terça-feira, 25 de novembro de 2008

Meio século de uma epopéia sertaneja

A palavra "retirante" foi definitivamente inserida no vocabulário nacional como consequência natural das constantes secas do Nordeste: eram assim chamados todos aqueles que fugiam para as grandes cidades em busca de melhores dias de vida.
Na longuínqua década de 40, o casal Batista e Raimunda resolveu empreender uma jornada difícil e arriscada: sair com a pequena família de 3 filhos, do interior do Rio Grande do Norte para a capital do Ceará. Com os recursos modernos de transporte até que a tarefa poderia parecer cômoda, aquirir até mesmo ares de aprazível turismo.
Não o era, porém, naqueles remotos tempos. A lombo de animal ou em veículos precários (ora em uns ora em outros), com pousadas demoradas em lugares inóspitos, carregando, além de seus pertences, dois dos três filhos (um havia ficado com os avós maternos), sendo que um dos que levavam era ainda criança de colo (com dois meses de nascido), a empresa era por demais heróica e sofredora. Mas a fortaleza de nosso sertanejo vence todas essas adversidades com altaneria. E essa fortaleza, como virtude, os levou à outra, a Fortaleza capital do Estado, que os recebeu com um futuro promissor.
E o futuro chegou. Decorridos mais de meio século daquela epopéia (exatos 65 anos!), poderíamos relatar aquela história com o sugestivo título de "Meio século de uma epopéia sertaneja". Pois esse casal foi um exemplo vivo da redenção sócio-econômica das populações retirantes: hoje estão com todos os filhos bem criados, alguns até mesmo com uma situação invejável. D. Raimunda, hoje viúva, herdou uma renda razoável com que vive e uma casa residencial confortável. Pode-se dizer que sua vida é regalada com todos os confortos que estão ao alcance de sua situação financeira, suficiente até para sustentar netos, uma empregada com uma filha e um genro doente.

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