sábado, 27 de dezembro de 2008

A Bondade sertajena (XIII)

Um bom amigo e conselheiro
Por: Juraci Josino Cavalcante


Todos querem aconselhar; poucos nos dão bons exemplos. (Lemonnier).

Todos os seus filhos lembram com que rigor às vezes o Sr. Batista os castigava. A educação que ele dava, meio rústica, meio rude e inculta, era no entanto a melhor que existia. Era duro e severo quando se tratava de ensinar o respeito, a moral, a obediência; mas quando se tratava de aspectos secundários, de falhas pequenas, ele sempre relevava e mudava de procedimento. Não permitia que nenhum de seus filhos chamasse um mais velho, um adulto, um tio, um avô, ou mesmo os pais, de “você”, coisa muito comum nos dias de hoje. Todos tinham que chamar os mais velhos de “senhor” ou de “senhora”. E quando ele chamava um filho, este tinha que responder imediatamente “sim, senhor!” . O mesmo tinha que dizer um filho quando ele dava uma repreensão ou alguma recomendação: “sim, senhor!”. Se assim não respondesse era corrigido.
Em hipótese alguma o Sr. Batista permitia que seus filhos pronunciassem um palavrão ou alguma palavra imodesta. Toda nossa linguagem era aquela que ele usava em casa, de respeito, solene, meio pobre e simples, mas respeitosa com todos. Certo dia um filho se altercou com um coleguinha e o chamou por um nome que no sertão e entre as pessoas piedosas da época era tido como palavrão. Sim, se não era um palavrão era um xingamento, e ele não admitia xingamentos entre seus filhos. O filho foi imediatamente repreendido, mas pensando que não era seu pai e sim outro que falava (estava de costas), repetiu o nome: foi o suficiente para ser severamente castigado. Mas o Sr. Batista era muito bondoso quando castigava, em geral exigia que o filho prometesse não mais repetir aquela falha e logo o tratava com brandura.
Dar conselhos era o seu forte. Mesmo depois que os filhos cresceram, até aos já casados, ele costumava dar conselhos, escrever bilhetes ou cartas. Transparece nisto toda a sua preocupação em ver seus filhos felizes e conformes com a filosofia de vida que levava, que ele julgava ser a mais adequada para ser feliz. Seguir os Mandamentos da Lei de Deus, ser religioso, enfim, praticar a mesma bondade que ele exercia a tantos anos.

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