quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008


Meu casamento

Como nós nos conhecemos
Foi pelos reveses da sorte
Nesse tempo morávamos
No Rio Grande do Norte,
Onde não havia diversão
Nem mesmo algum esporte.

O nosso primeiro encontro
Foi uma coisa engraçada
Nesse tempo ela morava
Num lugar chamado Chapada,
Era no alto da Serra,
Bem próximo de uma quebrada.

Agora vou explicar
Como tudo aconteceu:
Eu fui à casa da moça
A convite dum primo meu,
Mas assim que chegou lá,
Coitado, se arrependeu.
O primo chegando à casa
Do pai de sua namorada,
Logo de início eu notei
Que havia uma coisa errada,
Pois ela ficou me olhando
Desde a nossa chegada.

Isto foi só o começo,
O resto veio à prestação...
Fiz-lhe algumas visitas
E foi chegando a paixão,
Que nasceu em pouco tempo
Dentro do nosso coração.

Depois veio o casamento,
Sem pompas nem mordomias.
Mas tudo aconteceu
Do jeito que a gente queria
E com as bênçãos de Deus
Tudo tornou-se alegria!

Em 1937 casei-me com uma moça de Portalegre [1], a minha terra berço. Morei um ano na Passagem Limpa, onde nasceu o meu primeiro filho; depois, a convite de meu sogro, voltei para a Serra de Portalegre. Fui trabalhar na agricultura, e, quando sobrava tempo, vendia legumes nas feiras e matava porcos e carneiros que vendia na vizinhança. Não fiz casa nem consegui alugar uma, morava pois em casa emprestada, a favores de amigos. Correu tudo bem até o ano de 1939. Mas quando entrou a era dos 40, começou a escassez de chuvas, perdíamos todo o trabalho da lavoura sem conseguir colher quase nada, e as dificuldades aumentando; permanecendo esta fase ruim até 1943.
[1] O casamento realizou-se no dia 16 de janeiro de 1937.

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