem mais para o mundo dos negócios do que hoje vale um MBA de Harvard. Até agora, há duas hipóteses sobre a viagem do jovem Filippo ao Brasil – e não necessariamente excludentes. A primeira, clara, era o interesse no comércio de açúcar, que apesar da recente expansão de produção ainda era considerado um artigo de luxo na Europa. O historiador Sérgio Buarque de Holanda, após viver dois anos na Itália na década de 1950, ensinando na Universidade de Roma, escreveu um artigo sobre os projetos de colonização e comércio toscanos no Brasil durante o tempo do grão-duque Fernando I (1587-1609), mostrando como a costa brasileira já estava na mira dos italianos há tempos. Antes mesmo de o Nordeste se tornar uma potência mundial na produção do açúcar, o interesse comercial dos italianos nas técnicas de plantio, produção e refino fez com que muitos viajassem para as ilhas portuguesas no Atlântico, que serviram de modelo para a futura colonização do Nordeste. Assim como fariam mais tarde os holandeses, comerciantes de Gênova, Florença e Veneza eram especialistas na importação desses artigos do Novo Mundo para reexportá-los com boa margem de lucro para o resto da Europa.
Além do interesse no açúcar, outro motivo que pode ter trazido Filippo ao Brasil foi buscar refúgio das sanguinolentas disputas de poder em Florença, descritas pela primeira vez com realismo anos antes por Nicolau Maquiavel. No lugar de um poder central forte nas mãos de um monarca, a exemplo de outros nascentes Estados europeus, como Portugal, França e Espanha, o poder na instável República Florentina só era alcançado por meio de conchavos e arranjos políticos bancados pelas famílias mais ricas da cidade. Em meio a esse sistema de rodízio de mando, nem mesmo a toda-poderosa família Medici estava livre de golpes, conspirações e tentativas de assassinato, que ocorriam em qualquer lugar. Em 1478, por exemplo, o jovem Juliano de Medici foi assassinado em plena catedral de Florença, alvo de um atentado planejado pela família Pazzi – que também pretendia matar o irmão de Juliano, Lorenzo de Medici, que se salvou ao conseguiu se esconder na sacristia. Em 1559, ano em que Filippo Cavalcanti já estava em Lisboa, outra conspiração contra os Medicis, desta vez para assassinar o grão-duque Cosimo 1º, foi descoberta a tempo.
Conhecida como conspiração Pandolfo Pucci (pelo membro da família Pucci que tomou parte e foi condenado à morte), o planejamento teria contado com participantes de outras famílias, incluindo Bartolomeu Cavalcanti, parente de Filippo. “Ainda que Filippo Cavalcanti não tenha tido nenhuma ligação com o atentado, era prudente que permanecesse longe de Florença”, diz a historiadora Rosa Sampaio Torres, que estuda as ligações dos clã com os movimentos políticos da época. Segundo a historiadora, a trajetória republicana dos Cavalcantis em Florença teria influenciado os movimentos de inconformismo político que marcariam Pernambuco nos séculos seguintes, por exemplo.
Motivações políticas à parte, o fato é que, no Brasil, Filippo Cavalcanti tratou logo de arranjar uma noiva para se associar às famílias importantes da região. E a jovem Catarina de Albuquerque preenchia tais requisitos. Filha do português Jerônimo de Albuquerque (cunhado de Duarte Coelho, donatário de Pernambuco) com a índia Tabira, Catarina era uma legítima mameluca brasileira. Conta a história que sua mãe salvou Jerônimo de ser morto pelos tabajaras após o capitão português ser atingido em um dos olhos por uma flecha. Ao casar com a índia, Jerônimo selou a paz com os índios e batizou a esposa com o nome cristão de Maria do Espírito Santo Arcoverde. Com seu casamento, Filippo Cavalcanti não apenas ingressou na família dos donatários portugueses, como também definiu um dos padrões genéticos das famílias brasileiras, segundo pesquisas da Universidade Federal de Minas Gerais, pelas quais 90% dos brasileiros tinham genes europeus do lado paterno e 60%, genes ameríndios ou africanos por parte de mãe.
No total, Catarina e Filippo tiveram 11 filhos (foram 12, mas o primogênito morreu na infância). Um bom número de descendentes, mas não anormal para a época. O sogro de Filippo, Jerônimo de Albuquerque, teve 24 filhos, o que lhe valeu o apelido de Adão Pernambucano. Apesar de a prole de Jerônimo de Albuquerque ser maior do que a do genro, por algum motivo o sobrenome Cavalcanti aparece em maior quantidade nas gerações seguintes”, diz o genealogista Fábio Arruda de Lima, há mais de dez anos dedicado a pesquisar a origem dos sobrenomes de famílias nordestinas por meio dos engenhos da região. 
Para o genealogista Lima, o sobrenome pode ter se espalhado graças a um reforço feminino. “Muitas mulheres preservaram o sobrenome associado ao do marido, formando relações entre os Cavalcantis e outras famílias importantes, com ramos como Holanda Cavalcanti, Albuquerque Cavalcanti e Acioli Cavalcanti, por exemplo.”
Desde que Fillipo recebeu a doação em 1572 de uma sesmaria para montar o primeiro dos 3 engenhos que viria a ter em Pernambuco, os Cavalcantis se expandiram ligados à açucarocracia local, tendo seus engenhos mais tarde descritos nos relatórios da Companhia das Índias Ocidentais, durante o período da invasão holandesa no Nordeste (1630-1654). A tradição perdurou até o século 19, quando um dos ramos da família em Pernambuco passou a ocupar cargos no Império.
É o caso, por exemplo, dos Cavalcanti de Albuquerque, que por mais de uma vez foram presidentes de Pernambuco (o equivalente ao atual cargo de governador), ocuparam cadeiras na Câmara, no Senado e em ministérios importantes de dom Pedro 2º, como o da fazenda e da guerra, e receberam do imperador o título de visconde. De tanto poder, surgiu nesse período uma estrofe que circulava na região: “Quem nasceu em Pernambuco, há de estar desenganado: ou se é um Cavalcanti ou se é um cavalgado”. Quando, na virada do século 19 para o 20, as plantações de café no Sudeste sobrepujaram as de açúcar no Nordeste, os Cavalcantis já haviam se espalhado por todo o país. No momento em que a presença italiana atingiu o apogeu por aqui, quase mais ninguém associava os Cavalcantis ao florentino que, no século 16, saiu da Toscana para fundar engenhos em Pernambuco. Diferentemente dos recém-imigrados da Itália, os Cavalcantis já tinham mais de três séculos de presença no Brasil. Não é à toa que, mesmo quem não tem o sobrenome Cavalcanti pode ser descendente de Filippo. Alguns exemplos: o compositor Chico Buarque de Holanda (descendente dos Holanda Cavalcanti), o escritor Ariano Suassuna (Suassuna foi o nome de um engenho dos Cavalcantis) e o jurista Evandro Lins e Silva. Todos, por sua vez, são primos distantes de PC (Cavalcanti) Farias, do comediante Tom Cavalcante e de outros milhões que tornaram os Cavalcantis uma família brasileiríssima, com ou sem Silva.

O BRASÃO
O brasão original, florentino, era prateado com cruzetas vermelhas. No Brasil, o escudo foi incrementado com outros padrões, como o leão rampante, duas flores-de-lis (um símbolo da origem nobre da família), um elmo de prata com um hipogrifo – criatura lendária com corpo de égua e cabeça de águia.

O POETA
Guido (1255-1300), o mais famoso Cavalcanti florentino, foi amigo de Dante Alighieri, poeta e político célebre. 

Saiba Mais
LIVRO
Os Cavalcantis, Cássia Albuquerque, Fábio Arruda de Lima, Marcelo Bezerra Cavalcanti e Francisco Antonio Doria, Edições do Jardim da Casa, 2011




quinta-feira, 6 de junho de 2013

MEMÓRIAS DE UM CAVALCANTI






Um patriarca da família Cavalcanti mereceu de Gilberto Freire a edição de um livro. Trata-se da obra “O Velho Félix e suas Memórias de um Cavalcanti”, publicada pela Livraria José Olympio Editora em 1959. Félix Cavalcanti viveu em Recife no século XIX, tendo presenciado várias agitações políticas de sua época, deixando-as quase todas registradas em um diário. Daí porque a importância sociológica da obra.

Era monarquista, mas não se envolvia em política partidária. Para ele a monarquia simbolizava o equilíbrio, a ordem, a segurança e a estabilidade. No prefácio da referida obra, comenta Lourival Fontes: “A Monarquia continuava como o equilíbrio dos poderes, o respeito da lei e da justiça, o símbolo das causas e dos direitos humanos. Nela não há tiranos para exercer o despotismo nem eleições manipuladas com audácia e dinheiro. Porque era uma utopia, as perspectivas da República o apavoravam, as degenerações e balbúrdias o deprimiam, os atentados, violências e terrores o petrificavam”. (op. cit. pp. XXIII).

Os argumentos que Félix Cavalcanti usava contra a república eram muito fortes, perguntando:- “quem nos garante que o Brasil se torne uma Suíça grande e não uma outra Venezuela?” - ”O nascimento de um herdeiro ao trono é garantia contra a reprodução de freqüentes eleições para presidentes da república; eleições que não passam de comédias, e são às vezes calamidades”...- “Num país constitucional, a ascensão de um herdeiro ao trono quase não importa; quem distribui justiça são os juízes; quem legisla são os representantes da nação; porque quem governa são os ministros; o soberano, porém, equilibra os vários poderes nas suas relações uns com os outros e assegura a continuidade e a perpetuidade desse equilíbrio político”. E noutra oportunidade: “Esta Utopia, que os tontos de Paris apregoam com o nome de república, há de ser sempre o que tem sido até hoje. Uma utopia: nada mais”.

