quarta-feira, 23 de abril de 2008

Depoimento da Gracinha, sua psicologia e visão da vida



Abaixo transcrevemos um depoimento em que a nossa querida Gracinha traça o seu perfil psicológico. Feito em 15 perguntas e respectivas respostas, ele pode servir até para que possamos meditar também nós sobre o assunto. O texto, encontrado entre seus papéis após sua morte, pode ter sido oriundo de algum treinamento de relações humanas de seu trabalho ou de alguma meditação grupal, não se sabe.

Pergunta n. 1- Você é feliz? Por quê? Você alegra o ambiente onde está?
Resposta:
Considero a palavra “feliz” muito complexa. Podemos nos considerar feliz por uma só razão ou várias. Então infeliz por outras várias razões. Eu sou feliz porque tenho vida e força, dois filhos bonitos, perfeitos e sadios que tornam meus dias mais fortes. Sou feliz porque tenho um lar, e também sou feliz porque sei e acredito que Deus existe. Poderia enumerar “n’ razões para justificar ou para provar que sou uma pessoa feliz. Mas, baseada apenas numa frase, posso dizer que não sou completamente feliz: “ainda não me encontrei”. Considero chave esta frase para que alguém se julgue feliz espiritualmente. E acredito que poucas pessoas conseguiram dizer sinceramente, sem hipocrisias, antes de morrer, “eu me conheço”. Mas, apesar disso, respondendo à terceira pergunta, sinto-me feliz quando consigo alegrar o ambiente onde estou e quase sempre consigo.

Pergunta n. 2- Você é uma pessoa servidora ou serve apenas por interesse?
Resposta:
Gosto de ser útil, não com interesses materiais. Sempre que sirvo a alguém estou tentando dizer àquele alguém que o amor existe e que servir é amor. Gosto de ouvir alguém me dizer “obrigado”. Talvez isto seja uma forma de interesse, que alguém saiba que eu existo, saiba que sou útil. A verdade é que servir a outras pessoas é algo que faço com muito prazer.

Pergunta n. 3- Você se preocupa com os outros? Você quer que os outros estejam preocupados com você?
Resposta:
Me preocupo, sim; até com os animais, os bichos mesmo. Quanto a querer que os outros estejam ou não preocupados comigo é muito relativo, depende muito do meu estado de espírito. Às vezes isto acontece quando estou carente.

Pergunta n. 4- Você é muito exigente na escolha dos amigos? Por que?
Resposta:
Sou. Porque busco nas pessoas valores interiores, e faço restrições muito sérias para considerar que alguém seja meu amigo(a). Restrições estas que não estão baseadas em preconceitos de cor, classe ou posição social, mas numa bagagem espiritual rica. Às vezes encontramos pessoas de cultura elevada, cuja alma é tão suja quanto uma pocilga. Não que eu esteja em posição de julgar outras pessoas, pois sou tão pequena quanto qualquer outro ser mortal existente sobre a terra. E não quer dizer também que a minha alma seja pura, cheia de bondade, mas luto, conflituo-me sempre, para que ela não se prenda ao rodapé da vida.

Pergunta n. 5
- Você reconhece os seus defeitos? Quais são os principais?
Resposta:
Alguém já falou que é tão difícil enumerarmos nossas virtudes quanto o é enumerarmos nossos defeitos. Tenho muitos defeitos e não saberia, ou não conseguiria, falar de todos eles numa resposta que deve ser simples. Porém existe um, muito grave por sinal. Tenho um temperamento muito forte. Sou agressiva. Sou capaz de odiar com a mesma intensidade que amo. Embora esse ódio não dure muito tempo. Nunca consegui odiar alguém para sempre. Mas naquele momento de raiva meu desejo é esganar, matar mesmo.

Pergunta n. 6- Quais as suas qualidades que mais se destacam?
Resposta:
Como falei acima, muito difícil. Na verdade, não sei quais são minhas qualidades que mais se destacam. Mas as pessoas falam sempre que tenho muita “garra” e muita coragem. E tem uma coisa que gosto muito em mim, apesar do meu temperamento agressivo consigo quase todos os meus objetivos e também tenho muita facilidade de conviver com os outros.

Pergunta n. 7- Que qualidades você mais admira nos outros?
Resposta:
Autenticidade. Amo, adoro ver alguém assumir o seu eu verdadeiro, nunca fugir às suas origens, falar sem artifícios. Infelizmente só encontramos este tipo de pessoa nas camadas sociais mais baixas ou nas pequenas cidades, onde as pessoas ainda não foram atacadas pela sede do poder, do ter. Ou, ainda, nas crianças.

Pergunta n. 8- Você procura ajuda dos outros para melhorar? Ou é uma pessoa fechada em si mesma?
Resposta:
Procuro. Jamais fui trancada. Gosto de falar dos meus conflitos, meus problemas, discutindo com alguém.

Pergunta n. 9- Você é calma ou agressiva?
Resposta:
Sou calma e agressiva. Não sei se dá para alguém entender alguém ser calmo e agressivo ao mesmo tempo. Acho que sou um produto do meio. Gosto quando sou calma, mas meu temperamento às vezes é mais forte, torno-me agressiva. Arrependo-me logo em seguida, é claro, pois a agressão nunca obtém bons resultados.

Pergunta n. 10- Você se considera uma pessoa “pra frente” ou “quadrada”? Por que?
Resposta:
Não, eu não sou quadrada. Se alguém diz que sou quadrada porque não sou a favor da libertinagem, de vícios, de droga e outras coisas que arrastam o homem a um grau menor da vida, aí eu afirmo que sou e gosto e faço questão de ser quadrada.

Pergunta n. 11- Você se sente feliz no meio de um grupo como este?
Resposta:
Gosto de viver em grupo. Gosto de participar de qualquer comunidade onde haja fraternidade e amor.

Pergunta n. 12
- Você gosta de conversar? Fala muito? Faz depressa amizades?
Resposta:
Gosto de conversar, sim. Falo muito e consigo conquistar as pessoas com muita facilidade.

Pergunta n. 13- Você tem iniciativa ou sempre espera pelos outros?
Resposta:
Sempre tive minhas próprias iniciativas. Sou filha única, entre sete irmãos homens. Devia ter tudo para ser uma pessoa dependente de outros, mas aos 22 anos de idade resolvi que devia trabalhar e caí em campo. Consegui meu primeiro emprego sozinha, sem interferência de ninguém, apenas com um anúncio de jornal.

Pergunta n. 14- Você é uma pessoa que sabe guardar segredos?
Resposta:
Sei, sim. Segredo é segredo. A própria palavra já diz tudo e eu respeito o sentido dela.

Pergunta n. 15- Qual a melhor coisa que você já fez na vida? E a pior?
Resposta:
Ser mãe. Não fazer uma boa escolha para meu casamento.

3 comentários:

  1. Uau! Devo confessar que é a primeira vez que leio um texto escrito pela minha mãe. Foi uma sensação fantástica, principalmente por descobrir que temos várias coisas em comum.
    Herdo na totalidade o sentimento de muita “garra” e muita coragem.
    Obrigado.
    DCB

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  2. Boas,
    Soy eu! Adorei o depoimento de mi madre e de todo o blog. Estava eu a navegar na internet e vi o seguinte site:
    http://www.meusparentes.com.br/
    Quem vai dar o primeiro passo para construirmos a arvore de toda a familia pela internet?
    Parece-me uma ideia super interessante.

    Abraço a todos,
    DCB

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  3. Apenas um lembrete: o anônimo acima é o filho da Gracinha, o Daniel.

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