terça-feira, 25 de novembro de 2008

A Bondade sertaneja (X)

Sofrendo as agruras da vida
“Subi a Deus na ventura e Ele descerá a vós na desgraça”. (Marquês de Maricá).

O Sr. Batista sempre foi um lutador, como se diz. Tentou várias vezes uma atividade comercial que lhe desse condições de criar a família, colocar os filhos para estudar, etc. Falido, reuniu os últimos recursos que tinha de sua primeira mercearia (situada na Av. 15 de Novembro, onde residia desde quando chegou a Fortaleza), aplicou num pequeno terreno e começou a construir uma casa no bairro chamado Bom Futuro. Vendeu parte do terreno vizinho a um sobrinho, mas sua situação ainda era precária. Vendeu tudo novamente, pegou o dinheiro comprou outro terreno em outro bairro, desta vez o Pan-Americano, e lá começou nova casa. Os dias iam se passando, ele ia construindo, fazendo uma parte e outra deixando para depois, até que o dinheiro se acabou por completo.
A situação se tornou caótica, sem dinheiro e sem ter a quem recorrer para resolver seus problemas, pagar o armazém onde comprava fiado, ter o trocado para pegar o ônibus, fazer pequenas compras de casa, etc. Como sempre, D. Raimunda muito compreensiva tentava lhe consolar e ajudar, mas exigia que ele fosse procurar um emprego ou algo com que viver, pois daquela forma não poderia continuar. Os filhos, alguns já adultos, pouco podiam fazer, pois os dois mais velhos estavam casados, tinham suas famílias, e os solteiros estavam desempregados. O restante ainda era formado por garotos e crianças.
Que fazer? O Sr. Batista rezou fervorosamente e pediu ajuda à Sua Mãe a Virgem Santíssima. De olhos cheios de lágrimas, sentido por deixar a família passar privações, saiu de casa certo dia com destino a conseguir alguma coisa. Qualquer coisa lhe servia. De repente, lembrou-se de um amigo. Foi até à casa dele pedir conselho ou ajuda.
Chegando à casa de seu amigo contou-lhe detalhadamente o drama que estava passando, sem emprego, sem comércio, sem dinheiro e com a família esperando dele algo para sobreviver. Emocionado, o amigo deu-lhe um abraço e disse-lhe, encorajando-o: “Mas o que é isto, rapaz? Que desânimo é este? Coragem! Levante a cabeça!”. Se queria ajuda o amigo estava ali para fazer tudo por ele. Mas o que poderia ele fazer? A resposta foi simples e encontrava-se na frente deles. O amigo do Sr. Batista comprava e revendia bolsas para senhoras e outros artigos populares. Na mesma hora ficou acertado que o Sr. Batista iria trabalhar para ele. Mas como, se ele não tinha dinheiro? Não havia necessidade, ele iria vender os produtos e ganharia um percentual sobre as vendas. Quando tivesse o seu próprio capital, faria suas compras e teria o seu estoque.
E assim, o Sr. Batista recomeçou a vida, até que um dia conseguiu, com a ajuda dos filhos, a sua aposentadoria e ficou com uma renda assegurada pelo resto de sua vida.

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