Vida sim, aborto não!
Indução ao aborto
julho 26, 2012 por Wagner Moura
por Dom Aldo Pagotto
Arcebispo da Paraíba
O Ministério da Saúde (MS) anunciou a confecção de uma cartilha de orientação sobre métodos abortivos para as mulheres que recusem uma gravidez. Generaliza-se o conceito de gravidez indesejada. A ministra Eleonora Menicucci afirma que “orientar não é crime, é direito humano básico”. Ao arrepio da Constituição Federal, em seu artigo 5º, e do Código Penal Brasileiro, em seu artigo 128, essa afirmação é uma indução grosseira, denotando ignorância e má fé. O MS informa que encarregou uma comissão para estudar técnicas e normas que servirão para aconselhar mulheres a abortar. Faz parte do “pacote aborto” a liberação da venda de drogas abortivas de uso reservado à rede hospitalar.
O MS presume que os médicos orientariam as mulheres sobre os métodos abortivos seguros, garantindo-lhes o acesso aos medicamentos disponíveis nas farmácias, além de indicar os locais para a prática nefanda. Segundo o MS as normas técnicas abortivas correspondem à política de planejamento reprodutivo. Ora, entende-se que planejamento reprodutivo sirva para assegurar a geração de uma vida, oferecendo proteção à vida da gestante e do nascituro, não o contrário, provocar o aborto de nascituros, de forma indiscriminada. O MS afirma que milhões de abortos são praticados em clínicas clandestinas e atribui a isso a morte de milhares de mulheres, sem explicar o método aplicado nas pesquisas. O programa pretendido pelo MS legalizaria o aborto no Brasil, bancado com o dinheiro do contribuinte.
Quem promove a descriminalização do aborto no Brasil? Grupos de pressão feministas e ONGs vinculadas a programas internacionais, cuja premissa exige o controle da natalidade nos países emergentes e pobres. O Brasil é um dos países signatários de acordos internacionais, comprometido com projetos desse tipo. Além do projeto pró-aborto há outros sobre a “questão de gênero” visando doutrinar a população para a aprovação da união civil entre pessoas do mesmo sexo, equiparado ao estatuto familiar. Projetos dessa índole desmantelam a instituição familiar. Trata-se da banalização da vida. A ideologia de gênero comporta o extermínio de seres indesejados e a “escolha” do sexo, homem, mulher ou outra coisa.
Nesse contexto, a causa ecológica que preserva a vida e o meio ambiente, entanto, idolatra a natureza de forma panteísta e relativiza a distinção entre os sexos. A nova ideologia endeusa a vida do planeta e sugere a limitação da natalidade, da propriedade e produção agropecuária. Enfim, o interesse de governos e empresas multinacionais é selar parcerias, impondo projetos de controle da natalidade. Daí o financiamento de ONGs. Cristãos e humanistas de boa vontade têm o direito e o dever de defender e promover a dignidade inalienável da vida humana, junto às autoridades constituídas. Não aceitamos anteprojetos, leis, normas técnicas indutivas ao aborto. Queremos políticas de proteção à vida da gestante e do nascituro; esclarecimento da opinião pública sobre o valor da dignidade da vida humana, desde sua concepção até seu êxito final. Movimentos sociais defensores da vida: articulem-se! Vide brasilsemaborto
PARA AQUELES QUE AINDA ACREDITAM NESSA MENTIRA CHAMADA "ABORTO SEGURO" PELO FATO DE SER LEGAL OU FEITO POR HOSPITAIS PÚBLICOS, AQUI VAI UMA NOTÍCIA RECENTE QUE É OCORRÊNCIA COMUM ENTRE OS PAÍSES ONDE O ABORTO É LEGAL: FORAM ENCONTRADOS POR ACASO POR ALGUNS, NA RÚSSIA, 258 CORPOS DE BEBÊS ABORTADOS "CLANDESTINAMENTE", E QUE IRIAM SER VENDIDOS PARA A INDÚSTRIA DE COSMÉTICOS.
