terça-feira, 30 de setembro de 2008

Filipe Cavalcante foi réu do Santo Ofício?

Os historiadores pouco falam do Tribunal do Santo Ofício no Brasil, pois naqueles tempos quase não havia necessidade de atuação daquele órgão por estas plagas. Com relação ao primeiro Cavalcanti que aportou ao nosso país há, porém, uma referência: o fidalgo florentino teve que se haver com aquele egrégio tribunal. Amaro Gonçalves compareceu à mesa de Denunciação do Santo Ofício fazendo acusações contra Filipe Cavalcanti, em 29 de outubro de 1593. Amaro era português, natural de Barroso, que pertencia ao bispado de Braga. Como ocorria com tais denúncias, o texto das acusações é confuso. Filipe Cavalcanti é acusado de possuir em sua casa uma “bíblia em linguagem”. Talvez em seu linguajar pobre, meio analfabeto, o autor da acusação não soubesse especificar que tipo de “bíblia” era aquela, que ele dizia que era para que “desse ao diabo para ler”, talvez não fosse uma bíblia, fosse um outro livro, ou mesmo uma espécie de bíblia protestante, não se sabe. O certo é que o autor se mostra tão confuso em seu depoimento que chama o réu de “Cavalgante”, isto é, que anda a cavalo, e repete o nome errado várias vezes, embora Filipe Cavalcanti fosse homem de destaque e muito conhecido.
Na verdade, o termo “Cavalcanti” em italiano significa cavalgante, que anda a cavalo, mas no sentido de cavalheiro, cavalgador. (cf. Dic. Italiano/português, de Giusepe Mea, pág. 178, Editora Porto Ltda). Tratando-se de nome próprio não tem sentido errar a grafia numa acusação por escrito perante um Tribunal. O acusador era meio aparentado com Felipe, pois era também casado com uma filha de Jerônimo de Albuquerque. Talvez por isso tivesse fácil acesso à casa do réu e tenha visto, “dentro do guarda-roupa”, a dita “bíblia”. Acusações mais graves constam de outra denunciação. Conforme Gilberto Freire, Felipe Cavalcanti foi acusado também pela prática de sodomia. O sociólogo o afirma em duas obras. A primeira em um livro escrito sobre um Cavalcanti do século passado, “O Velho Félix e suas ‘Memórias de um Cavalcanti” (pág. XXXVI). E outras vezes em seu famoso estudo “Casa-Grande & Senzala” (Editora Record, págs. 378 e 451).

2 comentários:

  1. Belo artigo.

    Parabéns pelo site.

    Felipe Batista Cavalcante .'.
    cavalcantenetwork@hotmail.com

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  2. Belo site.

    Parabéns pelo trabalho.

    Felipe Batista Cavalcante .'.
    cavalcantenetwork@hotmail.com

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