quinta-feira, 4 de junho de 2009

Respingos de santidade revelada no Cariri de outrora

Do blog "O Bom Pastor"

(Publicado no "Jornal do Cariri", edição 02-06-2009)
Zuca Sampaio, um caririense de escol
de Armando Lopes Rafael
José de Sá Barreto Sampaio – mais conhecido por Zuca Sampaio – nasceu em Barbalha, no dia 7 de agosto de 1861. Filho de Sebastião Manuel de Sampaio e Francisca de Sá Barreto Sampaio, um casal genuinamente católico. Sua mãe, antes de falecer, pediu que fosse enterrada na calçada da igreja-matriz de Santo Antônio. Ainda hoje se vê, no adro do vetusto templo, uma lápide mortuária onde consta: “Francisca de Sá Barreto Sampaio pediu ser sepultada aqui, para sobre suas cinzas passar o Santíssimo Sacramento e para ficar perto de sua querida imagem de Nossa Senhora das Dores”.Sobre Zuca Sampaio, o Padre Azarias Sobreira publicou um opúsculo: “José de Sá Barreto Sampaio - um sertanejo de escol”. Dessa obra retiramos algumas informações.Zuca foi comerciante honestíssimo e bem sucedido, de proceder sempre retilíneo, atuando na firma Sampaio e Irmãos, de 1892 até 1914. Neste último ano, as tropas da Sedição de Juazeiro invadiram Barbalha e roubaram o estoque dessa loja de tecidos, a maior do Cariri. Restou ainda o clima de insegurança, obrigando Zuca Sampaio, esposa e filhos a se refugiarem – durante algum tempo – numa fazenda do sertão pernambucano, localizada a mais de 100 km de Barbalha. Isso não o impediu de, todos os meses, na primeira sexta-feira, fazer longos percursos a cavalo para comungar, costume que o acompanhava, desde a infância. Naquela fazenda, se refez dos prejuízos sofridos, enquanto aguardava a hora de retornar a sua cidade natal e recomeçar suas atividades comerciais, bruscamente interrompidas.Na juventude, Zuca Sampaio alimentou, durante anos, o desejo de ser padre. Desejou ser um sacerdote nos moldes do Padre Ibiapina e só desistiu desse intento, após longas conversas com o então vigário de Barbalha, Padre João Francisco da Costa Nogueira, virtuoso modelador da família católica barbalhense. Este o aconselhou a constituir uma família. Só aos 33 anos, veio a contrair matrimônio com Maria Costa Sampaio – Mãe Yayá – procedendo do casal nove filhos: Dr. Leão Sampaio, Dr.Pio Sampaio, Antônio Costa Sampaio, general Manoel Expedito Sampaio, professora Maria Alacoque Sampaio, José Costa Sampaio, Paulo Sampaio e mais dois falecidos, na tenra infância.Zuca trabalhava, o dia inteiro, no seu estabelecimento comercial, com ligeiro intervalo para o almoço. Próximo ao pôr-do-sol, passava na sua residência para o jantar. Em seguida, pegava o candeeiro, livros e anotações e ia ensinar as primeiras letras no “Gabinete de Leitura”, instituição por ele fundada, destinada à alfabetização de pessoas carentes de Barbalha. Ali, ensinava os princípios morais, a doutrina cristã e o amor à pátria. Foi o leigo católico de maior projeção daquela cidade, tendo, ainda, presidido, por longos anos, à Conferência de São Vicente de Paulo, da qual foi um dos fundadores, em 1889 – amparando a pobreza daquela comunidade – além de ser um dos líderes da construção da bela Igreja do Rosário (ver foto acima, á direita).Ao lado disso, priorizava uma sólida formação moral e intelectual aos seus filhos, os quais vieram a se destacar – depois de passarem por boas escolas e academias, em capitais de Estados brasileiros – como a fina flor da elite barbalhense.Padre Azarias é enfático ao afirmar: “Sua franqueza ia ao extremo.Interessando-se pela sorte de todos, condoendo-se de todos os infortunados, jamais o intimidava a ira dos maus ou o melindre dos poderosos, se se tornava necessária uma palavra franca, em defesa da inocência, da fé ou da moral”.

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