Por ocasião de seu centenário em 2005, D. Anna, ou Tia Naninha como é mais conhecida, fez o seguinte depoimento:
“Nasci no dia 25 de março de 1905, em um sítio localizado em Portalegre(RN). Minha família era pobre e não tinha um lugar certo para morar, até que meu pai conheceu um senhor que nos ajudou, dando um lugar para ficarmos. Esse homem nos dava de tudo e não queria pagamento. Satisfeito com tudo isso, meu pai o convidou para ser meu padrinho e ele prontamente aceitou. Com o trabalho no roçado, meu pai conseguiu juntar um dinheirinho para a compra desse terreno, mas o homem não aceitou dizendo ser este o presente de sua afilhada”.
Após essa introdução, Tia Naninha fala de como conheceu seu esposo, Henrique Barbosa de Amorim, sete anos mais velho do que ela. Pelo fato de seu pai não aprovar o namoro, teve que usar de um artifício: “fugiu” com o noivo e casou-se sem a aprovação dos pais. O casamento foi realizado na cidade de Pau dos Ferros, no dia 25 de março de 1920, no dia em que ela completava 15 anos de idade. O casal teve uma convivência de 42 anos, tendo no total 19 filhos, 6 dos quais “não se criaram”.
Atualmente, Tia Naninha reside em Natal, na casa de uma de suas filhas, Elita. Segundo dados da família, conta com mais 80 netos, 203 bisnetos e 61 tataranetos.
Recentemente, um jornal de Natal publicou uma reportagem falando sobre longevidade, onde a homenageada era Tia Naninha, conforme podemos ver abaixo:
Vendendo saúde aos 105 anos
Dona Ana Efísia mostra que é possível ultrapassar a idade centenária com lucidez e disposição
Sílvia Miranda Especial para o “Diário de Natal”:
Dificuldades, emoções, desafios, superação e muita fé. Assim é a história de vida de Dona Ana Efísia de Paiva, que hoje mora em Natal e completou 105 anos na semana passada, tendo vivenciado a morte de 12 de seus 19 filhos. Mais que centenária, ela prova que é possível ter saúde e alegria em qualquer idade.
Segundo estimativa do Instituto Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), apenas 45 mil dos 190 milhões têm mais de 100 anos, o que representa pouco mais de 0,02% da população nacional. Dona Ana é uma representante e tanto dessa turma. Nascida no município de Portalegre, a 366km de Natal, Ana Efísia, completamente lúcida, conta as dificuldades que passou para conseguir casar com Henrique Barbosa Amorim aos 15 anos. "Papai não queria nosso namoro porque ele era moreno, então um dia eu fugi para a casa de um casal de amigos e fiquei morando lá. Naquela noite deixei um pau de pilão dentro da rede, coberto com meu lençol, e meus pais só vieram perceber minha ausênciano outro dia. Insistiram para que eu voltasse, mas alguns dias depois casei".
Para ela, os maiores prazeres da vida hoje são poder deitar-se em uma rede na varanda e tragar um cigarro. "Fumo desde os 9 anos e nunca tive problemas com o cigarro, minhas taxas são todas normais", acrescenta. Ela diz que não dispensa um bom feijão com arroz diariamente, um cafezinho e o velho mingau de farinha láctea com leite.
Muito trabalho
A receita para uma vida longa, segundo ela, é muito trabalho. Efísia diz que, após o casamento, teve de enfrentar muitos desafios para conseguir colocar alguma coisa dentro de casa. "A gente morava num sítio em Portalegre e trabalhava com criação de gado, ovelha, tirando leite da vaca, fazendo queijo, trabalhando de dia e de noite na plantação de batata e à tarde fazendo rede para vender. Foi assim que fomos conseguindo as coisas e criando nossos filhos".
Mas a melhor fase de sua vida não foi em sua cidade natal. Ela explica que foi uma época de grandes dificuldades e que ela só conseguiu viver em paz quando mudou-se para Pau dos Ferros, a 400km de Natal. "Minha maior vontade é poder um dia voltar à nossa casa em Pau dos Ferros". Foi forçada a vir para Natal quando o marido ficou doente. "Foi aqui onde ele faleceu com vários problemas no coração, para mim foi muito difícil continuar sem ele".
Hoje, com cerca de 80 netos, 200 bisnetos e 60 tataranetos, dona Efísia diz que conseguiu superar a perda graças ao amor da família e a fé. Com uma família tão grande, ela diz que já não sabe mais como conseguir reunir todo mundo. "Tenho muito prazer em poder reunir os familiares, mas hoje é impossível juntar todos porque tem gente espalhada por todo Brasil e até no Japão".
Oi, sou bisneto de Vovó Naninha e gostei muito desse artigo. Não sei se você ainda porta nesse blog, mas caso ainda poste, mande um email para mim. Gostaria de ter a entrevista completa que fez com ela. Estou tentando montar uma árvore genealógica e as informações que você tem parecem de muita relevância para minha pesquisa! (marlon_airton@hotmail.com)
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