FATOS SEMELHANTES OCORREM DIARIAMENTE EM TODO PAÍS ONDE O ABORTO É CONSIDERADO LEGAL.
sábado, 28 de julho de 2012
sexta-feira, 20 de julho de 2012
Adágios, frases e ditos sobre Amigos e Amizade
Soube que hoje se comemora o dia da amizade. E para ilustrar a data aqui vão algumas referências feitas a AMIGOS E AMIZADE.
AMIGOS
•
“Inter amicos non esto judex” - Não sejas juiz
entre amigos (provérbio latino).
•
“Ab amicis honesta petamus” – Só devemos pedir
aos amigos coisas honestas (provérbio
latino).
•
Difícil é ganhar um amigo em uma hora; fácil é
perdê-lo em um minuto (provérbio
chinês).
•
Amigos poucos, muito poucos e bem escolhidos;
para conservá-los – merecê-los. (Renato Kehl). [i]
•
Analisa bem quem é teu amigo, porque se o
consideras como sendo-o, e ele o não é, pode ser o teu pior inimigo (Diógenes).[ii]
•
Nunca a fortuna colocou um homem tão alto que
não tivesse necessidade dum amigo (Sêneca).[iii]
•
A prosperidade faz nascer os amigos, só a
adversidade os experimenta (Fléchier). [iv]
•
“Amicus humani generis” – Amigo do gênero humano
(isto é, amigo de todos, amigo de ninguém). (provérbio latino).
•
“Donec eris felix, multos numerabis amicos” –
Enquanto fores feliz, terás muitos amigos (Ovídio).
[v]
•
Passado o perigo, o santo é escarnecido (isto é,
só nos lembramos dos amigos quando precisamos deles). (provérbio italiano).
•
“Mon
Dieu, gardez-mois de mes ami! Quant à mes ennemis, je m’en charge!”- Meu Deus, defendei-me de meus amigos!
De meus inimigos defendo-me eu mesmo. (frase
atribuída ao ímpio Voltaire). [vi]
•
“Qu’un
ami véritable est un douce chose!” – Que coisa doce é um verdadeiro amigo! (La Fontaine , Livre VIII, Fable 11). [vii]
•
“Le
sort fait les parents, le choix fait les amis” – Os parentes nos vêm ao acaso
mas os amigos podemos escolher (Delille,
La Pitié ,
Chant I). [viii]
•
Longe do amigo que come o seu sozinho e o meu
comigo (anônimo).
•
A lisonja faz amigos; a verdade, inimigos (Ditado espanhol).
•
Amigo de verdade é aquele que não presta atenção
em nossos defeitos e é capaz de tolerar o nosso sucesso (Ditado popular).
•
Qualquer um pode solidarizar-se com o sofrimento
de um amigo, mas sentir-se bem com o seu sucesso requer uma natureza superior (Oscar Wilde). [ix]
•
Quem procura amigos sem defeitos acaba ficando
sem nenhum (Ditado turco).
•
Encontre um amigo que chore comigo, pois os que
riem eu mesmo posso achar (Adágio iugoslavo).
•
O amigo deve ser como o dinheiro, cujo valor já
conhecemos antes de termos necessidade dele (Sócrates).
•
Um irmão pode não ser um amigo, mas um amigo
sempre será um irmão (Benjamin Franklin).
•
Repreende o amigo em segredo e elogia-o em
público (Leonardo da Vinci)
AMIZADE
•
A estima vale mais que a celebridade; a
consideração mais que a fama (Chamfort).
[x]
•
Amar os homens e não os respeitar é
considerá-los como animais domésticos (dito
antigo chinês).
•
Quem não se dá ao respeito, não é respeitado (ditado brasileiro).
•
Acaba-se a amizade quando começa a familiaridade
(ditado brasileiro).
•
A alma que admira a respeitabilidade com
seriedade e com veneração, torna-se respeitável
(Plínio Corrêa de Oliveira). [xi]
•
Temer é fácil, mas penoso; praticar o respeito é
difícil, mas agradável (Goethe). [xii]
•
Nada mais frágil que as amizades humanas; levam
muitos anos a formarem-se, e num momento só as desfaz (Bourdaloue). [xiii]
•
Nunca foi um bom amigo quem por pouco quebrou a
amizade (provérbio popular).
