quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ditados nordestinos

Nossos pais, como bons nordestinos, são especialistas em ditados. Tanto D. Raimunda quanto o Sr. Batista nunca deixaram passar um fato, uma oportunidade qualquer, sem que logo ligasse aquilo com uma expressão, um ditado, um adágio popular que aprenderam ao longo de suas existências. Remexendo papéis velhos, deixados por nosso saudoso pai, encontrei num caderno suas anotações dos ditados que havia decorado. Ei-los:
- Paga o justo pelo pecador;
- Quem guarda tostão junta milhão;
- Quem é bom já nasce feito;
- Seguro morreu de velho;
- Quem tem fé não morre pagão;
- Sofrer como couro de pisar tabaco;
- Beleza não põe mesa;
- O galo canta onde aí janta;
- Quem olha a casa do vizinho se esquece da sua;
- Água mole em pedra dura tanto bate até que fura;
- Quem cochicha o rabo espicha;
- Costume de casa vai à praça;
- Quem faz o mal para si é;
- Quem trabalha Deus ajuda;
- Quem não tem bons dentes não quebra nozes;
- Melhor só do que mal acompanhado;
- Quem se vexa come cru;
- Depois da tempestade vem a bonança;
- Quem muito escolhe no pior se apega;
- Antes tarde do que nunca;
- Quem quebra galho é macaco gordo;
- Quem economiza tem;
- Quem tem rabo de palha não brinca com fogo;
- Dois bicudos não se beijam;
- Quem fala a verdade merece ser perdoado;
- Quem corre cansa, quem anda sempre alcança;
- Quem não tem padrinho morre pagão;
- Quem se faz de mel as abelhas vêm e comem;
- Quem dá o que tem a pedir vem;
- Gato escaldado tem medo de água fria;
- A Esperança é a última que morre (ou a única que não morre...);
- Quem novo não morre de velho não escapa;
- Quem não pode com o pote não pega na rodilha;
- Não pede esmola porque não tem um saco;
- Quem ama perdoa;
- Quem não arrisca nem perde nem ganha;
- Quem muito quer muito perde;
- O que ri por último, ri melhor;
- Quem planta ventos colhe tempestades;
- Desta mata não sai coelho;
- Guarda o que não precisa para ter o que carece;
- Cada um só dá o que possui;
- Esmola grande até cego desconfia;
- Cochilou o cachimbo cai;
- A galinha do meu vizinho é mais gorda do que a minha;
- Quem dá aos pobres empresta a Deus;
- Quem tem pena de angu não engorda cachorro;
- Quem não tem cão caça com gato*;
- Devagar se vai ao longe;
- Mais vale quem Deus ajuda do que quem cedo madruga;
- Melhor amigo na praça do que dinheiro no bolso;
- Faz o bem sem olhar a quem;
- Em terra de cegos quem tem um olho é rei**;
- Melhor fanhoso do que sem nariz;
- Macaco velho não mete a mão em cumbuca;
- Em terra de sapos, de cócoras com eles;
- Entre espinhos nasce flores;
- Quem tem boca vai a Roma;
Observações:
* - O certo seria "Quem não tem cão caça como o gato", isto é, agachado, silencioso, com cautela e espertamente a fim de não perder a presa; pois não há a mínima possibilidade de se caçar com o gato, mas sim como ele.
** - Esta expressão não é nordestina e teria sido cunhada por Erasmo de Roterdã criticando Camões, cuja fama poética ainda não havia corrido o mundo. Luís de Camões era cego de um olho, e com esta crítica o orgulhoso Erasmo menospreza toda a nação portuguesa, considerada por ele um reino só de cegos.

4 comentários:

  1. o que significa:o problema do nordeste nao e a seca, mas sim a cerca.

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  2. Respondendo ao amigo acima:
    Dizer que o problema do nordeste é a cerca e não a seca não condiz com a realidade nordestina, pois as cercas demarcam os limites das propriedades mas não constituem problema nenhum para o convívio social. Quanto às secas, um fenômeno natural que violenta este convívio, sempre se constituiu no maior e grande problema para o nordeste.

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  3. meu amigo o problema do Nordeste não é propriamente a cerca e nem a seca, e sim a corrupção (politicos Ladrão), desvio de dinheiro publico. Assim a região fica a Deus dará.

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    1. Infelizmente o problema da corrupção política não é só do Nordeste, nem tampouco só do Brasil, pois hoje em dia isso impera no mundo todo. O que muita gente não percebe é que às vezes a corrupção está debaixo de seu nariz - às vezes quem fala dela participa também dela. Esta corrupção só faz agravar o problema das secas, mas se fosse ausente não resolveria tão grave questão. Portanto, é leviandade dizer que nosso problema é somente a corrupção.

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