Quando a Monarquia caiu, ele lamentou muito. É importante, a este respeito, o depoimento do próprio Gilberto Freire: “Posso, aliás, adiantar, nesta introdução às memórias de Félix Cavalcanti, que das autobiografias que já recolhi de brasileiros de várias profissões e de diversas regiões, homens e senhoras maiores de 50 anos, como respostas a um inquérito organizado para servir de lastro a trabalho próximo – Ordem e Progresso – sobre a paisagem social dos últimos anos da Monarquia e do começo da República no Brasil, grande número de pessoas, não revelando sebastianismo nenhum, nem desejo, mesmo vago, de restauração do Império, lamentam tanto quanto o velho Félix Cavalcanti a substituição da Monarquia pela República em 1889. Donde se conclui que a Monarquia ou o Rei, ou melhor, o Imperador, melhor ainda, Dom Pedro II, tem sido e ainda é um defunto chorado no Brasil. Chorado por juízes, desembargadores, professores, homens do povo, advogados, padres, funcionários públicos, médicos, senhoras ilustres. Choradíssimo por Félix Cavalcanti de Albuquerque Melo, obscuro contemporâneo do monarca e que não tendo recebido de Sua Majestade nem sequer pretendido do seu augusto governo, nenhum favor especial, nem nenhum título ou crachá, nem nenhuma comenda, foi apenas um provinciano de tendências conservadoras e de feitio aristocrático que se identificou com a causa monárquica por gosto e por princípio” (pág. XLIV).

Gilberto Freire comenta em sua Introdução no referido livro que Félix Cavalcanti era um remanescente da aristocracia rural vindo para a cidade. Tratava-se de um patriarca “com enorme família, escravos velhos, crias dentro de casa; com imensa mobília de jacarandá maciço, guarda-louça e aparadores de amarelo, camas de canduru, santuário, armário, baús, mesa de jantar para vinte pessoas, a coleção inteira dos romances de Alexandre Dumas, a História Universal de César Cantù, os romances de Eugênio Sue, o retrato do Visconde do Rio Branco” (op. cit. pág. XXVIII). Destaca ainda o fato do velho Félix haver se mudado constantemente de residência quando foi morar em Recife, trocando “de casa, de rua, de bairro e um pouco de cidade. De idéias, muito pouco. E muito pouco de hábitos, de sentimentos, de preconceitos. Em muita coisa conservou-se no Recife do século XIX o aristocrata do engenho do Sul de Pernambuco; o Cavalcanti de Albuquerque Melo de outros tempos; o matuto fidalgo desconfiado do Povo, da Cidade, da Democracia, da Abolição, da República”.

Apesar dos Cavalcanti desfrutarem de grande prestígio e poder em Recife, assenhoreados dos mais importantes cargos políticos, administrativos e judiciários, Félix Cavalcanti mantinha-se completamente alheio a tudo e levando sua pacata vida sem lutar por honrarias e cargos. João Maurício Cavalcante da Rocha Wanderley era juiz de Limoeiro; Álvaro Barbalho Ucha Cavalcanti, de Rio Formoso; Manuel de Holanda Cavalcanti, de Pau d’Alho; Francisco Xavier Cavalcanti era chefe da Repartição do Selo, etc. De tal sorte que suscitaram várias violências contra a família, talvez por causa da inveja que causavam: “Daí as violências contra Cavalcantis e outros aristocratas de engenhos praticadas por Chichorro da Gama quando a Presidência da Província passou dos oligarcas para os liberais, seus adversários terríveis. “A influência da família Cavalcanti não era um fato de 1835, mas datava de tempos remotos; que essa influência não era obra do poder ou da revolução, mas procedia da “natureza das coisas”; que era influência que sempre teve uma família numerosa, antiga e rica e “cujos membros sempre figuraram nas posições sociais mais vantajosas; na primeira Legislatura de 1824, cinco membros desta família foram eleitos deputados; na segunda e terceira legislaturas seis Cavalcanti obtiveram essa honra popular; ...E ainda: “Esses Cavalcantis antes da nossa emancipação política já figuravam como capitães-mores, tenentes-coronéis e oficiais de ordenança e milícia e em todos os cargos da governança; os engenhos que a maior parte deles tem foram havidos por herança...” (op. cit.).
                                    (Chichorro da Gama)

Félix Cavalcanti de Albuquerque descendia das mais velhas estirpes do Sul de Pernambuco, com parentesco nas diversas famílias importantes da região, os Melo, os Barros Wanderley, os Bezerra, etc. Destacou-se por ter sido um homem capaz, honrado, vivendo do trabalho honesto, sem nunca ter recorrido a favores políticos para si ou para os seus, nunca obteve um cargo público, simplesmente porque não queria, embora sua família estivesse em ruína financeira. Apesar de provir do meio rural era dotado de alguma instrução, diferentemente de seus parentes, os quais, segundo Gilberto Freire, eram o exemplo de família rica e pouco instruída. Era homem de “muita leitura”: havia lido grande número de livros, revistas, almanaques, até mesmo jornais em que chegou a colaborar. Dentre os livros que possuía se destaca uma obra de Cesare Cantu, católico liberal muito conhecido na Itália por haver publicado uma História Universal em 35 volumes. Era a época em que se discutiam muito sobre a Igreja, o poder civil dos papas, era a época de Pio IX e a luta pelos direitos da Igreja.
                                         (Cesare Cantu)

O relato das memórias desse Cavalcanti mostra um fato social hoje estudado por vários sociólogos: a crescente urbanização do Brasil e em conseqüência a "desruralização" da antiga aristocracia feudal ocorridos a partir de meados do século XIX. Félix Cavalcanti e seus irmãos perderam o engenho com a morte do pai e foram forçados a mudar-se para a cidade a procura de melhores recursos para suas famílias, aliás muito numerosas e de muitos filhos. Em Recife, consegue se manter com um modesto emprego na Santa Casa: “De Félix se pode dizer sem exagero que, dentro da sua modéstia de empregado da Santa Casa, conseguiu conservar, além da nobreza da família, a chamada nobreza moral tão dificilmente preservada em meios urbanos por indivíduos vindos de áreas rurais”.

Assim, Félix Cavalcanti é modelo de um grupo de pessoas que tiveram que abandonar a vida rural pela da cidade, gente que se havia enobrecido pela atividade campestre, com semelhança ao feudalismo europeu, mas que repentinamente se acharam empobrecidas e se viram forçadas a enfrentar a dura vida da cidade.

O velho Félix também possuía muita bondade

Em suas memórias Félix Cavalcanti conta como era sua vida particular e de família. Registrou que quando passava pelas ruas de Recife e ouvia gritos de escravos pedindo ajuda, às vezes maltratados por algum senhor desalmado, ele imediatamente interferia, pedia misericórdia para o pobre coitado. Era comum os senhores de escravos atenderem a tais pedidos feitos por “gente distinta”, como o era Félix Cavalcanti.

Em outra oportunidade, ficou bastante sensibilizado com o pedido de ajuda que alguém lhe fez, e o velho Félix viu-se na obrigação de fazer uma coisa de que não gostava, mas o fez para ajudar alguém: teve que pedir a um filho interferência para conseguir emprego para uma pessoa. O caso marcou tanto sua vida que ele dedica várias páginas de suas memórias o contando.

Um dos momentos em que ele foi mais chamado a praticar suas virtudes foi por ocasião da peste do “cholera morbus”, que vitimou a cidade de Recife a partir de janeiro de 1854. Segundo Félix Cavalcanti, “A morte ameaçando a todos, os cadáveres ficavam insepultos, a cidade entregue à desolação”. E mais adiante: “Via-se com uma mistura de dor e de indiferença morrer o amigo, o pai, o filho e o esposo, e a sensibilidade já adormecida não manifestava o pesar intenso que a todos devia dilacerar”. Houve dia em que falecerem 120, mortandade espantosa numa cidade que contava na época com 6 mil habitantes.

E Félix Cavalcanti se redobrava em cuidados, pois trabalhava na Santa Casa de Misericórdia, onde os moribundos eram atendidos e faleciam. Certa feita deixaram com ele uma mulher dizendo que havia morrido e que providenciasse o enterro. Logo ele verificou que a mulher ainda vivia, conseguiu reanimá-la e, medicando-a, salvou-a.

Eis aí mais um exemplo de bondade que precisamos conhecer e praticar. O Sr. Batista, o principal personagem homenageado neste blog, não chegou a tanto, mas certamente se estivesse numa posição semelhante à do velho Félix teria feito o mesmo, pois esta bondade é própria do sentimento cristão que em nós nasce com o batismo e cresce com a prática dos chamados "conselhos evangélicos", deixados por Nosso Senhor Jesus Cristo para que todo cristão possa atingir a perfeição na prática do Bem. Há algo de comum nestes dois personagens, que é a prática da bondade, esta bondade natural tão característica de nosso sertanejo.

segunda-feira, 7 de março de 2011

CARNAVALCANTE

As inovações do carnaval vão longe: na pequena cidade de Cavalcante, em Goiás, a festa se denomina CARNAVALCANTE em alusão ao nome da localidade. A prefeitura lançou o seguinte convite para a festa:
"Olá a Todos e com grande satisfação que convido a todos (as) para o melhor Carnaval da Chapada dos Veadeiros. Desde 2009 estamos trabalhando com o apoio do nosso padrinho e mestre Carnavalesco Joãosinho Trinta e para este ano já temos um aviso dele: "Quero estar no Carnaval em Cavalcante" com essa afirmação os Blocos de Carnaval de Rua: Unidos do Lava-Pés, Só Nóis e Mais Ninguém, Bloco dos Pé Inchados e Kalunga Alegria da Terra, já se preparam para fazer bonito durante os desfiles.
Esse ano o Carnavalcante 2011, como sempre, traz a tradição do verdadeiro carnaval com marchinhas, Matinês, e a Charanga que faz a puxada do Frevo, além é claro dos desfiles dos blocos que abrilhantam o caranava
Espero todos vocês para pular, brincar um caranval saudável e para todas as idades e relaxar nas deliciosas paisagens e cachoeiras de Cavalcante na Chapada dos Veadeiros".

sábado, 25 de dezembro de 2010

Um Cavalcanti, o primeiro projetista de Brasília.