•
“Maiorem hac dilectionem nemo habet, ut animam
suam quis ponat pro amicis suis” - Não
há maior amor do que dar a própria vida pelos seus amigos (Jo 15, 13).
•
L’ami qui souffre seul fait une injure à
l’autre” - O amigo que sofre só faz uma
injúria ao outro (Rotrou). [xiv]
•
“Je crois qu’un ami chaud, et de ma qualité,
n’est pas assurément pour être rejeté” – Creio que por um amigo ser importuno e
de má qualidade não é certamente para ser rejeitado (Moliére, Le Misanthrope, Acte I, sc. 2). [xv]
•
A familiaridade encurta o respeito e rebaixa a
autoridade. (Marquês de Maricá).
•
A amizade torna mais doce a prosperidade, dá-lhe
sentido pela comunhão e faz mais leve a adversidade (S. Isidoro, “O Sumo Bem”, liv. III). [xvi]
•
A amizade, depois da sabedoria, é a mais bela
dávida de Deus feita aos homens (François
la Rochefoucould).
•
A amizade duplica as alegrias e divide as
tristezas (Francis Bacon).
•
[i] Renato Kehl (Renato Ferraz Kehl), eugenista e ativista brasileiro
(séc. XX), escreveu livro de pensamentos e a tese que defende a eugenia, sendo
um dos fundadores desta pseudo-ciência no Brasil.
[ii] Diógenes de Sínope, (c. 413 a.C., Sinop,
hoje na Turquia
– c. 323 a.C.,
Corinto), filósofo grego,
talvez o maior representante do Cinismo, escola filosófica fundada por Antístenes de Atenas, que fora discípulo de Sócrates.
Levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes, o exemplo vivo
que perpetuou a indiferença cínica perante o mundo. Desprezava a opinião
pública e parece ter vivido em uma pipa ou barril. Seus únicos bens eram um
alforje, um bastão e uma tigela (que simbolizavam o desapego e auto-suficiência
perante o mundo), sendo ele conhecido como o filósofo que vivia como um cão.
Diógenes parece ter escrito tragédias ilustrativas da condição humana e também
uma República que teria influênciado Zenão de Cítio, fundador do estoicismo.
De fato, a influência cínica sobre o estoicismo é bastante saliente.
[iii] Lucius Annaeus Seneca (Córdova, 4 a.C. — Roma, 65 d.C.), melhor conhecido
como Séneca (ou Sêneca), o moço, o filósofo, ou
ainda, Séneca o jovem. A obra literária e filosófica de Sêneca, tido
como modelo do pensador estóico durante o Renascimento,
inspirou o desenvolvimento da tragédia
na Europa.
[iv] Valentin Esprit Fléchier (10.06.1632,
Parnes-les-Fontaines – 16.02.1710, Nimes), pregador francês, bispo de Lavaur e
de Nimes, considerado como um dos grandes oradores do século XVII
[v] Publius Ovidius Naso, poeta latino, é mais conhecido
nos países de língua portuguesa por Ovídio. Nasceu em 20 de
março de 43
a.C. em Sulmo, atual Sulmona, em Abruzos, Itália. Vivia uma vida boêmia, sendo admirado como um grande
poeta. No ano 8, foi
banido de Roma pelo
imperador Augusto por causa de seu livro A
Arte de Amar (Ars Amatoria), considerada imoral por Otávio
Augusto, o que lhe causou um profundo desgosto até o final de sua vida. Foi
nessa época que Ovídio escreveu a sua obra mais famosa: Metamorfoses
(Metamorphoses), escrita em hexâmetro dactílico, métrica comum aos poemas
épicos de Homero
e Virgílio.
Faleceu no ano 17 em Tomis, atual Constanta, na
Romênia.
[vi] François-Marie Arouet, ou Voltaire (21 de
Novembro de 1694,
Paris - 30 de
Março de 1778,
Paris), poeta, ensaísta, dramaturgo, filósofo e
historiador iluminista
francês, um dos homens mais ímpios que fomentou a Revolução Francesa e o ódio
anti-católico.
