quarta-feira, 23 de julho de 2008

Como entrei para a Conferência de São Vicente de Paulo


Continuando a nossa série de depoimentos, abaixo segue o do Sr. Batista relatando como entrou na Conferência Vicentina.
Nesse tempo eu morava no bairro do Montese á Rua Joaquim Pimenta, freqüentando a Igreja de Nossa Senhora de Nazaré,e lá, sem nenhum convite, talvez pelo desejo de fazer parte de uma congregação religiosa, fui assistir a uma reunião da Sociedade de São Vicente de Paulo, sendo muito bem acolhido como visitante. Daí, acredito, por um chamado de Deus, noutra visita que fiz falei do desejo que tinha de fazer parte da Sociedade, no que fui muito bem acolhido por todos os membros da Conferência. Mas lá também existem as suas regras, como, para fazer parte do quadro de vicentinos, teria que assistir três reuniões consecutivas, em seguida passando ao quadro de confrade. Em obediência a essas regras, logo passei a ingressar na Sociedade, e como não entrei por convite de ninguém, penso que foi por chamado de Deus. Mas a minha permanência nessa Conferência foi por pouco tempo, porque logo nos mudamos para o bairro do Pan-Americano, onde estamos até hoje e talvez até o fim. Neste bairro comecei a freqüentar a Igreja de São Pio X, de início como paroquiano. Na Conferência de São Pio X nenhum protocolo eu tive porque me apresentei como confrade de outra conferência. Mais ou menos depois de um ano de ingressar nesta conferência houve uma eleição para eleger novo presidente, e como tinha conquistado a simpatia de todos os membros, fui escolhido para disputar o cargo com outro colega, na qual fui eleito por grande maioria, para mim uma grande surpresa. Porém, de acordo com o regulamento, o presidente só podia passar no máximo três anos no cargo, findo o prazo, houve nova eleição, fui então reeleito, como reconhecimento por meu trabalho, por mais três anos. Terminado mais este prazo, em que passara no total seis anos na presidência, sendo convocada nova eleição, fiquei impedido de participar em obediência ao regulamento. Daí todos os colegas concordaram que deveria ficar fora da diretoria por alguns tempos, os motivos alegados era de que queriam poupar-me, pois eu como confrade era aluno, mas como presidente era professor.
Durante esse tempo venho verificando que o apoio da Igreja, ou seja, do clero, é apenas muito parcial, mudando de paróquia para paróquia. Com satisfação tomei conhecimento de que contamos com a colaboração direta de muitos padres, que, na qualidade de confrades, participam de Conferências inclusive no exterior. Em nossa paróquia o nosso vigário não nos impede de realizarmos o nosso trabalho, mas sempre fica alheio às nossas atitudes. Quanto ao meu conceito na Conferência continua ótimo, inclusive o novo presidente, que é um industrial, e apesar de minha pouca cultura, em qualquer atitude a tomar, me consulta, como se eu fosse um conselheiro, talvez pela minha idade. Por exemplo, uma despesa extra ou uma ajuda especial que se queira dar, ele sempre me consulta, e nisto me incentiva cada vez mais no meu trabalho.
Como operamos em nossa paróquia: geralmente somos abordados por pessoas carentes e idosos que não são vinculados à Previdência Social, em seguida fazemos uma visita na residência do solicitante, constatado o seu estado de carência, nós o inscrevemos como “assistido” da Conferência, e passa a receber uma ajuda semanal, a qual é sempre combinada na diretoria. Todos os domingos, depois da reunião, fazemos também uma visita aos “assistidos”, levando aquela pequena ajuda em dinheiro, e também uma palavra de conforto, pois esses “assistidos” são em sua maioria favelados que sempre nos deixam sensibilizados pela maneira como nos recebem, com muito carinho e respeito. Para eles somos pessoas importantes. Também somos solicitados pela família de pessoas falecidas, rezando, na oportunidade, o terço em família.
Ainda tem outra tarefa que faz parte de nosso trabalho, como fazer campanha para arranjar donativos, aceito o convite essas pessoas são ingressas na Conferência como subscritores. Ressalte-se que nesta tarefa quem tem mais acesso sou eu, pois como aposentado tenho mais tempo disponível. Nas nossas orações agradecemos a Deus por essas pessoas generosas que nos dão com boa vontade tão valiosa ajuda. Nas primeiras sextas-feiras de cada mês também mandamos celebrar missa por essas pessoas, como forma de gratidão pela sua generosidade.
Um ponto importante, o nosso quadro de confrades e consorcias é composto de doze membros, destes, cinco, entre homens e mulheres, compõem a diretoria; porém, o que é mais importante é que entre os dirigentes e os demais não existe superior nem subalterno, todos somos tratados iguais, como verdadeiros irmãos em Cristo. Considero-me como um aluno da caridade entre os demais vicentinos, mas todos me tratam como se eu fosse um professor. Temos uma confiança uns nos outros como nunca se viu assim.

Mote: Do meu irmão vicentino

Quando entrei na Conferência
Foi por força do destino
Eu queria ter as virtudes
Do meu irmão vicentino.

No começo nada sabia
Mas com ajuda do Divino
Eu recebi uma lição
Do meu irmão vicentino.

Às vezes sem experiência
Eu cometo desatino
Mas recebo a compreensão
Do meu irmão vicentino.

Quando me sinto fraco
Me sentindo pequenino
Eu sempre conto com a força
Do meu irmão vicentino.

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