Desde
a ascensão ao trono de Paulo VI que se verifica uma enorme simpatia do grande
público pelo Papado, como observou bem o Dr. Plínio Corrêa de Oliveira em
artigo publicado naquela época:
“Não há no Brasil coração católico que
não se tenha alegrado com o enorme realce dado pela imprensa diária de todos os
matizes, não só à enfermidade e à morte do Santo Padre João XXIII, como à
eleição e coroação do novo Sucessor de São Pedro, o Papa Paulo VI. Sem exceção,
os jornais se interessaram por todos os pormenores desses grandes
acontecimentos, e os registraram com todo o destaque devido. E, assim como se
deu com os fatos, deu-se com os comentários. Todas as conseqüências do
falecimento do pranteado Pontífice João XXIII, e da eleição do insigne
Cardeal-Arcebispo de Milão, foram analisadas e esquadrinhadas pela imprensa do
modo mais meticuloso. Com uma meticulosidade que chegou por vezes até o exagero
e a franca fantasia. De sorte que sobre a matéria foi dito mais ou menos tudo
quanto havia que dizer... e até mais do que a objetividade poderia permitir.
A respeito dessa atitude da grande
imprensa, toda ela laica, um primeiro comentário cabe fazer. Se os grandes
arautos do laicismo, de há cem anos atrás, que profetizavam com alarde para o
século XX o desaparecimento da Igreja Católica, pudessem ver até que ponto o
mundo de hoje se interessa pela morte de um Papa e pela ascensão de outro, o
que diriam? O que diriam principalmente ao ver a imprensa leiga, o rádio e a
televisão – com que há cem anos nem sonhavam – igualmente aconfessionais,
dedicarem seus melhores horários e seus mais audaciosos recursos técnicos a
noticiar esses fatos!
Os jornais, o rádio, a televisão,
influenciam sem dúvida a opinião pública. Mas, de seu lado, também são
influenciados a fundo por ela. É na medida em que os assuntos interessam ao
público, que são noticiados. E se órgãos de difusão laicos tanto se estendem
sobre a substituição do 261º Sucessor de São Pedro pelo 262º, deve-se isto
fundamentalmente, não tanto à simpatia e ao interesse dos dirigentes,
colaboradores e redatores desses órgãos, quanto à veneração, à admiração, à
filial confiança do público para com a Cátedra Romana e seus imortais
ocupantes.
Essa atitude da opinião pública
significa a vitória do Papado sobre toda a imensa ofensiva propagandística que
contra ele se desencadeou no século XIX e em grande parte do século XX. Os que
lhe haviam profetizado a morte jazem nos cemitérios, à espera da Ressurreição e
do Juízo. A nau de São Pedro continua a sulcar gloriosamente os mares ora
pacíficos ora revoltos da História, e seus timoneiros – ontem João XXIII e hoje
Paulo VI – longe de representarem uma força espiritual decrépita e moribunda,
são reconhecidos como figuras-chave na determinação dos rumos da humanidade.
Radiosa e sobrenatural imortalidade do Papado, na qual desponta gloriosamente
para a História o pontificado de Paulo VI. Comprazemo-nos em a registrar aqui,
num preito de admiração e entusiasmo à invencível Cátedra de Pedro”
.(Plínio
Corrêa de Oliveira - “Catolicismo” Nº 151 - Julho de
1963, artigo “...E sobre ti está edificada a Igreja”)
A
par disso, a imagem dos sucessores de Paulo VI pode transmitir a idéia de
piedade, de compassividade, de benevolência, ocasionando uma grande carga de
simpatias, de empatias e até de encanto por grande parte de católicos e até não
católicos. A Igreja possui mais de um bilhão de fiéis, e estes fazem parte da
parcela mais viva da opinião mundial. Não existe outra religião com um Chefe
supremo (como o Papa) que tenha um prestígio tão grande, uma onda de simpatias
e de fascínio tão grandiosa e espalhada pelo mundo. Em primeiro lugar, as
outras religiões não possuem um chefe supremo, um Sumo Pontífice, todas elas
são divididas em pequenos chefetes que não produzem uma unidade de simpatias e
de fascínio para com toda a religião deles. Os protestantes possuem milhares de
pastores, os muçulmanos milhares de mulás e aiatolás, os budistas da mesma forma
são dirigidos por uma rede de “monges” sem ter um chefe supremo. É verdade que
a Igreja Ortodoxa tem o seu patriarca, o budismo tem o seu lama, ou uma outra
qualquer pode ter um representante, mas eles não espelham a unidade de suas
religiões. No caso da I. O., o patriarca é apenas um cargo de um ramo do
cristianismo, de uma certa parcela da população, e vive sendo desprestigiado
por causa das posições independentes de seus pequenos patriarcados locais. O
lama do budismo, embora procure insistentemente carregar sobre si uma carga de
fascínio ou de simpatias mundiais, tratando-se de uma figura ridícula e
medíocre, não tem conseguido o consenso das pessoas de forma que dê unidade à
sua religião, que, aliás, é também dividida por vários chefetes locais.
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