[vii] Jean de La Fontaine (8 de Julho
de 1621, Château-Thierry,
Aisne, Champagne - 13 de Abril
de 1695, Paris) poeta francês,
conhecido pelas diversas fábulas com críticas de moral que escreveu. É considerado o
pai da fábula moderna.
[viii] Jacques Delille, ou l'abbé Delille,
poeta francês, nasceu em Clermont-Ferrand (Puy-de-Dôme) a 22 junho de 1738 e falaceu em Paris no dia 1
o 2 de maio de 1813.
[ix]
Oscar Wilde, Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde (Dublin, 16 de outubro de 1854 — Paris, 30 de novembro de 1900) escritor irlandês,
Criado numa família protestante,
estudou na Portora Royal School de Enniskillem e no Trinity College de Dublin, onde se sobressaiu como latinista e helenista. Ficou
famoso pelo romance “O Retrato de Dorian Gray” e ao ser condenado pela prática
da sodomia.
[x]
Chamfort, ou Sébastien-Roch Nicolas, nasceu em Clermont-Ferrand a
6 de abril de 1741
e morreu em Paris a 13 abril
de 1794, famoso como poeta e
moralista.
[xi]
Plínio Corrêa de Oliveira, nasceu em
13 de dezembro de 1908, em São Paulo, e faleceu na mesma capital a 03 de
outubro de 2005. Trata-se do maior líder católico da atualidade, consagrando-se
como “O Cruzado do Século XX” por sua intensa atividade em defesa dos
princípios católicos e da Cristandade.
[xii] Johann Wolfgang von
Goethe (Frankfurt
am Main, 28 de Agosto de 1749 — Weimar, 22 de
Março de 1832) escritor alemão, além de
cientista,
filósofo
e botânico. Como escritor, Goethe foi uma das mais importantes figuras da literatura alemã e do Romantismo
europeu, nos finais do século XVIII e inícios do século
XIX. Juntamente com Friedrich Schiller foi um dos líderes do
movimento literário romântico alemão Sturm
und Drang. Como botânico descreveu a Planta Primordial, em sua obra A
Metamorfose das Plantas.
[xiii]
Louis Bourdaloue (20 de
Agosto de 1632—13 de Maio
de 1704), jesuíta francês e
pregador, nasceu em Bourges. Aos 16 anos, entrou para a Companhia de Jesus, e foi sucessivamente
indicado como professor de retórica, filosofia e teologia em vários colégios da Ordem.
[xv]
Jean-Baptiste Poquelin, conhecido como Molière (batizado
em Paris a 15 de
Janeiro de 1622 –
faleceu na mesma cidade em 17
de Fevereiro de 1673),
famoso escritor de peças de teatro, além de ator e encenador, considerado um dos mestres da comédia satírica. Teve
papel de grande importância na dramaturgia francesa, até então muito dependente
da temática da mitologia grega. Usou as suas obras para criticar
os costumes da época, criando o lema "ridendo castigat mores". É
considerado o fundador, indirecto, da Comédie-Française
[xvi]
São Isidoro, na Espanha conhecido
como San Isidro Sevilha, bispo e Doutor da Igreja. Um texto antigo pinta-o com
estas palavras: “Foi largo nas esmolas, insigne na hospitalidade, sereno de
coração, verdadeiro nas palavras, justo nos juízos, assíduo na pregação, afável
ao exortar, habilíssimo para ganhar as almas para Deus, cauto na exposição das
Escrituras, sábio no conselho, humilde no vestir, sóbrio na mesa, pronto a dar
a vida pela verdade e eminente em toda classe de bondades”.
sábado, 14 de julho de 2012
O Matrimônio na História da humanidade (II)
O MATRIMÔNIO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE (PARTE II)
Reflexões de Mons. Vitaliano Mattioli
Mons. Vitaliano Mattioli*
CRATO, sexta-feira, 1 de junho de 2012 (ZENIT.org) - Na sociedade romana, Roma é a pátria do direito. A legislação romana sobre o casamento é muito importante porque passou depois para o direito canônico. A mesma palavra “matrimônio” foi formada pelo direito romano. Matrimônio deriva do latim matris munus (ou munium) para evidenciar o papel importante da mulher na família; cônjuge (coniugium) “quia mulier com viro quasi uno iugo astringitur” (o homem e a mulher estão unidos no mesmo compromisso); connubio (connubium) da nubere, velar, pelo costume de pôr um véu (flammeum) sobre a cabeça da mulher.