Foi o Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque que fez o primeiro projeto de construção de Brasília, ainda no governo Café Filho, em 1954. Por aquele projeto, a Capital Federal deveria chamar-se VERA CRUZ. Com a chegada de Juscelino ao poder, em 1955, foi desfeita a Comissão de instalação da nova capital chefiada por aquele marechal e nomeada outra com os nomes que todos nós conhecemos. Por "coincidência", o projeto aprovado por Juscelino era quase igual ao do marechal, com algumas adaptações para as idéias socialistas dos arquitetos então nomeados.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Revelações novas sobre as origens dos Cavalcanti


Encontramos no site "Famiglia Cavalcanti", feito por um membro da família que mora na Ítália, abudante documentação sobre os Cavalcanti. Transcrevemos abaixo o texto em que o mesmo resume uma versão ainda meio mítica (uma fábula, ainda) sobre as origens dessa família:


"Giovanni Cavalcanti na sua Storie Fiorentine descreve a origem da familia que estaria documentada nos arquivos dos Frates Predicatores (Domenicanos?) de Siena. Mas essa origem é uma lenda, uma favola.
A cidade de COLONIA na Alemanha é muito antiga, com uma bela catedral gotica bem no centro, o que confirma o sucesso dos missionarios cristaos enviados pelo papa Gregorio. As margens do Rio Reno, sao belissimos os castelos, e do castelo de San Giglio (St. Giglien ou St. Gilgen-berg em alemao?) sairam 4 irmaos da familia Cavalcanti acompanhados por um chefe exilado da tribo dos Longobardos, essa tribo ocupou a Italia por 200 anos, mas no ano de 775 d.c. chegou a vez dos francos.

A cidade de Firenze em 775 estava decadente, com aproximadamente mil habitantes, fora da rota comercial Parma - Roma, pois os Longobardos usavam um caminho mais seguro pela Garfagnana, e Firenze assim estava isolada e miseravelmente abandonada.
Com a chegada do rei Carlos Magno, abriram-se as rotas comerciais, e com o novo Imperio reformam a republica fiorentina, onde os Cavalcanti foram um dos primeiros consuli eleitos. Os governantes eram eleitos entre os empresarios, fazendeiros e comerciantes, que se organizavam em associaçoes de classe conforme a profissao de cada um. Tinha a Arte della Lanna, Arte dell Cambio, etc.
Nos arquivos da Republica de Firenze encontramos documentos que comprovam um Domenico Cavalcanti no ano 800. Sao manuscritos em papiros e couro de ovelha, (carta pecora) que tem 1200 anos de idade. Estao todos arquivados em maços e guardados no Archivio di Stato di Firenze. Um mundo de burocracia medieval.
Dos 4 irmaos que vieram de Colonia, um se estabeleceu em Firenze e se casou com uma belissima donna Gualdrada, ganhou de presente uma fazenda em San Cassiano Val di Pesa, que se chama Castello delle Monte Calvi. A residencia na cidade de Firenze ficava na via Calimala, bem no centro historico em torno do Mercato Nuovo.
O outro irmao foi morar ao lado do Castelo de Pescia e teve que construir uma grande muralha para se defender dalle strange genti. investiu numa tropa de mulas e fazia o transporte das mercadorias na regiao Toscana. como tinha muitos empregados e muitas mulas que andavam de um lugar para outro, por isso o povo dizia que a nossa familia era muito bem sucedida, Esse irmao teve 6 filhos homens, os quais deram origem aos seis ramos da familia Cavalcanti naquele lado.
O terceiro irmao se estabeleceu em Siena, mas a cidade ainda nao era murada, esse terceiro irmao ficou tao rico e era tao audacioso que conquistou um monte que se chamava Mala Volta e nele construiu uma tremenda fortaleza, tanto fez que pegou o apelido do lugar, a familia ali começou a se chamar Malavolti, mas como origem tinham o nome de Orlandi. Essa fortaleza depois fez parte do sistema de defesa da cidade de Siena.
O quarto irmao foi para Orvieto e se chamam Monaldeschi em homenagem ao ancestral Monaldo Cavalcanti.
Cavalcanti, Malavolti, Orlandi, Monaldeschi sao todos sobrenomes com origens nos ancestrais que vieram em 775 de Colonia na Alemanha, assim diz a lenda! Aos poucos os arquivos historicos vao revelando os documentos e quem sabe provaremos cientificamente essa favola".

Observação: ainda carece de explicação a diferença dos escudos da família. O mais antigo é o primeiro exposto acima, ou que colocamos abaixo, até agora tido como o único verdadeiro? Brevemente, estaremos dando informações sobre isso.





Num dos vídeos abaixo vemos o primeiro escudo exposto numa edificação antiga: seria este o original?





segunda-feira, 19 de julho de 2010

Cavalcanti: nobre família mais numerosa do Brasil


Você deseja saber mais sobre assunto? Então, veja o que transcrevemos abaixo. Reportamo-nos à nossa postagem sobre reportagem do Fantástico, onde é registrado o fato da família Cavalcanti ser a mais numerosa do Brasil, para informar que há um livro publicado em 2001 em que se confirma esta realidade. Trata-se do "Dicionário das Famílias Brasileiras". Reproduzimos abaixo o texto publicado pelo Notizie d'Itália, seção do site Itália Oggi.

Algumas pessoas procuram saber a origem ou a genealogia de suas famílias, e para tanto indicamos também a seguir, além dos links já relacionados abaixo, o de Árvore Genealógica.

Dicionário traz a origem de cerca de 60 mil sobrenomes; para autores, 16% dos brasileiros descendem de italianos
DE: PAULO ROBERTO LOPES


A maior família brasileira é a Cavalcanti, de origem italiana, e não a dos Silvas, diferentemente, portanto, do que a maioria das pessoas pensa. É o que afirmam o pesquisador e deputado Cunha Bueno (PPB-SP) e o historiador Carlos Eduardo Barata, que acabam de lançar 3.000 exemplares da segunda parte do "Dicionário das Famílias Brasileiras", composto por dois volumes, com o total de 2.724 páginas.
Entre os 17.527 verbetes do dicionário está, em detalhes, a história do florentino dom Felipe (ou "Filippo", em italiano) Cavalcanti, que veio para o Brasil em meados do século 16, desembarcando em Pernambuco, onde casou-se com a mameluca (mestiça de branco com índia) Catarina de Albuquerque. Eles tiveram 11 filhos, que iniciaram uma numerosa descendência.
Segundo os autores, 16% dos brasileiros são descendentes de famílias italianas.
Cunha Bueno afirma que os Silvas, embora sejam muitos, não pertencem a uma única família, como a dos Cavalcantis ou Cavalcantes, conforme o sobrenome também passou a ser grafado no Brasil. Além disso, de acordo com Barata, o sobrenome Silva, que já era comum em Portugal na época do descobrimento do Brasil, foi adotado por muitos brasileiros.
Os verbetes contêm cerca de 60 mil sobrenomes de famílias cujas origens, além de portuguesas, indígenas e africanas, são sobretudo espanholas, italianas, alemãs, libanesas e francesas. Estão presentes também grupos étnico-religiosos como o dos judeus.
Para Barata, a obra tem "uma abordagem democrática", não se atendo apenas às famílias da elite, diferentemente do que ocorre no Brasil com a maior parte dos levantamentos genealógicos.
Por isso foram incluídas nos dois volumes do dicionário as famílias das grandes levas de imigração que ocorreram depois da segunda metade do século 19, indo um pouco além de 1945, após a Segunda Guerra Mundial, destacando-se as de italianos, japoneses, alemães e árabes.
Midory Kimura Figuti, diretora do Memorial do Imigrante, em São Paulo, afirma ser justo a inclusão no dicionário dos sobrenomes de pessoas dessas correntes imigratórias. "Afinal, para ser brasileiro, não é preciso ser quatrocentão, ou melhor, quinhentão", disse ela, referindo-se às famílias que estão no Brasil desde os primeiros anos da colonização.
O Memorial do Imigrante está instalado no Brás, centro, em um prédio que fez parte de um conjunto de instalações onde funcionou entre 1886 e 1888 a Hospedaria de Imigrantes, que desde 1882 estava no Bom Retiro (centro). Por ali, passaram cerca de 2,5 milhões de estrangeiros, que foram encaminhados para as lavouras de café de São Paulo.
O museu do memorial é uma das fontes de informação das pesquisas de Cunha Bueno e Barata. Os dois também recorrem a cartórios, igrejas, cemitérios, documentos oficiais e familiares e livros antigos.
Os sobrenomes garimpados são indexados a linhas de família, sendo as principais: africana, batina, do cristão-novo, do degredado, indígena, natural e órfãs da rainha.
A obra está disponível em várias bibliotecas do país. O CD-ROM que acompanha os volumes que estão sendo lançados agora contém todas as informações do dicionário, incluindo as da primeira parte, cuja edição está esgotada.
No CD, estão ascendentes de pessoas que hoje fazem parte do noticiário, como Fernando Henrique Cardoso, Armínio Fraga, Marta Suplicy, Paulo Maluf e Paulo Autran. Mas faltam nomes como o de Gustavo Kuerten, o Guga, de Gisele Bündchen, ambos de ascendência alemã, Ana Paula Arósio, com ancestrais na Itália, e Edson Arantes do Nascimento, o Pelé, da linha africana.
Barata e Cunha Bueno afirmam que já estão preparando uma continuidade do dicionário, que provavelmente será lançado em 2003, e uma edição só para as famílias de origem italiana, prevista para o próximo ano. "As pessoas que ficaram até agora fora do dicionário poderão estar na sequência da publicação", afirma Barata. Ele diz ter um banco de dados com cerca de 300 mil sobrenomes. (FOLHA DE S. PAULO)

