Princípio da bondade: as boas obras
Por: Juraci Josino Cavalcante
“Ao que tem fome dá teu pão, mas ao que sofre dá-lhe o coração” (provérbio chinês).
Seriam as boas obras o principal requisito de salvação? Parece que sim, pois Nosso Senhor no Juízo Final apenas indagará sobre elas: tive fome e me destes de comer, sede e me destes de beber, nu e vestiste-me, etc. Isto quereria dizer que as pessoas incapazes de praticar os mais elementares atos de bondade, como os acima citados, não se salvariam.
Na Igreja estas obras são denominadas “Obras corporais de misericórdia”: dar esmolas aos pobres, visitar os enfermos e encarcerados, dar pousada aos peregrinos, enterrar os mortos, dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede e remir os cativos. Quem passar toda a sua vida nesta terra e nada praticar disto poderá se perder, e quem o fizer se salvaria.
Outros entendem que ao afirmar “tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber”, etc, Nosso Senhor está se referindo também ao alimento espiritual e à sede da alma. Se ambas as assertivas são verdadeiras, a pessoa teria que praticar também as “Obras espirituais de misericórdia”: dar bons conselhos, ensinar os ignorantes, castigar os que erram, consolar os tristes, perdoar as injúrias, sofrer com paciência as fraquezas do próximo e rogar a Deus por vivos e defuntos. Então, quem pratica os mais elementares deveres para com o próximo deve crescer em perfeição e cuidar também de praticar as obras espirituais de misericórdia sob pena de estagnar na prática da bondade.
Os exemplos que Nosso Senhor conta em suas parábolas no Evangelho são, em geral, de atos de misericórdia corporais, como a do bom samaritano. Ele mostra, também, um exemplo vivo, o da viúva pobre, que excede os corporais. O gazofilácio era a sala onde se guardava o tesouro do templo, mantido por diversas taxas prescritas por Moisés e doações voluntárias. Nosso Senhor pôs-se a observar, sentado em frente ao gazofilácio, as pessoas colocarem o dinheiro lá dentro. Chamou-lhe a atenção uma viúva que lá depositou uma pequena moeda e disse: “Na verdade vos digo que esta pobre viúva deu mais que todos os outros que lançaram no gazofilácio, porque todos os outros deitaram do que lhe sobraram, ela porém deitou do seu necessário tudo o que tinha, todo o seu sustento” (Marcos 12, 42-44).
Quer dizer, a pobre viúva praticou um ato de bondade de natureza superior, espiritual e não corporal, pois fez um ato de renúncia de si mesma e de confiança na Providência divina ao depositar tudo o que tinha no gazofilácio. Maior ato foi praticado pelos Apóstolos e discípulos de Jesus que deixaram tudo para segui-Lo e cuja recompensa é grande: “Então disse Pedro: Eis que deixamos tudo e te seguimos. Ele disse-lhes: Em verdade vos digo que ninguém há que tenha abandonado a casa, a mulher, os irmãos, os pais ou os filhos por causa do reino de Deus, que não receba muito mais já neste mundo, e no século futuro a vida eterna” (Lc 18, 28-30)
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