Para os romanos o matrimônio (sempre monogâmico; nunca foi admitida a poligamia, somente tolerada) era a convivência de um homem com uma mulher com a vontade de serem marido e mulher (affectio maritalis = carinho conjugal), que se devia manifestar com uma cerimônia pública. Este elemento distinguia o casamento da união livre. No período antigo não existia o divórcio. A intenção de viverem juntos devia ser permanente, isto é, no momento do casamento as pessoas tinham que exprimir a vontade de permanecerem juntas por toda a vida. Ainda que também podia ser que no tempo esta vontade acabasse.
A familia era natural. Para o historiador Musonio Rufo (I sec. d.C.) existia somente a família legítima (união de um homem com uma mulher) abençoada por Júpiter. O casamento homossexual nao era permitido. O imperador Nero casou-se por duas vezes na forma homossexual. Porém nunca o direito romano reconheceu o casamento homossexual. Assim se encontra em Tacito, Suetonio, Dione Cassio. Cicero definiu o matrimônio: “Prima societas in ipso coniugio est…; id autem est principium urbis et quasi seminarium rei publicae” (De Officiis, I, 17, 54; O casamento é a primeira sociedade…; por isso é o primeiro princípio da cidade e o viveiro do Estado). A definição clássica do matrimônio é aquela do jurista Erennio Modestino (m. 244 d.C.): “Nuptiae sunt coniunctio maris et feminae et consortium omnis vitae, divini et humani iuris communicatio” (Dig. 23,2,1) (União de um homem com uma mulher, uma comunhão por toda a vida, com a aceitação de tudo o que é exigido pelo direito humano e divino). Com as palavras Coniunctio maris et feminae Modestino entendia a união sexual. Poucos anos antes, Ulpiano com esta coniunctio entendia o matrimônio mesmo, conteúdo no direito natural. Ele dizia que pela validade do matrimônio não precisa a união carnal, mas o consentimento (Digesto, 35,1,15). Segundo Ulpiano o consenso compreende a affectio maritalis, a vontade do marido de comportar-se com carinho e com respeito com a sua esposa.
A outra está contida nas Institutiones de Justiniano: “Viri et mulieris coniunctio individuam consuetudinem vitae continens” (Inst., 1,9,1). Nestas palavras se encontram os elementos fundamentais. A vontade dos cônjuges é indispensável e ao menos na intenção deve ser perpétua. O matrimônio é percebido como algo de permanente: omnis vitae. O historiador Tacito escreve: Consortia rerum secundarum adversarumque (Anales, III, 34,8), no bom e no mau destino. Plutarco na obra Brutopôe na boca de Porcia, esposa de Bruto estas palavras: “Ó Bruto, eu me casei contigo para compartilhar a tua alegria e o teu sufrimento” (Bruto, 13). A diferença entre o casamento legítimo e a união livre era esta, portanto: a manifestação da vontade de viverem juntos por toda a vida. “Não é a união carnal mas o consentimento, a vontade, que faz o matrimônio” (Digesto, 35,1,15). Por isso a autoridade do pai não podia intervir sobre a vontade dos filhos, isto é, o pai não podia obrigar os filhos a casar-se se eles não quisessem: “Non cogitur filius familiae uxorem ducere” (Dig. 23,2,21).