"Dicionário das Famílias Brasileiras", de Carlos Eduardo Barata e Cunha Bueno, Edição do Autor, dois volumes, 2.721 páginas. R$ 320,00


Lei autorizou miscigenação
Em 4 de abril de 1755, d. José, rei de Portugal, assina decreto que autoriza a miscigenação de portugueses com índios. "Faço saber aos que este meu Alvará de Lei virem, considerando o quanto convém, que os meus reais domínios da América se povoem e para este fim pode concorrer muito a comunicação com os índios por meio de casamentos", destaca o texto da lei logo no começo.
Cunha Bueno afirma que esse documento registra a diferença fundamental entre a colonização portuguesa em relação a outras, como a holandesa, inglesa e espanhola, nas quais as uniões multirraciais não eram permitidas.
No Brasil, diz Cunha Bueno, a Igreja Católica resistia a esse tipo de casamento, mas a decisão do rei foi pragmática, porque ele precisava de pessoas com sangue português, ainda que misturado com o dos nativos, para ocupar o território descoberto.
O pesquisador Carlos Eduardo Barata afirma que a oficialização da miscigenação com os negros, embora isso já acontecesse nas senzalas, nem sequer foi cogitada pela Corte portuguesa.
Cunha Bueno diz que, mesmo havendo uma oficialização da miscigenação de portugueses com os índios, "há muita dificuldade para levantar informações de famílias que se constituíram a partir desse tipo de união".
Em relação à miscigenação com negro, também não há muita documentação, de acordo com o pesquisador. "Isso porque, entre outras coisas, eles [os negros" acabavam adotando o sobrenome de seus patrões, do local onde estavam ou nomes religiosos." (PRL) (FOLHA DE S. PAULO)
________________________________________
Falta rigor científico, diz especialista
Os levantamentos brasileiros de genealogia não têm nenhum rigor científico e, portanto, não são confiáveis, diz Gilson Nazareth, doutor em comunicação e cultura brasileira.
A maior parte desses trabalhos, afirma, atende apenas ao ego de quem necessita examinar o passado para se valorizar.
Segundo ele, no Brasil os livros de genealogia são mais consultados nos momentos de enriquecimento ou de empobrecimento de segmentos da sociedade.
Nazareth afirma que, nessas circunstâncias, os novos ricos procuram os estudos das famílias para tentar provar aos seus novos pares que não são tão diferentes como parecem ser, e os novos pobres para demonstrar que não são iguais aos seus vizinhos.
Para ele, a genealogia não tem importância para a vida do indivíduo, porque "não é a origem do sangue que faz a pessoa", mas sim o ambiente em que vive, o seu empenho e esforço.
Ele cita Portugal como exemplo de país onde a genealogia tem serventia, porque é utilizada, por exemplo, para estudar a fixação das famílias na terra.
Sobre o dicionário de Carlos Eduardo Barata e Antônio Henrique da Cunha, Nazareth diz que se trata de uma coleta importante de dados sobre a formação das famílias brasileiras, ainda que os sobrenomes que ali estão não tenham sido checados por causa de sua grande quantidade.
"Quanto mais geral é o levantamento de informação, menos exato ele é", diz. "Mas levar ao pé da letra um dicionário é burrice."

sexta-feira, 16 de abril de 2010

O papel de uma estirpe na Nação


São inesgotáveis as reverências à família Cavalcanti no Brasil. Está ela miscigenada com dezenas de outras famílias. No site Multiply há um resumo histórico desta numerosa família. Mas fomos amealhar maiores e melhores informações em nossos historiadores. Veja também no site de Genealogia Pernambucana.


Os Cavalcanti se mesclaram imediatamente com as mais nobres estirpes do País. Quando os holandeses invadiram Pernambuco, alguns descendentes de Filipe Cavalcanti, que já eram numerosos, fugiram para a Bahia e lá se casaram com filhos da terra surgindo os Cavalcanti e Sá ou Cavalcanti de Sá, ou então de Sá Cavalcanti, ou os Ravasco Cavalcanti. Lá mesmo em Pernambuco, além dos citados Cavalcanti de Albuquerque ou Cavalcanti e Albuquerque, surgiram outras estirpes como os Holanda Cavalcanti ou Cavalcanti e Arcoverde.
Na guerra de expulsão dos holandeses ficou famoso um dos filhos de Filipe Cavalcanti, por nome Lourenço, que lutou bravamente contra os invasores após ter seus engenhos saqueados e tomados.
Por todo o Brasil de hoje se conhecem praças, ruas, colégios ou outros logradouros públicos com o nome da família. Em Goiás deram nome a uma cidade, Cavalcante, (com cerca de 8 mil habitantes), provavelmente por causa de Diogo Teles Cavalcante, descobridor das minas de ouro da região. A corruptela da grafia para “Cavalcante” originou uma variante do nome da estirpe, mas isto provavelmente ocorreu em conseqüência de brasileirismo: assim como os Giovani, os Filipi, mudaram aqui para Giovane e Felipe, talvez porque ao registrar os filhos os pais não atentassem para a grafia correta do nome original da família. Em Pernambuco a família sempre foi muito criticada por pessoas que os invejavam por terem sempre assumido posições importantes em cargos públicos e de riqueza. Chegam a dizer, conforme Gilberto Freire, que são conhecidos pelo horror a pagar dívidas.

Principais vultos desta numerosa família:
Lourenço Cavalcanti de Albuquerque – São dois com o mesmo nome, o avô de Gonçalo Ravasco (sobrinho do Padre Vieira), alcaide-mor da Bahia, e o filho de Arnaldo Vasconcelos de Albuquerque (ou Arnao de Holanda Vasconcelos). O primeiro deles veio de Pernambuco para a Bahia lutar contra os holandeses que a haviam invadido em 1624. O Comandante das tropas nacionais era o Bispo Dom Marcos Teixeira, que nomeou Lourenço Cavalcanti como coronel e chefe de guarnições de tropas. Participou do conselho que se reuniu no Rio Vermelho, na Bahia, após a evacuação da cidade pelos moradores. Combateu valorosamente os invasores, merecendo honras e sendo nomeado pelo Governador alcaide-mor. Foi armado Cavaleiro pelo Governador Diogo Luís de Oliveira.
Voltou para Pernambuco, mas em 1643 veio novamente com sua família para a Bahia, permanecendo nela até a morte. Gonçalo Ravasco assim depôs sobre Lourenço:

“Superintendente da infantaria do norte com os poderes de governador, capitão e defensor da capitania de Itamaracá, capitão-mor da Paraíba e governador da cavalaria do mesmo Estado, e havendo procedido com valor nas ocasiões de peleja o fazer mais em particular em impedir as entradas e fazer as aguadas ao inimigo no presídio de Guiana, no socorro das embarcações com despesa de sua fazenda, no reencontro que teve com os holandeses no recôncavo da Bahia e noutros que lhe sucederam no Recife tomando o inimigo a vila de Olinda e assistindo depois no arraial se achar nos muitos sucessos que houve de guerra socorrendo ao capitão do campo em uma investida que o inimigo lhe fez no Recife deixar feito um forte à custa de sua fazenda, na peleja das Salinas, na junto à casa sua em muitas emboscadas da ponte da vila, e na dos Afogados obrar com resolução, e com a mesma pôr fogo ao campo em que esteve quase abrasado o inimigo, e vir a todo o risco descobrir o sítio para uma trincheira que lhe havia de dar cargas, e do trabalho do caminho adoecer gravemente, nos mais reencontros de guerra enquanto serviu, houve com os holandeses batalhas que se lhe deram se haver com tão particular valor que foi grande parte das vitórias que se alcançaram para o efeito das quais despendeu muito de sua fazenda com os cavalos e escravos e cria os com os que nelas se achava, na peleja das praias de Abray fazer retirar o inimigo ao mar com grande perda de gente, e em tudo proceder sempre com particular resolução sustentando muitas vezes a gente de guerra por sua fazenda”, etc. (Pedro Calmon, vol. I, pp. 56/57).

