terça-feira, 14 de outubro de 2008

A Bondade sertaneja (III)

Por: Juraci Josino Cavalcante

Um homem de Deus
“Justi fulgebunt sicut sol in regno Patris eorum” – Os justos resplandecerão como o sol, lá no Reino de meu Pai. (Mt 13, 43).

Toda a vida do Sr. Batista resume-se numa filosofia: a prática da bondade. Embora ele não soubesse definir que filosofia fosse esta, que espírito era este que o animava, no entanto ao se analisar seu comportamento, sua maneira de viver, seus pensamentos, sua Fé, tudo se resume nisto: a prática do Bem. Segundo conta em suas reminiscências, ainda criança e sua mãe o ensinara a rezar, instilando em seu inocente coração a noção primeira de piedade. Perdendo sua mãe ainda muito jovem, pois tinha ele apenas 12 anos quando ela faleceu, recomenda-se a Nossa Senhora e passa a adotar a Virgem Santíssima como sua Mãe. E Ela o protegeu de forma extraordinária. Contava ele a um dos filhos que um dia, quando já era mais crescido mas ainda solteiro, foi levado por um parente a uma casa de perdição. Não sabia para onde o levava, mas quando descobriu que ambiente era aquele recusou lá entrar e, interiormente, pediu à Sua Mãe Santíssima que lhe protegesse e desse forças para resistir àquelas tentações. Foi atendido e conseguiu haurir forças para resistir aos assédios sensitivos da carne. Por isto foi abençoado pelo resto da vida, com um casamento santo e uma prole muito cheia de graças divinas. Por isto compôs aquela poesia com o mote “Nasci predestinado para ter uma família unida”. Nisto consistia a maior parte de sua bondade.
É preciso que esteja bem definido em que grau o Sr. Batista praticou esta bondade. Para isto vamos explicar um pouco, abaixo, no que consiste esta bela virtude ou modo de viver.

O que é a Bondade?
“A Bondade é a efusão de si nos outros. Ser bom é pôr os outros em lugar de si próprio”. (Pe. Faber, citado por Dom Chautard).

Segundo São Tomás de Aquino somente Deus tem a Bondade completa, perfeita. Mas o homem pode ser Bom na medida em que participa da Bondade divina, daí ser possível ao homem praticar certa Bondade, isto é, ser perfeito como Deus Pai que está nos céus. Isto está nos Evangelhos.
Neste sentido a Bondade significa perfeição. É a virtude que faz o homem cumprir o seu fim último: tornar-se perfeito e cumprir sua missão.
Mas há um outro sentido de bondade, é aquele que faz as pessoas pensarem que ser bom é não incomodar os outros, não fazer com que as pessoas sofram. No dizer do escritor francês Montesquieu, “talento e bondade significam suprimir de si tudo aquilo que poderia incomodar os outros”. Não estamos falando deste tipo de bondade, mas daquele primeiro.:
Sendo assim, existem vários tipos de bondade ou de homens bons. Os primeiros são os que não praticam o mal, mas que, todavia, com pouco cuidado se exercem em boas obras. Convivem pacifica e quietamente com seus semelhantes, não ofendem a ninguém e não provocam escândalo por más obras.
Se perguntarmos às pessoas se praticam tal bondade, a grande maioria dirá que sim. Costumamos qualificar de bons aqueles que são afáveis em seu modo de viver e sociais para com todos, embora, por outro lado, sejam assaz desidiosos quanto à prática das virtudes ou do cumprimento de seus deveres.
Em segundo lugar teremos aqueles que além de não praticarem más ações, se exercem freqüentemente em boas obras: na sobriedade, na castidade, na humildade, na caridade fraterna, na assiduidade de oração, no amparo aos necessitados, etc. Para este tipo de gente, basta-lhes exclusivamente velar, rezar, dar esmolas, jejuar, trabalhar por Deus e outras coisas semelhantes.
Há outros que superam os anteriores, são os que evitam o mal e praticam assiduamente o bem ao seu alcance, e, depois de haverem feito todo o possível, julgam ter feito pouco, em comparação com o que desejavam e anelam ansiosamente possuir as virtudes da alma e o sabor da devoção interior, o familiar conhecimento de Deus, a percepção do seu amor, julgando que não são nada e nada têm. Procuram atingir sempre uma perfeição maior, não se contentam apenas em evitar o mal e praticar o bem. Deste modo, a bondade humana tem hierarquia: ela vai daquela que consiste em simplesmente não fazer nada de mal até o grau de interessar-se pelos outros, exercendo um trabalho social de bondade coletiva.

Nenhum comentário:

Postar um comentário