Contrariamente às outras culturas antigas, no direito romano o casamento não era celebrado por etapas, mas somente com uma cerimônia, na qual se exprimia o consentimento. Nos primeiros séculos da história romana o matrimônio era indissolúvel. Somente depois, no período imperial foi admitido o divórcio. Já que a vontade é o elemento essencial para a validade do matrimônio, então, passou-se a pensar que este existe até o permanecer desta vontade. Se um dos dois não quiser mais viver com o outro, o casamento termina.
Então, depois do divorcio pode-se novamente casar. A procriação é importante mas o carinho (afeto) passa que é mais importante. Porém, a procriação é um elemento do matrimônio: se falta a capacidade física de procriar o casamento é inválido. Por isso é permitido somente depois da puberdade. É tambem proibido pelas pessoas já casadas. O matrimônio è monogâmico. A poligamia não tem lugar no direito romano. Pelos juristas não era possivel compreendê-la. Para casar-se novamente, a primeira união deve ser desligada: “Neque eodem duobus nuptia esse potest neque idem duabus uxores habere (Gaio, Inst. 1,63; não é lícito ser casado duas vezes ao mesmo tempo, nem ter contemporaneamente duas mulheres). Era proíbido o incesto, o casamento entre os primos, tio e sobrinha, tia e sobrinha. Tudo isto confirma que o matrimônio não era algo privado, mas uma realidade pública, social. É importante notar que a definição de Modestino nos fala do direito divino (divini iuris). Isto evidência uma relação do matrimônio com a divindade. Na cerimônia nupcial havia uma invocação à deusa Juno Pronuba, divindade que protegia as núpcias.
Quando a Igreja se preocupa com a família, não age fora do seu campo de ação. A Igreja faz parte da estrutura social e por isso tem o direito de exprimi a sua palavra sobre esta fundamental instituição. De fato, se a família cair, tudo vai cair.
O fato é que o matrimônio leigo e família leiga (no senso de laicista) não existe. Têm uma profunda conotação religiosa, já reconhecida seja pelos gregos seja pelos romanos.
Os gregos e depois os romanos estavam convencidos de que o matrimônio foi querido pelos deuses. Estes dois povos tiveram bem claro a existência da lei natural (lex naturalis) precedente às leis dos homens (lei positiva). Estavam convencidos de que existia um direito anterior, uma lei não escrita, precedente às leis formuladas pelos juristas. Pelos romanos já antes das doze Tábuas da Lei o matrimônio tinha uma conotação religiosa.
A Igreja fez muitas intervenções sobre a família. Além do Concílio e muitos discursos dos Papas, as intervenções oficiais estão contidas nestes documentos: Leão XIII: Arcanum Divinae Sapientiae (10-2-1880); Pio XI: Casti Connubii (31- 12- 1930); João Paulo II: Familiaris Consortio (1981); Pontifício Conselho para a Familia: Família, Matrimônio e “uniões de fato” (2000).
O Papa Bento XVI participará do Encontro de Milão e reapresentará ao Mundo o pensamento oficial da Igreja sobre o matrimônio e família no século XXI.
* Mons. Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e no Pontificio Instituto São Apollinare de Roma e Redator da revista "Palestra del Clero". Atualmente é missionário Fidei Donum na diocese de Crato, no Brasil.
Fonte: ZENIT.org
Transcrito do blog UMA SÓ CARNE
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O MATRIMÔNIO NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE (PARTE I)
Reflexões de Mons. Vitaliano Mattioli
Mons. Vitaliano Mattioli*
CRATO, quarta-feira, 30 de maio de 2012 (ZENIT.org) – De hoje, 30 de maio até
o 3 de junho celebra-se em Milão (Itália) o VII Encontro Mundial das Famílias, que tem como tema: “A família, o trabalho, e a festa”.
o 3 de junho celebra-se em Milão (Itália) o VII Encontro Mundial das Famílias, que tem como tema: “A família, o trabalho, e a festa”.
É inútil repetir o quanto a família esteja ameaçada hoje. Basta uma simples reflexão para dar-se conta de uma verdadeira conjura contra a instituição familiar.
O encontro de Milão tem por objetivo sensibilizar a consciência social e colocar de
novo a família no lugar que lhe corresponde, ou seja, no centro da sociedade.
novo a família no lugar que lhe corresponde, ou seja, no centro da sociedade.