O outro Lourenço Cavalcanti era sobrinho do primeiro, filho de D. Filipa de Albuquerque, irmã deste, e que se casara na Bahia e deixara numerosa prole. Seu pai era Antônio de Holanda, filho de Arnao de Holanda. Preservou, porém, no nome apenas a família da mãe: Cavalcanti de Albuquerque.
Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque – Fidalgo cavaleiro da Casa Real e professo da Ordem de Cristo. Lutou valorosamente nas guerras de expulsão dos holandeses. Na invasão de Pernambuco teve que deixar três engenhos que possuía para fugir com a população e preparar as guerrilhas. Antes da fuga, como o fizeram os outros senhores de engenho, ateou fogo em tudo. Posteriormente foi nomeado Governador de Cabo Verde.
Filipe Cavalcanti de Albuquerque – Filho de Antônio Cavalcanti de Albuquerque e D. Isabel de Góes, foi fidalgo cavaleiro da Casa Real e também professo da Ordem de Cristo. Lutou nas guerras contra os holandeses, e depois da restauração viveu muitos anos em Ipojuca, onde faleceu. É bom lembrar que os Góes, família de D. Isabel, também eram originários da Holanda.

Os Cavalcanti de destaque até nossa época
Família numerosa e miscigenada com várias outras, os Cavalcanti se disseminaram por todo o Nordeste durante os séculos XVII e XVIII, e nos últimos tempos, até nossa época, por todo o País. É considerada hoje a família mais numerosa do Brasil. Oriundos de diversas famílias tivemos os políticos: Agostinho Bezerra Cavalcante e Souza (1788-1825), pernambucano, que foi morto executado por participar da revolta da Confederação do Equador; Amaro Bezerra Cavalcanti, nascido em Caicó(RN) em 1851 e falecido no Rio de Janeiro em 1922, senador e político de destaque no Império; Antônio de Freitas Cavalcanti, nascido em Penedo(AL) em 1908, foi constituinte de 46 e deputado federal; Carlos de Lima Cavalcanti, nascido em Pernambuco em 1892 e falecido no Rio em 1967, participou ativamente da revolução de 30 e tornou-se interventor em Pernambuco até 35; José Costa Cavalcanti, nascido em Fortaleza no ano de 1918 e falecido no Rio em 1991, foi militar e político, um dos articuladores da Revolução de 1964, tornando-se depois deputado federal por Pernambuco; José Francisco de Moura Cavalcanti, pernambucano nascido em 1912, foi Governador de seu Estado em 1974; Leonardo Bezerra Cavalcanti, nascido em Pernambuco no final do século XVII, participou da revolta dos Mascates; Sandra Cavalcanti (Sandra Martins Cavalcanti de Albuquerque), nascida em Belém(PA) em 1929, tornou-se uma mais ativas políticas do Rio, chegando a ser eleita deputada federal; Tenório Cavalcanti, polêmico político do Rio, nasceu em Palmeira dos Índios (AL), em 1906, e faleceu no Rio em 1987, tornou-se deputado estadual por quatro vezes e chegou a ser eleito deputado federal.

Militares, médicos e outras profissões de destaque
Mas não foram só políticos os Cavalcanti. Assim tivemos os militares: Antônio da Rocha Bezerra Cavalcanti, nascido no Rio Grande do Norte em 1837 e que participou heroicamente da Guerra do Paraguai; Antônio Pompeu de Albuquerque Cavalcanti, nascido em Fortaleza em 1840 e falecido no Rio em 1903, também é um dos heróis da Guerra do Paraguai; Filinto Alcino Braga Cavalcanti, nasceu em Sobral (CE) em 1862, foi chefe da expedição que explorou o Alto Araguaia e traçou vários mapas do Amapá e da fronteira nossa com a Guiana Francesa; Manuel Tibúrcio Cavalcanti, nasceu em Morada Nova (CE) em 1882 e faleceu em Curitiba (PR) em 1939, tendo participado da Comissão Rondon.
Outros personagens importantes desta família: Artur de Siqueira Cavalcanti, médico nascido em Amaraji (PE) em 1893, foi ele que organizou o banco de sangue do Estado do Rio de Janeiro; Carlos Cavalcanti, crítico e historiador de arte, nasceu em Camocim (CE) em 1909 e faleceu no Rio em 1974; Gonçalo Vieira Ravasco de Albuquerque Cavalcanti, sobrinho do Padre Vieira, nasceu na Bahia em 1659 e nela faleceu em 1725, escritor de autos sacrossantos; Manuel Cavalcanti Proença, militar, escritor, intelectual de destaque na literatura nacional, nasceu em Cuiabá(MT) em 1905 e faleceu no Rio em 1966, ficou famoso também como estudioso de biologia tendo viajado com o general José Pessoa Cavalcanti numa expedição ao Norte em 1948; Manuel Tavares Cavalcanti, nasceu em Laranjeiras (PB) em 1881 e faleceu em João Pessoa no ano de 1950, historiador, escreveu obras sobre a história da Paraíba; Temístocles Brandão Cavalcanti, carioca, nasceu no Rio em 1899, onde veio a falecer em 1980, jurista, advogado e professor universitário, autor de extensa obra jurídica chegou a exercer o cargo de Ministro do Supremo Tribunal Federal; Tito Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, fisiologista, nasceu em Taquaritinga (SP) em 1905 e faleceu no Rio em 1990, pesquisador, era membro da Academia Brasileira de Ciências.
Também no meio artístico os Cavalcanti se destacaram. Assim, temos o famoso Di Cavalcanti, cujo nome verdadeiro era Emiliano Augusto Cavalcanti de Albuquerque Mello, pintor e caricaturista, nascido no Rio em 1897, onde faleceu em 1976, foi um dos idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922 e produziu vasta obra revolucionária na pintura; Alberto de Almeida Cavalcanti, nasceu no Rio em 1897 e faleceu em Paris em 1982, cineasta; Cláudio Murillo Cavalcanti, nascido no Rio em 1941, ator da TV Globo; Flávio Barbosa Cavalcanti, radialista e apresentador de TV, nascido em Petrópolis (RJ) em 1923 e falecido em São Paulo no ano de 1986; José Vicente França Cavalcanti, nasceu em Sobral (CE) em 1852, onde veio a falecer em 1898, jornalista, destacou-se como abolicionista e republicano escrevendo no jornal “A Ordem”; Newton Cavalcanti, nascido em Bom Conselho (PE), ano de 1930, gravador, desenhista e pintor de forte teor expressionista.

Religiosos

Vimos acima personagens de várias categorias profissionais nascidos em diversos estados brasileiros, principalmente no Nordeste. No entanto, poucos foram os Cavalcanti que se dedicaram à Religião. Dos filhos de Filipe Cavalcanti, pelo menos dois foram religiosos: Manuel Cavalcanti, que professou no Convento de Santo Antônio de Olinda em 9 de novembro de 1608; e Paulo Cavalcanti, que professou também num convento franciscano, mas em Portugal, no ano de 1632. O religioso mais famoso dos Cavalcanti foi o primeiro cardeal do Brasil e da América Latina: Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, nascido em Pesqueira (PE) no ano de 1850 e falecido no Rio em 1930. Em 1894 foi nomeado arcebispo do Rio de Janeiro e em 1905 recebeu o chapéu cardinalício. Publicou grande quantidade de cartas pastorais e uma “Síntese de filosofia”.
Há também que se destacar os vultos femininos desta numerosa família. No século XIX viveu a escritora Ana Alexandrina Cavalcanti de Albuquerque, filha do tenente-coronel Joaquim Cavalcanti de Albuquerque, pertencente à elite açucareira do Nordeste. Escreveu seu primeiro poema aos 15 anos de idade e, mais tarde, entusiasmada pelo sucesso obtido passou a enviar seus escritos para os jornais. Publicou apenas um romance, intitulado “O Escravo”. No início do século XX, conhecemos também a deputada pernambucana Adalgisa Rodrigues Cavalcanti, revolucionária pertencente ao Partido Comunista.

sexta-feira, 5 de março de 2010

O papel de uma estirpe na Nação

Estamos nos aproximando do centenário do nascimento do Sr. Batista a ser comemorado no dia 15 de novembro de 2011. Até lá, vamos enriquecer os conhecimentos sobre sua família. Aqui vão mais alguns dados.
Os Cavalcanti se mesclaram imediatamente com as mais nobres estirpes do País. Quando os holandeses invadiram Pernambuco, alguns descendentes de Filipe Cavalcanti, que já eram numerosos, fugiram para a Bahia e lá se casaram com filhos da terra surgindo os Cavalcanti e Sá ou Cavalcanti de Sá, ou então de Sá Cavalcanti, ou os Ravasco Cavalcanti. Lá mesmo em Pernambuco, além dos citados Cavalcanti de Albuquerque ou Cavalcanti e Albuquerque, surgiram outras estirpes como os Holanda Cavalcanti ou Cavalcanti e Arcoverde.
Na guerra de expulsão dos holandeses ficou famoso um dos filhos de Filipe Cavalcanti, por nome Lourenço, que lutou bravamente contra os invasores após ter seus engenhos saqueados e tomados.
Por todo o Brasil de hoje se conhecem praças, ruas, colégios ou outros logradouros públicos com o nome da família. Em Goiás deram nome a uma cidade, Cavalcante, (com cerca de 8 mil habitantes), provavelmente por causa de Diogo Teles Cavalcante, descobridor das minas de ouro da região. A corruptela da grafia para “Cavalcante” originou uma variante do nome da estirpe, mas isto provavelmente ocorreu em conseqüência de brasileirismo: assim como os Giovani, os Filipi, mudaram aqui para Giovane e Felipe, talvez porque ao registrar os filhos os pais não atentassem para a grafia correta do nome original da família. Em Pernambuco a família sempre foi muito criticada por pessoas que os invejavam por terem sempre assumido posições importantes em cargos públicos e de riqueza. Chegam a dizer, conforme Gilberto Freire, que são conhecidos pelo horror a pagar dívidas.

