Ah, se nossos clérigos tivessem o mesmo desejo de pompa que tinha a nobreza medieval! O culto católico teria outra dimensão religiosa: beleza, riqueza e fausto a serviço de Deus. Vejam o texto abaixo, que extraímos do blog do Sagrado Coração de Jesus, que fala das roupas de outrora, mas somente entre a nobreza:
Paris ‒ A mão é de um adolescente apenas saído da infância. Delicada e régia, franzina e forte, envolvida em rendas e sedas, pérolas e pedras preciosas, esboçando um gesto discreto mas soberano, a mão de Luís XIV na idade de assumir o trono foi o símbolo escolhido pelos organizadores da exposição “Fastos de corte e cerimônias reais”, que teve lugar no palácio de Versalhes. A mostra ressaltou o espírito aristocrático na Europa dos séculos XVII e XVIII, expondo desde vestimentas para grandes ocasiões, como coroação de reis e bodas reais, até peças usadas por monarcas, nobres e ricos-homens, passando por uma variedade sutil de situações intermediárias. Mistura de vida de família e de atividade pública de governo, a vida de corte era refinada e exigente.
Eis logo na entrada as roupas usadas por Jorge III da Inglaterra no dia de sua coroação em 1761, graciosamente emprestadas a Versalhes pela sua descendente, a rainha Elisabeth II. O traje é todo bordado com fios de ouro, eclipsado pela impressionante cauda em veludo vermelho e arminho. O conjunto é de uma pompa soberana, e só foi usado para a cerimônia religiosa e temporal da unção do rei, realizada na abadia de Westminster soberbamente enfeitada, repleta de nobres, autoridades e representantes dos órgãos sociais intermediários do reino. Nesses trajes, coroado e levando nas mãos o cetro e o globo, o novo rei era como um hífen entre Deus, fonte de todo poder, e o povo inglês. Nenhuma proporção com a esquálida cerimônia de posse de um presidente da República nos dias de hoje...
No mesmo salão foram expostas, lado a lado, as vestimentas do príncipe herdeiro da Suécia, Gustavo III, e de sua consorte, a rainha Sofia Madalena, no dia da coroação, 29 de maio de 1772. Ambas ornadas de ouro e prata, as do novo rei vinham do garde-robe de seus antepassados, mas reformadas segundo um estilo aproximado ao de Luís XIV; e as da nova rainha também provinham de uma reforma de modelos antigos, com forte influência espanhola. As cores branca e prateada representavam a luz divina, a pureza, a inocência e a perfeição. No vestido da rainha sobressai uma cauda de 5 metros, presa ao corpo com botões de prata maciça.
Outro grande acontecimento da vida de corte eram as reuniões periódicas das Ordens de Cavalaria.Ainda hoje ocorre anualmente a da Ordem da Jarreteira, na Grã-Bretanha, em que se usam uniformes como o do rei Jorge III, porém com adaptações.Pomposo é o uniforme da Ordem do Espírito Santo, criada pela Casa real da França.Porém nenhuma Ordem real atingiu a categoria e o prestígio da Ordem do Tosão de Ouro. Criada em 1430 por Filipe o Bom, duque de Borgonha, tinha como finalidade suprema a defesa da fé cristã.
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