Nessa reflexão de hoje partimos do princípio de que o Estado vem depois da família.
É o conjunto das famílias que constitui o Estado. Por isso o Estado não tem o poder de colocar as mãos em características fundamentais do instituto familiar, mas somente providenciar que a família sobreviva como instituição natural da sociedade.
É o conjunto das famílias que constitui o Estado. Por isso o Estado não tem o poder de colocar as mãos em características fundamentais do instituto familiar, mas somente providenciar que a família sobreviva como instituição natural da sociedade.
Vejamos, por exemplo, como em em todas as culturas encontramos disposições em defesa da família como sociedade natural fundada sobre o matrimônio. Façamos um percurso histórico.
No Código de Hamurabe (1750, mais o menos, a.C.) está escrito: “Se um homem se casou com uma mulher, mas não concluiu o contrato com ela, esta mulher nao pode ser acreditada como esposa legítima” (n. 128); Se uma mulher casada é surpreendida na cama com um outro homem, todos os dois devem ser amarrados e afogados” (n. 129).
Já no V sec. a.C. os textos confucianos nos falam da família como fundamento do Estado. Se a família não vive conforme as virtudes, também o Estado não pode está bem. Para formar uma família virtuosa, a pessoa deve esforçar-se para ser perfeita antes de casar-se.
Na sociedade da antiga India, conforme a descriçao do Kamasutra, o Tratado sobre o amor, descrito por Mallanaga Vatsyayana (III Sec. d.C.), o casamento é algo sagrado, é uma obrigação religiosa que envolve a comunidade. As famílias estão comprometidas no casamento dos filhos. Isto porque o casamento não é um fato privado.
As leis do Manu (não tem uma data certa; mais ou menos entre o sec. II a.C. e o sec. II d.C.). No cap terceiro faz a lista de oito modalidades para casar uma mulher e dos impedimentos.
Na antiga Grécia, já antes de Homero, o matrimônio era considerado o fundamento da sociedade. A familia por meio do casamento, era a condição indispensável para a propagação da espécie humana. A família, nos antigos poemas, é apresentada com grande estima. Também nos tempos antigos, o casamento não tinha uma legislação bem marcada, porém já aparece como um fato social; tem algumas cerimônias públicas e condições para que fosse um casamento reconhecido. Parece que a primeira forma legal específica foi introduzida pelo legislador Solon (Sec VI a.C.) que evidenciou as condições para que um casamento fosse reconhecido legitimo. Péricles (451 a.C.) pusera outras condições. O casamento tinha um caráter sagrado. Terminada a festa do casamento, os casais agradeciam aos deuses, oferecendo um sacrifício, especialmente a Eros e Afrodite. O último ato consistia no registro do casamento no livro chamado fratria, junto a duas testemunhas.
Na segunda parte veremos como no Império Romano, pátria do Direito, o Matrimônio era uma instituição muito valorizada.
* Mons. Vitaliano Mattioli, nasceu em Roma em 1938, realizou estudos clássicos, filosóficos e jurídicos. Foi professor na Universidade Urbaniana e no Pontifício Instituto S. Apollinare em Roma e Redator da revista "Palestra del Clero". Atualmente é missionário Fidei Donum na diocese de Crato, no Brasil.