Principais vultos desta numerosa família:
Lourenço Cavalcanti de Albuquerque – São dois com o mesmo nome, o avô de Gonçalo Ravasco (sobrinho do Padre Vieira), alcaide-mor da Bahia, e o filho de Arnaldo Vasconcelos de Albuquerque (ou Arnao de Holanda Vasconcelos). O primeiro deles veio de Pernambuco para a Bahia lutar contra os holandeses que a haviam invadido em 1624. O Comandante das tropas nacionais era o Bispo Dom Marcos Teixeira, que nomeou Lourenço Cavalcanti como coronel e chefe de guarnições de tropas. Participou do conselho que se reuniu no Rio Vermelho, na Bahia, após a evacuação da cidade pelos moradores. Combateu valorosamente os invasores, merecendo honras e sendo nomeado pelo Governador alcaide-mor. Foi armado Cavaleiro pelo Governador Diogo Luís de Oliveira.
Voltou para Pernambuco, mas em 1643 veio novamente com sua família para a Bahia, permanecendo nela até a morte. Gonçalo Ravasco assim depôs sobre Lourenço: “Superintendente da infantaria do norte com os poderes de governador, capitão e defensor da capitania de Itamaracá, capitão-mor da Paraíba e governador da cavalaria do mesmo Estado, e havendo procedido com valor nas ocasiões de peleja o fazer mais em particular em impedir as entradas e fazer as aguadas ao inimigo no presídio de Guiana, no socorro das embarcações com despesa de sua fazenda, no reencontro que teve com os holandeses no recôncavo da Bahia e noutros que lhe sucederam no Recife tomando o inimigo a vila de Olinda e assistindo depois no arraial se achar nos muitos sucessos que houve de guerra socorrendo ao capitão do campo em uma investida que o inimigo lhe fez no Recife deixar feito um forte à custa de sua fazenda, na peleja das Salinas, na junto à casa sua em muitas emboscadas da ponte da vila, e na dos Afogados obrar com resolução, e com a mesma pôr fogo ao campo em que esteve quase abrasado o inimigo, e vir a todo o risco descobrir o sítio para uma trincheira que lhe havia de dar cargas, e do trabalho do caminho adoecer gravemente, nos mais reencontros de guerra enquanto serviu, houve com os holandeses batalhas que se lhe deram se haver com tão particular valor que foi grande parte das vitórias que se alcançaram para o efeito das quais despendeu muito de sua fazenda com os cavalos e escravos e cria os com os que nelas se achava, na peleja das praias de Abray fazer retirar o inimigo ao mar com grande perda de gente, e em tudo proceder sempre com particular resolução sustentando muitas vezes a gente de guerra por sua fazenda”, etc. (Pedro Calmon, vol. I, pp. 56/57).
O outro Lourenço Cavalcanti era sobrinho do primeiro, filho de D. Filipa de Albuquerque, irmã deste, e que se casara na Bahia e deixara numerosa prole. Seu pai era Antônio de Holanda, filho de Arnao de Holanda. Preservou, porém, no nome apenas a família da mãe: Cavalcanti de Albuquerque.
Jerônimo Cavalcanti de Albuquerque – Fidalgo cavaleiro da Casa Real e professo da Ordem de Cristo. Lutou valorosamente nas guerras de expulsão dos holandeses. Na invasão de Pernambuco teve que deixar três engenhos que possuía para fugir com a população e preparar as guerrilhas. Antes da fuga, como o fizeram os outros senhores de engenho, ateou fogo em tudo. Posteriormente foi nomeado Governador de Cabo Verde.
Filipe Cavalcanti de Albuquerque – Filho de Antônio Cavalcanti de Albuquerque e D. Isabel de Góes, foi fidalgo cavaleiro da Casa Real e também professo da Ordem de Cristo. Lutou nas guerras contra os holandeses, e depois da restauração viveu muitos anos em Ipojuca, onde faleceu. É bom lembrar que os Góes, família de D. Isabel, também eram originários da Holanda

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Origem da Família Cavalcanti

Cavalcanti ou Cavalcante- Família originária da Itália, que se diz ter vindo da França antes do século XIV. A prova da antiguidade da família é constatada por Guido Cavalcanti, nascido em Florença por volta de 1255, poeta famoso, precursor de Dante Alighieri na literatura renascentista denominada “dolce stil nuovo”. Baptista Cavalcanti, ilustre fidalgo de Florença, muitos anos depois de Guido, casou-se com Francesca Achioli, filha de Zenóbio Achioli e de Catarina Delfim. Tiveram como filhos Rodrigo e Antônio Cavalcanti, o primeiro dos quais foi morar em Castela, onde deixou nobre descendência. O outro, Antônio Cavalcanti, teve como filho Filipe Cavalcanti, que mudou-se para Portugal e de lá para o Brasil.
Filipe Cavalcanti foi acolhido em Pernambuco por Duarte Coelho e seu cunhado Jerônimo de Albuquerque, por volta de 1548. Jerônimo de Albuquerque era casado com uma princesa indígena, D. Maria do Espírito-Santo Arco-Verde, tendo deixado uma numerosa geração de 24 filhos. Foi dela que se originou a família Cavalcanti Arcoverde. Casou-se, então, Filipe Cavalcanti com uma das filhas de Jerônimo de Albuquerque e Maria de Arco-Verde, D. Catarina de Albuquerque, daí se originando a estirpe dos Cavalcanti de Albuquerque. Filipe e D. Catarina tiveram onze filhos.
Diz-se que os pais de Filipe Cavalcanti eram descendentes do Duque Cosme de Médici (chamado Cosme I) e de Giovanni Cavalcanti mais D. Genebra Manelli (ou Magnelle). Daí haver o mesmo Felipe recebido título de nobreza do referido Duque em 23.8.1559.
Jaboatão diz que por causa de uma conjuração, que fez com seus parentes Holdo Cavalcanti, Randolfo Pucci e outros, contra o duque Cosme de Médicis, fugiu para Portugal, e não se dando por seguro na Europa passou a Pernambuco.
Em torno de 1578 diz dele seu compatrício e conhecido Filipe Sassetti, que perambulava em Portugal, em carta a um amigo de Florença: “É homem de grande autoridade e que se impõe a todos, até mesmo ao governador. Dizem tem grande estado, com muitos pajens e cavalos, e gasta por ano mais de cinco mil escudos. Seu negócio é de engenhos de açúcar”. (J. Lúcio de Azevedo, Viagens de um florentino a Portugal e à Índia, séc. XVI, in Rev. de Hist. 13º vol., pág. 113, Lisboa, 1924).
De seu consórcio com D. Catarina nasceram onze filhos. A data de sua morte não se apurou ainda; sabe-se que de alguns anos sobreviveu ao sogro e precedeu à esposa, que em 4 de junho de 1614 lhe foi fazer companhia na mesma sepultura, na matriz de São Salvador, em Olinda.
(cf. “História Geral do Brasil” – vol. I, pág. 297, Francisco Adolfo de Varnhagen).
Há um ramo da família que trocou o "i" final por um "e", talvez por puro brasileirismo, como ocorre, por exemplo, com alguns nomes como Giovani, que são modificados no momento de se registrar os filhos nos cartórios.

quinta-feira, 9 de julho de 2009

Temos um visconde entre os Cavalcanti

Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, visconde de Cavalcanti
Armas do visconde de Cavalcanti, as mesmas das famílias Albuquerque e Cavalcanti.


Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque, primeiro e único visconde de Cavalcanti, (Pilar, 9 de novembro de 1829 — Juiz de Fora, 14 de junho de 1899) foi advogado e político brasileiro.
Filho de Diogo Cavalcanti de Albuquerque e de Ângela Sofia Cavalcanti Pessoa, cursou o ensino primário em Pilar e o secundário no Liceu Paraibano, formando-se em direito pela Escola de Recife em 1852.
Foi promotor público em Areia e diretor da Instrução Pública da província da Paraíba (cargo que corresponde hoje ao de Secretário da Educação). Assumiu também o Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e o Ministério da Justiça, além de dirigir o Ministério dos Estrangeiros. Presidente das províncias do Piauí, de 5 de novembro de 1859 a 1 de maio de 1860, do Ceará, de 27 de agosto de 1868 a 24 de abril de 1869, e de Pernambuco, de 10 de novembro de 1870 a 1871, foi responsável pela construção da Estrada de Ferro Conde d'Eu na Paraíba, que ligava Cabedelo a Alagoa Grande, e pela extensão da linha telegráfica de Recife a João Pessoa.
Além de elaborar relatórios e pareceres para o Império, foi o autor de uma monografia que apresentava os primeiros anos da república brasileira intitulado "Notice generale sur les principales lois promulgués au Brésil de 1891 a 1894".
Marcou o primeiro registro fonográfico do Brasil em 1889, após uma amostra de sua voz ser gravada em um disco cilíndrico.
Foi cavaleiro grã-cruz da Ordem de Cristo de Portugal e da Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.

A Ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa é uma ordem honorífica dinástica portuguesa cujo Grão-Mestre é o Duque de Bragança. Foi instituída por Dom João VI em 6 de fevereiro de 1818, dia da sua aclamação, no Rio de Janeiro. O objetivo do rei era homenagear a Padroeira (designada por alvará de 1646), por Portugal ter sobrevivido, como país independente, às guerras napoleônicas que tinham assolado o país e a Europa. Até 1910 foram agraciados com esta ordem várias personalidades, essencialmente oriundas da nobreza e da aristocracia. O governo provisório em 1910 extinguiu-a como ordem militar, embora o rei Dom Manuel II no exílio e os duques de Bragança que lhe sucederam tenham continuado a utilizar as insígnias desta ordem, só recentemente o atual duque de Bragança a reabilitou como ordem dinástica honorífica da família real portuguesa, distinguindo várias personalidades que agracia com o grau de cavaleiros da ordem na festa de 8 de Dezembro em Vila Viçosa.
A insígnia desta ordem (de banda azul com risca branca ao meio) é constituída por um medalhão coroado, em forma de estrela, com um círculo ao centro onde se lêem as letras AM, com a inscrição Padroeira do Reino e foi desenhada por Jean Baptiste Debret em 1818.


O Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa é também conhecido por Solar da Padroeira, por nele se encontrar a imagem de Nossa Senhora da Conceção, Padroeira de Portugal. A igreja, que é simultaneamente Matriz de Vila Viçosa, fica situada dentro dos muros medievais do castelo da vila, não se podendo porém precisar a data exata da sua fundação, sendo que a existência da matriz é já assinalada na época medieval. O edifício atual resulta da reforma levada a cabo em 1569, reinando Dom Sebastião, sendo um amplo templo de três naves, onde o mármore regional predomina como material utilizado na construção. Segundo a tradição, a imagem da padroeira terá sido oferecida pelo Condestável do Reino, São Nuno de Santa Maria, que a terá adquirido na Inglaterra. A mesma imagem teve a honra de, por provisão régia de Dom João IV, referendada em cortes gerais, ter sido proclamada Padroeira de Portugal em 25 de março de 1646. A notável imagem, em pedra de ançã, encontra-se no altar-mor da igreja, estando tradicionalmente coberta por ricas vestimentas (muitas delas oferecidas pelas Rainhas e demais damas da Casa Real). Neste Santuário nacional estão sediadas as antigas Confrarias de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e dos Escravos de Nossa Senhora da Conceição. O Papa João Paulo II visitou este Santuário durante a sua primeira visita a Portugal, em 14 de maio de 1982. A grande peregrinação anual ao Santuário de Vila Viçosa celebra-se a 8 de dezembro, solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira Principal de Portugal. Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa foi também declarada padroeira da Arquidiocese de Évora.
Diogo Velho Cavalcanti de Albuquerque é patrono da cadeira número 13 da Academia Paraibana de Letras, que tem como fundador João Ribeiro da Veiga Pessoa Júnior.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Visconde de Pirajá: um herói esquecido

Um dos maiores heróis da luta de independência havida no Brasil foi o Conde de Pirajá, cujo nome o coloca como um dos membros da família Cavalcanti. Era um dos descendentes da família Garcia D'Ávila, que construiu o famoso "Castelo da Torre", ou a "Casa da Torre de Garcia D'Ávila", como é ainda hoje chamado. Segundo estudiosos seu nome era composto desta forma; 1 - "Antonio": Nome constante da Certidão de Batismo 2 - “Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque” - Nome constante do Decreto Imperial de D. Pedro I, que criou o título de Barão da Torre de Garcia D'Avila, identificado, nobiliarquicamente, como nome "oficial", para titulação, não impedindo que o titular usasse outros nomes de famílias das quais descendia, como era muito comum na época, até como prova para possíveis heranças. 3 - "Antonio Joaquim Pires de Carvalho e Albuquerque Cavalcanti Machado de Avila Pereira"– Nome usado largamente pelo Visconde da Torre, identificando e registrando famílias ascendentes, como consta de inúmeros documentos oficiais, como procurações, requerimentos, atestados, registros de propriedades, etc
Patriota exemplar, o Visconce de Pirajá lutou contra as tropas portuguesas, vindo a comprometer todos seus recursos financeiros, gado e bens de família para financiar o confronto. D. Pedro I reconheceu os inestimáveis serviços que o mesmo prestou à Pátria e concedeu-lhe o título de "Visconce de Pirajá", haja vista sua intensa atuação na "guerra de pirajá", ocasião em que desbaratou as tropas portuguesas. Tal título, porém, não foi suficiente para recuperar sua fortuna, pois naquele tempo os homens recebiam títulos por seus valores morais e nunca por causa de fatores econômicos: nenhuma recompensa pecuniária foi dado pelo Governo ao herói, que morreu pobre.
No fim de sua vida o Visconde de Pirajá ficou doente mentalmente. Sua família desterrou-o numa de suas fazendas ou sítios que ainda restavam, mas sua loucura piorava a cada dia. Era necessário levá-lo à Salvador para tratamento de saúde, mas o mesmo se recusava obstinadamente. Só obedeceria a uma ordem do Imperador, a quem tinha verdadeira veneração. Apresentou-se a ele, então, um amigo, montado a rigor com as insígnias e roupas de mensageiro imperial, lendo uma pretensa ordem de seguir imediatamente para Salvador,"por ordem do governo imperial, D. Pedro I". Respondeu o visconde; "sendo por ordem do Imperador, então irei". E seguiu pacificamente para o manicômio, onde viveu o resto de seus dias. Faleceu a 29 de julho de 1848, 25 após a guerra de independência. O fabuloso e fortificado"castelo", que era também casa senhorial, encontra-se hoje em ruínas como se vê na foto ao lado.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Os Cavalcante fazem história

Podemos imaginar o nosso personagem, Lourenço Cavalcanti (aquele herói da Ressurreição Pernambucana, que lutou bravamente contra os holandeses, e citado em postagem anterior) vestido com a indumentária acima. Sim, não é Lourenço Cavalcanti o personagem acima, mas Domingos Jorge Velho, o bravo bandeirante que exterminou (mais de 30 anos depois da expulsão dos holandeses) um grupo que havia se formado por influência dos invasores: o quilombo dos palmares.
Outros Lourenço Cavalcanti fizeram história. Um deles chamava-se Lourenço Cavalcanti de Albuquerque Maranhão, primeiro e único barão de Atalaia, (Águas Belas, 1804 – Cantagalo, 13.2.1867), foi advogado, político e militar, além de comendador, coronel da Guarda Nacional e deputado provincial por Alagoas em diversas legislaturas.
Filho de Lourenço Bezerra Cavalcanti de Albuquerque e de Josefa Florentina de Albuquerque Maranhão, casou-se com Ana Luísa Vieira de Sinimbu, irmã do Visconde do Sinimbu, com a qual deixou descendência.
Possuía um sobrado no centro de Maceió, onde hospedou o imperador D. Pedro II certa vez. Devido a rixas com o Barão de Jaraguá, teve a vista que o sobrado tinha para o mar prejudicada pela construção de uma alta torre no sobrado daquele, que era vizinho. Posteriormente, foi jurado de morte pelos irmãos Morais, um bando de cangaceiros.
Títulos nobiliárquicos
Comendador da Imperial Ordem de Cristo e da Imperial Ordem da Rosa. Barão de Atalaia com honras de Grandeza. Título conferido por decreto imperial em 19 de feveiro de 1858 e grandezas em 14 de março de 1860. Refere-se à cidade alagoana de Atalaia, onde se concentrou a resistência alagoana quando da revolução de 1817. Por sua lealdade,D. João VI elevou a comarca pernambucana à condição de província de Alagoas, pela qual o nobre fora deputado diversas vezes.
Um outro foi o Político Lourenço Cavalcanti de Albuquerque, nascido em Pernambuco, em 1824. Foi Ministro dos Estrangeiros (1882) e da Agricultura, Comércio e Obras (1889), deputado da Câmara Geral por Alagoas e presidente da província de Pernambuco. Morreu no Rio de Janeiro, em 1918.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Os Cavalvante perante a História

Invasão holandesa:
Sebastião da Rocha Pita, o famoso cronista baiano do século XVII, casou-se com D. Ana Cavalcanti de Albuquerque, aliando-se então às melhores famílias pernambucanas, Cavalcanti e Albuquerque, exilados na Bahia desde 1635 por causa da invasão holandesa. D. Ana Cavalcanti de Albuquerque era filha de Cristóvão Cavalcanti de Albuquerque, que acompanhara o pai, Filipe Cavalcanti, e de sua primeira mulher D. Isabel de Aragão, no êxodo de 1635, fugindo de Pernambuco para a Bahia por causa da invasão holandesa. Lourenço Cavalcanti de Albuquerque também emigrou para a Bahia com sua família e foi destacado herói da guerra de expusão dos hereges holandeses de nosso solo pátrio.
Lourenço Cavalcanti foi herói da ressurreição pernambucana e detinha o título, concedido por Matias de Albuquerque, de Governador das Salinas e da Casa da Asseca, na margem do Rio Beberibe, em Recife. Tomou parte em batalhas importantes, como em 14 de março de 1630, pondo em fuga cerca de 2 mil holandeses e matando quase 170, enquanto dos nossos só morreram 16. No ano seguinte, 1631, Lourenço Cavalcanti teve destacada atuação na guerra, ora fornecendo soldados, ora dirigindo seus capitães.
(V. "Memórias da Guerra do Brasil", de Duarte de Albuquerque Coelho - Fundação Cultural Cidade do Recife - 1981,).

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Cavalcanti, a família mais numerosa do Brasil


Vejam o texto de reportagem publicada pelo "Fantástico" em 2001:



Qual é a maior família do Brasil?