Fonte: ZENIT.org
Transcrito do Blog UMA SÓ CARNE
Marcadores:
Doutrina sobre o matrimônio,
História
Educação, gentileza e os direitos pessoais
Muita gente não sabe definir na vida real o que seja educação. A ponto dos próprios intelectuais, e com eles o Governo, haver instituído um ministério inadequadamente chamado de "educação e cultura". Poderiam chamá-lo de instrução, de didática ou qualquer outro termo mais adequado, mas nunca de educação, pois esta requer outros requisitos e não é feita somente com leitura e escola. Tanto que temos hoje muitos doutores que são mestres em falta de educação, quer dizer, falta de gentileza, de cortesia, etc. É o caso, por exemplo, dos velhos de nosso tempo. Instituíram para eles uma prerrogativa, um privilégio, dizendo que é para facilitar suas vidas, pela qual os bancos, as lojas e diversos outros lugares públicos são obrigados a reservar caixas e filas "preferenciais" junto com grávidas e deficientes físicos. Mas o que resulta disso? É que nossos idosos (e me incluo entre eles na qualidade de idoso, mas não de mal-educado) se tornaram muito mais mal-educados do que lhes permite os achaques da velhice. Tenho visto cenas deprimentes. Uma delas foi a de um senhor e uma senhora (ambos não tão velhos) afrontando uma mulher negra, tentando tirá-la daquela "fila dos idosos" porque não era o lugar dela. A negra ria e nada respondia, demonstrando ter muito mais educação do que os dois velhotes. O gerente da loja foi chamado, conversou com a negra e respondeu aos dois revoltados que nada podia fazer. Que disse a negra a ele? Que estava grávida? E se não estivesse, como se comprovaria sua gravidez? Ou será que ela ameaçou processar a loja por preconceito racial? Seria ir longe demais, mas é assim o mundo de hoje. Ameaçaram chamar a televisão a fim de registrar aquilo que eles julgavam um acinte, isto é, uma mulher aparentemente jovem, de cor negra, em frente aos dois velhos na mesma fila, um lugar que eles dizem ser "exclusivo". É claro que a TV não veio, talvez estivesse interessada em casos que lhes desse mais audiência ou nem sequer foi chamada.
O que manda a boa educação que se faça numa ocasião como essa? Como cavalheiro seria o caso do velho oferecer o seu lugar na fila para aquela senhora, pois o "direito" de um lugar numa fila é muito pequeno, não nos causa nenhum constrangimento cedê-lo pra alguém, além de demonstrar que possuímos gentileza e educação para com nosso semelhante. Brigar pelo lugar numa fila não é prerrogativa de um direito, mas tremenda falta de educação.
A chamada "fila dos idosos" está tornando os velhos de hoje muito mais mal-educados. Além do mais, geralmente um idoso é um aposentado, não tem compromisso com trabalho: então porque tanta pressa? Porque não ceder o lugar a uma outra pessoa que tem compromissos mais urgentes, como o trabalho ou a escola, enquanto que o velho vai sair daquela fila e ir, por exemplo, jogar dominó na pracinha?
Quanto ao fato de se alegar aleatoriamente que defender o lugar na fila é um "direito", há que se esclarecer que existem vários graus de direitos. Nesta graduação, existem os direitos de pequena importância que não nos causam nenhum prejuízo, como ceder um lugar na fila ou na rua, dar passagem a alguém, etc Ceder tais direitos para o próximo é uma questão de gentileza, de boa educação: é assim que agem os bons cavalheiros e as boas damas.
O que manda a boa educação que se faça numa ocasião como essa? Como cavalheiro seria o caso do velho oferecer o seu lugar na fila para aquela senhora, pois o "direito" de um lugar numa fila é muito pequeno, não nos causa nenhum constrangimento cedê-lo pra alguém, além de demonstrar que possuímos gentileza e educação para com nosso semelhante. Brigar pelo lugar numa fila não é prerrogativa de um direito, mas tremenda falta de educação.
A chamada "fila dos idosos" está tornando os velhos de hoje muito mais mal-educados. Além do mais, geralmente um idoso é um aposentado, não tem compromisso com trabalho: então porque tanta pressa? Porque não ceder o lugar a uma outra pessoa que tem compromissos mais urgentes, como o trabalho ou a escola, enquanto que o velho vai sair daquela fila e ir, por exemplo, jogar dominó na pracinha?
Quanto ao fato de se alegar aleatoriamente que defender o lugar na fila é um "direito", há que se esclarecer que existem vários graus de direitos. Nesta graduação, existem os direitos de pequena importância que não nos causam nenhum prejuízo, como ceder um lugar na fila ou na rua, dar passagem a alguém, etc Ceder tais direitos para o próximo é uma questão de gentileza, de boa educação: é assim que agem os bons cavalheiros e as boas damas.
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