Engana-se quem respondeu Silva: a maior família do Brasil é a Cavalcanti. Ou Cavalcante, se você preferir. Depois de 20 anos de pesquisas em livros, documentos e até em cemitérios, dois genealogistas descobriram a origem da família Cavalcanti: em 1535, o Florentino Dom Felipe Cavalcanti chegou ao Brasil. Ele desembarcou em Pernambuco. Lá, o comerciante se casou com Catarina de Albuquerque, com quem teve 11 filhos. Esses 11 filhos foram se casando e deram origem à maior família brasileira. A conclusão é do genealogista Carlos Barata. O que faz dos Cavalcanti a maior família do Brasil é o fato de ela ter um ancestral em comum: Dom Felipe Cavalcanti. O resultado da pesquisa é uma surpresa, porque a família Silva é a que sempre teve fama de ser a mais numerosa: Os Silvas são diversas famílias diferentes, não tem a mesma relação de sangue entre elas. Os Cavalcanti são todos um só, desfaz o mito Carlos Barata. Quem viver em Pernambuco, não se faça de rogado, pois há de ser Cavalcanti ou há de ser cavalgado: este verso virou símbolo do poder dos Cavalcanti em Pernambuco. O ex-governador do Estado, Joaquim Francisco Cavalcanti, e o escritor Ariano Suassuna, apesar dos nomes diferentes, fazem parte da família Cavalcanti: Os diversos ramos da família assumiam o nome da terra. Os Cavalcanti do meu lado moravam num engenho aqui em Pernambuco chamado Suassuna. Então, ficaram sendo chamados por Cavalcanti de Albuquerque Suassuna, conta o escritor. O sobrenome se perde também, fica camuflado. Um Paes Barreto pode ser um Cavalcanti, um Buarque pode ser um Cavalcanti, diz Carlos Barata. Isso mesmo: o compositor Chico Buarque também descende dos Cavalcanti. Assim como os escritores Gilberto Freire e José Lins do Rego. Em algum lugar do passado, todos têm uma ligação com PC Farias, que também é um Cavalcanti. Se você quiser saber se também pertence à maior família brasileira, faça sua árvore genealógica. Comece a pesquisa por você. Pegue seu nome completo, o de seus pais, e o local de nascimento de todo mundo. Agora, faça o mesmo com seus avós. Em seguida, com os pais dos seus avós. Depois, com os pais dos pais dos seus avós. E assim vai... Quando você chegar por volta de 1889, é bem provável que não encontre mais registros de nascimento, de casamento, ou de óbito. Essas coisas não existiam antes da proclamação da república. Aí você tem de partir para as certidões de batismo. Prepare-se para revirar documentos muito antigos... Noventa e nove por cento dos Cavalcanti são descendentes de Felipe Cavalcanti, afirma Carlos Barata. Também pudera: como eles gostavam de ter filhos! Meu avô, Joaquim Francisco de Melo Cavalcanti, dizia: Nem menos de 12 nem mais de 24, ele recomendava às filhas. Ele tinha 10 filhas e três filhos, conta o ex-governador. Será que você também é um Cavalcanti?* Matéria sobre a Família Cavalcanti. Fantástico 02/09/2001É verdade; a família Cavalcanti ou Cavalcante é a maior do Brasil e tem o mesmo ancestral, o italiano Felipe Cavalcanti. Esse fato sempre foi do conhecimento dos pesquisadores e de muitos integrantes dessa família, principalmente os radicados no Nordeste. Mas, afinal, qual a grafia correta? Ambas são corretas. Não resta dúvida que a primeira é a original, todavia o próprio genealogista Carlos Eduardo de Almeida Barata, ao apresentar o Dicionário das Famílias Brasileiras (Vol. I, XI), juntamente com o genealogista Antonio Henrique da Cunha Bueno, diz que muitos sobrenomes de origem italiana perderam suas grafias originais, adaptando-se à fonética e à pronúncia brasileira. Assim, transformou-se a terminação italiana - i na portuguesa e {Cavalcanti para Cavalcante}. Logo, não há diferença. Não obstante Cavalcanti configurar-se como original, impõe-se dizer que Dante, no Canto nº 10, da Divina Comédia, dá-nos a conhecer Cavalcante Cavalcanti, pai do poeta e filósofo Guido Cavalcanti, amigo do autor do magistral poema. Assim, antes de 1300 o onomástico Cavalcante é conhecido. A propósito, o pesquisador Raimundo Silva Cavalcante diz que Cavalcanti é derivado da palavra calabresa Cavalcante, que significa treinador de cavalos. Se acaso o Cavalcante que Dante introduziu no Inferno tivesse sido o iniciador da família poder-se-ia entender, visto que Cavalcanti seria o plural, mas esse Cavalcante já é descrito como pertencente à nobre e antiga família Cavalcanti. Sobre isto, leia-se Cavalcante Cavalcanti na A Divina Comédia. No Ceará, conhecem-se vários casos de membros da mesma linhagem, até entre irmãos, que grafam o sobrenome de modo diferente, ou seja, com a terminação e ou i. Temos o domínio sobre as duas grafias, mas para efeitos práticos, usaremos a terminologia Cavalcante. É de se esclarecer que esta home page não tem por objetivo principal realizar pesquisas genealógicas, todavia os interessados poderão consultar o verbete CAVALCANTI, extraido do Dicionário das Famílias Brasileiras, de autoria dos genealogistas Cunha Bueno e Carlos Barata, disponível neste site. É provável que do Dicionário sejam arquitetadas muitas árvores genealógicas. Como reforço ao que está no Dicionário, recomendamos a leitura do livro Genealogia dos Cavalcantis e Albuquerques, de autoria de Adalgira Bittencourt, publicado em 1965 no Rio de Janeiro pela Editora Livros de Portugal, com 463 páginas. Este livro esteve em nosso poder mas se encontra extraviado. É obra imprescindível. Particularmente, gostariamos de receber informações sobre os descendentes do Major Manoel Joaquim Cavalcante de Albuquerque, casado com Joana Batista Vieira, de Pedra Branca-Ceará. Dois de seus netos, filhos do Juiz de Direito Manoel Joaquim Cavalcante de Albuquerque e de Felícia Linda Leitão, de igual nome, médico, e outro com o nome de Diogo, farmaceutico, foram na década de 10 para o Rio de Janeiro. Um filho do Major, de nome Adolfo Cavalcante de Albuquerque, foi para o Amazonas. Não dispomos de informações concretas sobre descendentes de Adolfo. Temos cópia do Inventário do Major realizado em 1877 na Comarca de Pedra Branca - Ceará. Como ponto de referência e para servir de liame, informamos que o Major Manoel Joaquim é ascendente do ex-deputado federal Alvaro Lins Cavalcante e dos ex-deputados estaduais Sabino Vieira Cavalcante e Deusemar Lins Cavalcante, e dos médicos Alcimo Cavalcante de Aguiar, ex-Presidente da Sociedade Cearense de Psiquiatria, Paulo Ernesto Montenegro Cavalcante, ex-Diretor Técnico da Sociedade Cearense de Cancerologia, e Francisco Salvio Cavalcante Pinto, ex-Presidente da Sociedade Cearense de Cancerologia. Finalmente, é de dizer-se que, na medida do possível, veicularemos resumidas biografias de Cavalcanti ou Cavalcante distinguido em sua atividade profissional ou que simbolize exemplo a ser seguido. Geová Lemos Cavalcante. Rua Barbosa de Freitas 649 Ap. 1100 CEP 60170-020 Fortaleza - CearáFonte: http://www.familiacavalcante.com.br/

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Filipe Cavalcante foi réu do Santo Ofício?

Os historiadores pouco falam do Tribunal do Santo Ofício no Brasil, pois naqueles tempos quase não havia necessidade de atuação daquele órgão por estas plagas. Com relação ao primeiro Cavalcanti que aportou ao nosso país há, porém, uma referência: o fidalgo florentino teve que se haver com aquele egrégio tribunal. Amaro Gonçalves compareceu à mesa de Denunciação do Santo Ofício fazendo acusações contra Filipe Cavalcanti, em 29 de outubro de 1593. Amaro era português, natural de Barroso, que pertencia ao bispado de Braga. Como ocorria com tais denúncias, o texto das acusações é confuso. Filipe Cavalcanti é acusado de possuir em sua casa uma “bíblia em linguagem”. Talvez em seu linguajar pobre, meio analfabeto, o autor da acusação não soubesse especificar que tipo de “bíblia” era aquela, que ele dizia que era para que “desse ao diabo para ler”, talvez não fosse uma bíblia, fosse um outro livro, ou mesmo uma espécie de bíblia protestante, não se sabe. O certo é que o autor se mostra tão confuso em seu depoimento que chama o réu de “Cavalgante”, isto é, que anda a cavalo, e repete o nome errado várias vezes, embora Filipe Cavalcanti fosse homem de destaque e muito conhecido.
Na verdade, o termo “Cavalcanti” em italiano significa cavalgante, que anda a cavalo, mas no sentido de cavalheiro, cavalgador. (cf. Dic. Italiano/português, de Giusepe Mea, pág. 178, Editora Porto Ltda). Tratando-se de nome próprio não tem sentido errar a grafia numa acusação por escrito perante um Tribunal. O acusador era meio aparentado com Felipe, pois era também casado com uma filha de Jerônimo de Albuquerque. Talvez por isso tivesse fácil acesso à casa do réu e tenha visto, “dentro do guarda-roupa”, a dita “bíblia”. Acusações mais graves constam de outra denunciação. Conforme Gilberto Freire, Felipe Cavalcanti foi acusado também pela prática de sodomia. O sociólogo o afirma em duas obras. A primeira em um livro escrito sobre um Cavalcanti do século passado, “O Velho Félix e suas ‘Memórias de um Cavalcanti” (pág. XXXVI). E outras vezes em seu famoso estudo “Casa-Grande & Senzala” (Editora Record, págs. 378 e 451).